segunda-feira, 22 de julho de 2019

FLÁVIO DINO: “NÃO TENHO MEDO DE DITADOR, DE SUBDITADOR OU DE PROJETO DE DITADOR”

Governador do Maranhão deu entrevista sobre as ofensas de Bolsonaro
PUBLICADO NO IMPARCIAL - POR GIOVANA KURY
“Não é a opinião isolada do presidente da República, movido por ódio e preconceito, que vai afetar 
minha atuação. (…) Não tenho medo de ditador, de subditador, de projeto de ditador”, conta o 
governador Flávio Dino sobre a fala do presidente da República, Jair Bolsonaro, direcionada a ele e 
ao Nordeste. Em entrevista exclusiva a O Imparcial, o governador maranhense criticou a quebra de 
decoro de Bolsonaro e disse que a atuação do governo é pautada por “sentimento de sectarismo”, 
“perseguição política” e “preconceito regional”.
Na sexta-feira (19), durante café da manhã com jornalistas, Bolsonaro disparou: “daqueles 
governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara”. A fala era 
direcionada ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, mas acabou tomando proporções maiores 
por ter sido dita ao microfone ligado. Após grande repercussão, o presidente afirmou, no sábado 
(20), ter sido “mal interpretado”: “a crítica que eu fiz foi aos governadores, nada mais”.
“Seria mais digno ter se desculpado, mas o ódio impede um gesto de respeito e grandeza”, rebateu 
Flávio Dino em sua conta do Twitter, logo depois de o presidente ter se defendido. Ao O Imparcial, o 
governador maranhense disse ter interpretado o ataque como um comportamento de praxe do atual 
Governo Federal: “nós infelizmente confirmamos que o presidente da República é movido por um 
sentimento de sectarismo, de divisão do país, de extremismos e de busca de conflito e de confronto 
permanente como instrumento de exercício do governo”.
Bolsonaro se referiu ao senhor como “o pior” dentre os governadores “de Paraíba”. O que o 
senhor acha disso?
Flávio Dino – Em primeiro lugar, é muito lamentável que o presidente da República se dirija a uma 
parte do país de modo depreciativo, utilizando uma expressão marcadamente preconceituosa e que 
embute essa visão de superioridade de alguns sobre outros. Então, nossa primeira atitude é de defesa 
do nosso estado, da nossa região e, portanto, de repúdio, protesto e indignação a esse tipo de 
tratamento, que pode ensejar inclusive medidas de ordem judicial. Em segundo lugar, nós 
infelizmente confirmamos que o presidente da República é movido por um sentimento de sectarismo, 
de divisão do país, de extremismos e de busca de conflito e de confronto permanente como 
instrumento de exercício do Governo, que constitui uma anomalia – algo indesejável, pois atrapalha 
o desenvolvimento do país. Em terceiro lugar, do ponto de vista pessoal, fica uma indignação por 
uma agressão injusta, desrespeitosa em relação ao trabalho sério que é feito no nosso estado. 
Somente na sexta-feira, inauguramos três obras – mostrando que, apesar da crise e dos 
constrangimentos fiscais que o Brasil atravessa, nós conseguimos ter resultados. O que ele considera 
pior deriva de preconceitos ideológicos e políticos, levando a uma orientação administrativa 
inconstitucional e ilegal, que é aquela segundo a qual ele dirige ao ministro chefe da Casa Civil e 
determina uma perseguição. Então, nós, os governadores do Nordeste estamos, a essa altura, 
esperando esclarecimentos sobre isso, porque é extremamente grave.(…)
Como o senhor vê ser considerado o pior governador no ponto de vista do Bolsonaro?
Olha, realmente, eu dormi bem a noite toda. Não embalou meu sono, pois não é uma opinião que 
altere a minha vida. Eu me preocupo muito com a opinião das pessoas, pois sou político e cidadão 
aberto a opiniões e sugestões, mas sobretudo à opinião do povo maranhense, que me elegeu e 
reelegeu. Então, não é a opinião isolada do presidente da República, movido por ódio e preconceito, 
que vai afetar minha atuação. Acredito nos valores democráticos e republicanos e não afasto um 
milímetro da minha atuação. Não tenho medo de cara feia, de grito, não tenho medo de nada disso. 
Não tenho medo de ditador, de subditador, de projeto de ditador. Então, vou manter a minha atitude 
sempre respeitosa, sempre no plano político e ideológico, como faço, nunca no plano pessoal, e 
pronto a colaborar com o Governo Federal naquilo que interessar ao meu estado. É meu dever 
defender o estado para que o Governo Federal respeite o Maranhão e respeite o Nordeste.(…)
A declaração de Bolsonaro acabou servindo para o seu nome crescer ainda mais entre a oposição. 
Isso poderia contribuir para uma possível candidatura à presidência em 2022?
Eu tenho os pés sempre muito firmes no chão. [A candidatura à presidência] não é algo que eu 
planeje, porque está muito longe. É irreal. Hoje, a minha prioridade é fazer com que o Maranhão 
sobreviva às crises brasileiras. Mas claro que estou muito grato por tantas manifestações de 
solidariedade. Isso é positivo no sentido de mostrar que há respeito pela administração que eu tenho. 
Quando me refiro à eleição presidencial, sempre destaco que, para que a esquerda possa ter 
competitividade efetiva em 2022, precisaremos de muita união. Não serei eu a colocar um pleito 
individual, porque isso causaria mais divergências. O que destaco é esse espírito de unidade, de 
solidariedade ampla que recebi, que muito me tranquilizou. Vi que não era uma batalha em que 
estivesse solitário. É uma batalha em que estou muito bem acompanhado e, sobretudo, pela maioria 
da população do Maranhão.

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