sábado, 16 de fevereiro de 2019

ESTREIA DO FILME MARIGHELLA VIRA ATO CONTRA O FASCISMO E BOLSONARO


Estréia de filme “Marighella” em Berlim vira ato contra Bolsonaro e a direita. Marighella, 
filme brasileiro dirigido por Wagner Moura que tem o músico e ator Seu Jorge interpretando o 
protagonista, o ex-deputado, poeta e guerrilheiro de esquerda Carlos Marighella (1911-1969), 
estreou sob aplausos em sessão dedicada à imprensa nesta quinta-feira (14), no Festival de 
Berlim

 “Vamos enfrentar muita merda quando voltarmos ao Brasil”, disse Wagner Moura, três horas antes de 
exibir seu primeiro filme como diretor, “Marighella”, no Festival de Berlim.Ele se referia à repercussão que o 
longa vai gerar ao estrear no país. A história acompanha os últimos anos de vida do guerrilheiro de esquerda que 
pegou em armas contra a ditadura militar. A obra ainda não tem data de lançamento nos cinemas brasileiros. Em 
conversa com os jornalistas na capital alemã, a produtora Andrea Barata Ribeiro afirmou ter ouvido de responsáveis 
pela distribuição do título, que “o momento não é adequado”. “Mas a gente acha que é totalmente adequado. E se 
necessário, faremos um lançamento independente”, disse.
El País
O ator Wagner Moura dirigiu a cinebiografia de Carlos Marighella que fez sua estréia nesta semana 
no festival de Berlim. Mouro posou com a equipe carregando a placa em homenagem a Marielle 
Franco.
Além disso, o ex-deputado Jean Wyllyes (PSOL), que abandonou o país e o mandato por causa de 
ameaças, esteve em Berlim para assistir ao filme.
Carlos Marighella foi um político e escritor, integrou Partido Comunista Brasileiro e depois do golpe 
de Estado de abril de 1964, decidiu passar para a luta armada. Foi considerado o inimigo número 1 
da ditadura até seu assassinato em 1969.
Em entrevista coletiva no festival, Wagner Moura disse que foi a experiência artística mais 
importante da sua vida.
“Espero que meu filme seja maior que o atual Governo de Bolsonaro, e é a primeira resposta da 
cultura a esta situação. Marighella fala de alguém que resistiu naquela época e se dirige a quem 
resiste agora: a comunidade LGBTI, os negros, os moradores das favelas…”.
Ele comparou o assassinato de Marighella ao de Marielle Franco. “Marighella, líder social negro, foi 
assassinado em 1969 dentro de um carro por disparos da polícia.”
“Meio século depois, uma ativista social negra (MArielle) foi assassinada no Rio dentro de um carro 
por membros das forças de segurança. A situação de torturas e assassinatos é a mesma.”
“É o Estado que não mudou, e ele escolhe seus inimigos. Os paralelismos são muito claros para mim. 
Não é um documentário, os personagens são amálgamas de gente real, mas as situações e os 
sentimentos são reais”.
O filme entre na disputa de narrativas que se instalou no país. O presidente e seus aliados civis e 
militares querem desfazer a imagem da ditadura militar como algo maléfico. Eles querem reescrever 
a história. O filme vem para ajudar a contar o lado dos oprimidos.
'AS HISTÓRIAS DE RESISTÊNCIA NO BRASIL SEMPRE 
ME FASCINARAM', DIZ WAGNER MOURA
Da Rede Brasil Atual Em entrevista à imprensa em Berlim, o diretor do filme Marighella, Wagner
Moura, comparou a resistência ao golpe de 1964 à atual conjuntura do país, governado por Jair 
Bolsonaro. “Nós podemos ver as diferenças entre o que aconteceu em 64, e a resistência daquela 
época... E não é diferente da resistência ao que temos no Brasil agora.” O ator-diretor citou as 
comunidades LGBT, as favelas e os negros, além de pessoas que provavelmente terão problemas 
com o governo atual como representantes dessa resistência.
“As histórias de resistência no Brasil sempre me fascinaram. A Revolta dos Malês na Bahia, onde eu 
nasci, os protestos contra a ditadura... Especialmente isso, porque eu nasci em 1976. Mas a minha 
geração era muito diferente da que lutou”, disse.
Segundo Wagner Moura, seu filme – cujo projeto foi iniciado em 2013 e desenvolvido durante o 
governo Temer – não é uma resposta a um governo específico, mas obviamente é “contrário ao grupo 
que está no poder (no Brasil)”, afirmou. “Não quero que o filme seja uma resposta a Bolsonaro. Mas 
certamente é um dos primeiros produtos culturais abertamente contrários ao que ele representa.”
Polidamente, o diretor criticou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias 
Toffoli, que afirmou não ter havido golpe no Brasil em 1964, mas "um movimento". "A primeira 
coisa é a mudança semântica, dizer que 'não foi tão ruim'. Os governos fascistas começam na 
semântica. Este filme existe para dizer que a ditadura foi horrível", disse.
Ele prevê que seu filme provocará polêmica no Brasil. “Imagino que será criticado pela direita, mas 
também pela esquerda”, disse. “Estou preparado para tudo, inclusive para que vaiem e joguem lixo 
na tela.”
Nascido em 1976, ele explicou que sua geração “era alienada” tanto em relação à geração de 64 
quanto à atual. “Esses meninos que agora vão às ruas se parecem muito mais com a geração de 1964 
do que a minha.”
Perguntado sobre a mensagem de Marighella, Moura afirmou que ele simboliza “a resistência”, e sua 
importância é mostrar que os “cidadãos têm o direito e a obrigação de resistir às ditaduras, aos 
Estados violentos e aos que não respeitam os cidadãos”.
Em sua estreia mundial, ontem, em Berlim, o filme de Wagner Moura foi aplaudido pela plateia, 
formada por jornalistas brasileiros e internacionais. Embora não concorra ao Urso de Ouro, o 
principal prêmio do festival (um dos mais importantes do circuito de cinema mundial), o filme foi 
exibido na programação principal.
Marighella não tem previsão de estreia no Brasil. Sua produção que resultou em uma película 155 
minutos custou R$ 10 milhões.
O cantor Seu Jorge faz o papel do guerrilheiro Carlos Marighella, morto pela ditadura em 4 de 
novembro de 1969, depois de ser emboscado na Alameda Casa Branca, em São Paulo.
O filme é baseado no livro Marighella – O homem que incendiou o mundo (Companhia das Letras, 
2012), do jornalista Mário Magalhães. O elenco é também composto de Adriana Esteves, Bruno 
Gagliasso, Herson Capri e Humberto Carrão, entre outros.
Marighella nasceu em 1911, em Salvador. Participou da militância comunista e foi eleito deputado 
federal constituinte em 1946. Rompeu com o PCB e criou a Ação Libertadora Nacional (ALN).
VÍDEO: o encontro de Wagner Moura e Jean 
Wyllys no Festival de Berlim


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