segunda-feira, 22 de abril de 2019

No governo Bolsonaro, a luta de facções substitui a disputa política


POR FERNANDO BRITO 
Desde que a era “lavajatista” destruiu os mecanismos institucionais da política – os partidos – e que 
se colocou os movimentos sociais e os sindicatos sob o rótulo de apêndices do petismo, ficou muito 
difícil analisar a política brasileira.
Agora, por exemplo, estamos olhando muito e compreendendo pouco de um curioso embate 
“militares versusolavetes”, sobre o qual só podemos ver os tiros disparados, mas não os fundamentos 
de suas posições políticas, exceto a graduação alta ou super-alta de entreguismo do país.
Os pregadores “antiideológicos” de ambos fazem, todo o tempo, a pregação de sua ideologia.
Os militares, menos barulhentos, arvoram-se em defensores da liberdade e o general Santos Cruz, 
guindado do anonimato para a Secretaria de Governo da Presidência da República mete-se no 
Judiciário e defende o arquivamento, “em nome das liberdades”, do inquérito do STF sobre as ‘fake 
news” e agressões que a extrema direita despeja sobre ele. Segue, afinal, o caminho confessado do 
General – agora assessor do Planalto – Eduardo Villas-Boas, que deu seu pitaco impositivo no 
julgamento da prisão em segunda instância.
Já a turma que não é neonazista porque diz que o nazismo era de esquerda, vocifera contra os 
militares por terem sido “cúmplices” da esquerda. “Os militares posaram de eliminadores do 
esquerdismo e depois passaram vinte anos ajudando-o a tornar-se a única força política habilitada a 
tomar o poder”, diz o guru Olavo de Carvalho.
A novidade, entretanto, é que Jair Bolsonaro fez, sempre pelo patético modo de “tuitar” nas redes 
sociais, seu segundo movimento de apoio ao grupo extremista civil, primeiro dando um apoio 
genérico aos ataques ao vice, Hamilton Mourão, e agora postando um vídeo, já tirado do ar, onde o 
guru Carvalho espezinha os militares, dizendo que “a última contribuição das escolas militares foram 
as obras de Euclides da Cunha. Desde então, foi só cabelo pintado e voz empostada”.
E que “os milicos” só fizeram “cagada” e entregaram “o país aos comunistas”.
Como disse ao início, é difícil analisar o que se passa dentro de facções, onde os mecanismos de 
controle funcional em segredo e apenas de acordo com a vontade dos “chefes”. Mas se valem as 
impressões, acho que o olavismo tem levado vantagem e serviu-se das portas que a alta oficialidade 
abriu a Bolsonaro, pela sua ambição de poder, para entrar nos quartéis.
Afinal, foram eles quem colocaram um capitão como general dos generais.
É bom a oposição ficar longe disso. Os que buliram com as vivandeiras que se bivaquem com elas.

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