Tereza Cristina, ministra da Agricultura, utilizou o termo “remédio das plantas” para se
referir aos agrotóxicos. Tereza Cristina não apresentou estudos para embasar afirmação feita
durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Chamada para explicar aumento de
aprovação de agrotóxicos, Ministra defendeu a política e culpou agricultores pela má aplicação.
Um dia depois de defesa no Congresso, foram aprovados mais 31 agrotóxicos; registros foram
publicado no DOU de hoje
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esteve na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (9/4)
para esclarecer os critérios utilizados para a liberação do uso de agrotóxicos no Brasil. Em menos de
100 dias de governo foram publicados no Diário Oficial da União o deferimento do registro de 152
agrotóxicos — média de mais de 1,5 aprovação por dia. A chefe da pasta da Agricultura participou
de audiência pública conjunta realizada pelas comissões de Meio Ambiente, de Defesa do
Consumidor, de Seguridade Social e de Agricultura. O encontro foi requerido pelos deputados
federais Camilo Capibere (PSB/AP), Célio Moura (PT/TO), Alexandre Padilha (PT/SP) e outros.
Um dia depois da defesa da ministra na Câmara dos Deputados o Governo aprovou a
comercialização de mais 31 produtos agrotóxicos. A publicação do deferimento dos registros ocorreu
na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. 16 produtos da lista foram classificados pela
Anvisa como Extremamente Tóxico, a classificação toxicológica mais alta.
Depois das críticas e do clima de hostilidade nas participações do ministro da Economia, Paulo
Guedes a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e do ex-ministro de Educação Ricardo Vélez a
Comissão de Educação, Tereza Cristina chegou ao Congresso Nacional demonstrando suas boas
relações com a casa onde cumpriu seu mandato por quatro anos. Demonstrou conhecimento do
assunto e usou argumentos repetidos pela bancada ruralista. Mas também acabou dando
escorregadas.
Durante cinco horas e meia respondeu críticas de opositores do governo e recebeu afagos de
apoiadores. Membros da Frente Parlamentar da Agropecuária marcaram presença em peso na
audiência pública — aplaudindo e elogiando todas as respostas afiadas da ministra.
As opiniões polêmicas da ministra geraram burburinhos no auditório. A primeira reação ocorreu logo
nos primeiros 25 minutos de audiência, quando no meio da apresentação das principais ações do
Ministério da Agricultura nos 100 primeiros dias de governo a ministra utilizou o termo “remédio
das plantas” para se referir aos agrotóxicos.
Agência CâmaraTereza Cristina, ministra da Agricultura, utilizou o termo “remédio das plantas” para se referir aos
agrotóxicos
O tom de defesa dos pesticidas – e ataques a estudos científicos, que foram chamados de
O tom de defesa dos pesticidas – e ataques a estudos científicos, que foram chamados de
“desinformação” – seguiu durante toda a audiência. A ministra declarou diversas vezes que a maioria
dos casos de intoxicação ocorre devido ao manejo errado dos pesticidas, argumento usado pela
Frente Parlamentar da Agropecuária da qual ela já foi presidente. Foi muito aplaudida pelos
membros da Frente, que eram maioria no plenário.
Segundo dados apresentados pelo Ministério da Agricultura, 60% dos agrotóxicos aplicados no país
são herbicidas, utilizados para matar pragas antes do plantio, sem contato com o produto final. “É
preciso focar no processo do controle do uso desses produtos na aplicação”, garantiu a ministra.
“Os pequenos produtores não têm essa capacitação feita para que eles tenham o cuidado e apliquem
com roupas apropriadas, equipamentos apropriados, façam lavagem do equipamento e não fumem.
Às vezes o sujeito fuma aplicando, e no cigarro ele acaba ingerindo o produto químico que ele está
utilizando na aplicação do solo”.
A reportagem procurou na internet casos de intoxicação por agrotóxico devido ao contato do veneno
com cigarro, mas não encontrou resultados.
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