sexta-feira, 19 de julho de 2019

AS OUTRAS FACETA DO FRANGOTE FAMÍLIA DE DALLAGNOL POSSUI LATIFÚNDIOS NO MATO GROSSO

OUma faceta surpreendente do chefe da força-tarefa da Lava Jato 
Na revista CartaCapital dessa semana, uma faceta do procurador Deltan Dallagnol que estava 
inédita: as terras de sua família. 
Eles possuem latifúndios no Mato Grosso e ganharam 36,9 milhões de reais do Incra.
A matéria é assinada por Leonardo Fuhrmann e Alceu Luís Castilho, do site De Olho Nos Ruralistas:
A história oficial do procurador Deltan Dallagnol destaca a participação dele e de seu pai, Agenor, na 
Igreja Batista. Procurador de Justiça aposentado do Paraná, Dallagnol pai é também o fio da meada 
de outro enredo da família: a participação em conflitos de terra, desmatamento, loteamentos ilegais e 
o pagamento de indenizações milionárias por desapropriações pelo Incra em dezembro de 2016, 
durante o governo de Michel Temer.
No início dos anos 80 do século passado, Sabino Dallagnol, avô de Deltan, e os filhos adquiriram 
terras no município de Nova Bandeirantes, noroeste de Mato Grosso. Como muitos gaúchos e 
paranaenses, aproveitaram o apoio da ditadura para comprar a preços módicos grandes extensões de 
terras na Amazônia Legal.
Agenor e Vilse Salete Martinazzo Dallagnol, mãe do procurador, adquiriram terras, mas continuaram 
no Paraná. Outros irmãos de Agenor, como Xavier Leonidas e Leonar, conhecido pelos moradores de 
Nova Bandeirantes como Tenente, mudaram para o município, a 980 quilômetros de Cuiabá e a 2,5 
mil quilômetros de Pato Branco, onde, em 1980, nasceu Deltan. Sabino tornou-se nome de rua na 
cidade – endereço de uma corretora de imóveis da família.
Formado em Direito, assim como o irmão Agenor e depois o sobrinho Deltan, Xavier tornou-se o 
advogado dos negócios da família em Mato Grosso. Ele tem um escritório em Cuiabá, do qual é 
sócia a filha, Ninagin Prestes, também advogada. E irmã de Belchior Prestes. Os filhos igualmente se 
tornaram donos de terras na região. E, da mesma forma, protagonizam a disputa a envolver o Incra. 
A gleba Japuranã, em Nova Bandeirantes, é uma das regiões onde os Dallagnol têm terras. A família 
e outros proprietários ofereceram uma parte da área ao Incra, para receber sem-terra em regime de 
comodato, em meados dos anos 1990. Desde então, o clã e outros proprietários brigam na Justiça por 
indenização.
A pendenga também emperra a situação de quem vive nos 67 mil hectares da gleba. Atualmente, 425 
famílias ainda lutam pela regularização de seus terrenos, cerca de metade dos moradores do local. 
Em dezembro de 2016, no primeiro ano do governo Temer, Ninagin Dallagnol – a prima, filha de 
Xavier – recebeu 17 milhões de reais como indenização pela desapropriação de suas terras. A 
indenização para Belchior, o irmão, foi de 9,5 milhões. A mãe dos filhos de Xavier, Maria das 
Graças Prestes, recebeu um valor mais modesto, 1,6 milhão. O próprio pai de Deltan, Agenor, foi 
indenizado na mesma liberação. Recebeu 8,8 milhões. No total, foram 36,9 milhões pagos à família.
Não é só na disputa com o Incra que os Dallagnol mostram a sua face de especuladores de terras. 
Xavier e o irmão Leonar, o Tenente, foram alvo de um inquérito em Nova Monte Verde, município 
próximo de Nova Bandeirantes, por loteamento ilegal de terras. Os dois foram beneficiados pela 
prescrição. Tenente chegou a receber o título de cidadão honorário de Nova Bandeirantes, oferecido 
pela Câmara Municipal diante de sua “bravura” e da condição de “ilustre colonizador” e “grande 
desbravador”. Tenente já foi acusado de invadir terras de outros proprietários no município, ao lado 
de personagens como Laerte de Tal, Pedro Doido e Nego Polaco.
Os dois irmãos, Xavier e Tenente, foram flagrados por desmatamento irregular. Tenente assinou um 
termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público Estadual de Mato Grosso por degradação 
do meio ambiente em 2010. Xavier e a mulher, Maria das Graças, foram autuados pelo Ibama por 
desmatamento ilegal, ambos em 2017.
Como advogados, Xavier e a filha Ninagin atuam na defesa de grandes proprietários rurais 
envolvidos em grilagem, desmatamento e até trabalho escravo. “De Olho nos Ruralistas” contará 
essas e outras histórias nos próximos dias, em uma série sobre a família – em suas conexões com os 
temas agrários. As reportagens serão divulgadas, em primeira mão, no site de CartaCapital.
Deltan Dallagnol não quis se manifestar sobre o assunto, segundo a assessoria de imprensa do 
Ministério Público Federal no Paraná. Xavier Dallagnol, principal pivô das disputas em Mato 
Grosso, foi procurado em seu escritório, mas não atendeu aos pedidos de esclarecimento até o 
fechamento desta edição.

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