Moro sabe que sou inocente e Dallagnol sabe que é um mentiroso!
De Mônica Bergamo, Marlene Bergamo e Victor
O ex-presidente Lula afirmou nesta sexta (26), em entrevista exclusiva concedida à Folha e ao jornal
El País, que o Brasil está sendo governado por "um bando de maluco".
Depois de uma batalha judicial em que a entrevista chegou a ser censurada pelo STF (Supremo
Depois de uma batalha judicial em que a entrevista chegou a ser censurada pelo STF (Supremo
Tribunal Federal), decisão revista na semana passada pelo presidente da corte, Dias Toffoli, o petista
enfim recebeu os dois veículos, em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em
Curitiba, onde está preso.
Os agentes explicaram aos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas presentes que ele seria colocado em
Os agentes explicaram aos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas presentes que ele seria colocado em
uma mesa a uma distância de 4 metros de todos. Ninguém poderia se aproximar.
Segundo a PF, eles estavam cumprindo um protocolo de segurança comum a todos os presos. Em
Segundo a PF, eles estavam cumprindo um protocolo de segurança comum a todos os presos. Em
duas horas e dez minutos de conversa, o ex-presidente falou da vida na prisão, da morte do neto, do
governo de Jair Bolsonaro, das acusações de corrupção que sofre e da possibilidade de nunca mais
sair da prisão.
"Não tem problema", afirmou ele quando questionado sobre a possibilidade. "Eu tenho certeza de
"Não tem problema", afirmou ele quando questionado sobre a possibilidade. "Eu tenho certeza de
que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que o Dallagnol não
dorme, que o [ministro da Justiça e ex-juiz Sergio] Moro não dorme."
Reservou ao ex-magistrado, o primeiro que o condenou pelo caso do triplex do Guarujá, algumas de
suas principais ironias.
"Sempre riram de mim porque eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha",
"Sempre riram de mim porque eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha",
afirmou. Lula disse também acreditar que "Moro não sobrevive na política".
Já sobre o presidente Jair Bolsonaro, não foi tão taxativo. Apesar de várias críticas, afirmou que "ou
Já sobre o presidente Jair Bolsonaro, não foi tão taxativo. Apesar de várias críticas, afirmou que "ou
ele constrói um partido sólido, ou não perdura".
Lula disse que a elite brasileira deveria fazer uma autocrítica depois da eleição de Bolsonaro.
Lula disse que a elite brasileira deveria fazer uma autocrítica depois da eleição de Bolsonaro.
"Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse
bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso".
E comparou o tratamento que a imprensa dá a ele com o que reserva ao atual presidente da República.
Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?", questionou, referindo-se
Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?", questionou, referindo-se
ao fato de o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, ter empregado familiares de um miliciano
foragido da Justiça em seu gabinete quando era deputado estadual pelo Rio.
O ex-presidente chorou quando falou da morte do neto Artur, de 7 anos, vítima de uma bactéria, há
um mês: "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Eu já vivi 73 anos,
poderia morrer e deixar o meu neto viver".
Lula disse ainda que, se sair da prisão, quer "conversar com os militares" para entender "por que esse
Lula disse ainda que, se sair da prisão, quer "conversar com os militares" para entender "por que esse
ódio ao PT", já que seu governo teria recuperado o orçamento das Forças Armadas.
Disse que acompanha a briga de Bolsonaro com o vice-presidente, Hamilton Mourão. Mas afirmou
Disse que acompanha a briga de Bolsonaro com o vice-presidente, Hamilton Mourão. Mas afirmou
que era "grato" ao general "pelo que ele fez na morte do meu neto [defender que ele fosse ao
velório], ao contrário do filho do Bolsonaro [Eduardo]", que afirmou no Twitter que Lula queria se
vitimar com a morte do menino.
Afirmou que o país tem hoje "o mais baixo nível de política externa que já vi na vida". E disse, em
tom de brincadeira, que o ex-chanceler de seu governo, Celso Amorim, tem uma dívida por ter
deixado o atual chanceler, Ernesto Araújo, seguir carreira no Itamaraty.
Questionado sobre Fernando Henrique Cardoso, disse que o ex-presidente poderia "ter um papel de
Questionado sobre Fernando Henrique Cardoso, disse que o ex-presidente poderia "ter um papel de
grandeza e mais respeitoso com ele mesmo, não comigo.
O ex-presidente falou ainda da necessidade de diálogo entre partidos de esquerda. E comentou o fato
O ex-presidente falou ainda da necessidade de diálogo entre partidos de esquerda. E comentou o fato
de o senador Cid Gomes (PSB-CE), irmão de Ciro Gomes, que afirmou em um encontro do PT:
"Lula está preso, babaca!".
O petista disse que não ficou chateado pois está mesmo preso. "Isso é uma verdade. Só não precisava
chamar os outros de babaca", disse, rindo.
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