"Não estamos num zoológico, estamos nas nossas terras"
por Marcos Apurinã, Bonifácio José e André Baniwa
Já fomos dizimados, tutelados e vítimas de política integracionista de governos e Estado
Nacional Brasileiro, por isso, vimos em público afirmar que não aceitamos mais política de
integração, política de tutela e não queremos ser dizimados por meios de novas ações de
governo e do Estado Nacional Brasileiro. Esse país chamado Brasil nos deve valor
impagável senhor presidente, por tudo aquilo que já foi feito contra e com os nossos povos.
As terras indígenas têm um papel muito importante para manutenção da riqueza da
biodiversidade, purificação do ar, do equilíbrio ambiental e da própria sobrevivência da
população brasileira e do mundo.
Não é verdade que os povos indígenas possuem 15% de terras do território nacional. Na
verdade são 13%, sendo que a maior parte (90%) fica na Amazônia Legal. Esse percentual
é o que restou como direito sobre a terra que antes era 100% indígena antes do ano de
1500 e que nos foi retirado. Não somos nós que temos grande parte do território Brasileiro,
mas os grandes latifundiários, ruralistas, agronegócios, etc que possuem mais de 60% do
território nacional Brasileiro.
O argumento de “vazio demográfico” nas terras indígenas é velho e falso. Serve apenas
para justificar medidas administrativas e legislativas que são prejudiciais aos povos
indígenas. As nossas terras nunca são vazios demográficos. Foram os indígenas que
ajudaram a proteger as fronteiras brasileiras na Amazônia.
Diferente do que o senhor diz de forma preconceituosa, também não somos manipulados
pelas ONGs. As políticas públicas, a ação de governos e do Estado Brasileiro é que são
ineficientes, insuficientes e fora da realidade dos povos indígenas e nossas comunidades.
Quem não é indígena não pode sugerir ou ditar regras de como devemos nos comportar ou
agir em nosso território e em nosso país. Temos capacidade e autonomia para falar por nós
mesmos. Nós temos plena capacidade civil para pensar, discutir os rumos dos povos
indígenas segundo nossos direitos, que são garantidos nos artigos 231 e 232 da
Constituição Federal, na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
na declaração da ONU sobre os povos indígenas. Nós temos condições de elaborar projetos
e iniciativas. Muitos já estão elaborados. É o caso dos planos de gestão de terras indígenas
aplicados no estado do Amazonas.
Senhor presidente, cumpra com suas falas e discursos de campanha de fazer valer a
democracia, pois somos brasileiros que merecemos respeito sobre nossos direitos. Não
aceitamos a ação ditatorial, pois contradiz com o discurso do senhor Ministro da Casa Civil
Onyx Lorenzoni que defende o diálogo. Afirmamos que estamos organizados com
lideranças e povos capazes de diálogo com o presidente, Estado brasileiro e governo, pois
já aprendemos falar na Língua Portuguesa, além de nossas línguas nativas de cada povo e
línguas de outras nacionalidades.
As mudanças feitas na reestruturação e na reorganização administrativa do governo federal
através de MP n° 870 do dia 1 de janeiro de 2019 são uma completa desordem e um
ataque contra a política indigenista Brasileiro. Além de prejudicial, pretende inviabilizar os
direitos indígenas que são constitucionais. O mesmo sobre novo decreto, que tira a
competência da Funai de licenciamento que impactam nossos territórios. Essa prática já
aconteceu no passado na história Brasileira como uma tentativa agressiva de nos dizimar.
Foi um período muito difícil e ineficiente do Estado. Não aceitamos e não concordamos com
suas medidas de reforma administrativa para gestão da política indigenista.
Não somos culpados de ter muitas mudanças em nossas vidas e em nossas culturas. Isso é
fruto de um processo de colonização violento, que matou muitos povos e extinguiu línguas
nativas. Queremos continuar sendo indígenas, com direito a nossa identidade étnica, assim
como somos brasileiros. O brasileiro quando sai para outros países e outros continentes
continuam sendo brasileiros. Nós, da mesma forma, e ainda mais quando estamos dentro
do Brasil que aprendemos a defender como nossa nacionalidade.
Nosso modo de vida é diferente. Não somos contra quem opta por um modelo econômico
ocidental, capitalista. Mas temos nossa forma própria de viver e se organizar nas nossas
terras e temos nossa forma de sustentabilidade. Por isso, não aceitamos desenvolvimento e
nem um modelo econômico feito de qualquer jeito e excludente, que apenas impacta
nossos territórios. Nossa forma de sustentabilidade é para nos manter e garantir o futuro
da nossa geração.
Não estamos nos zoológicos, senhor Presidente, estamos nas nossas terras, nossas casas,
como senhor e como quaisquer sociedades humanas que estão nas suas casas, cidades,
bairros. Somos pessoas, seres humanos, temos sangue como você, nascemos, crescemos,
procriamos e depois morremos na nossa terra sagrada, como qualquer ser humano vivente
sobre esta terra.
Nossas terras, já comprovado técnica e cientificamente, são garantias de proteção
ambiental, sendo preservadas e manejadas pelos povos indígenas, promovendo constantes
chuvas com as quais as plantações e agronegócios da região do sul e sudeste são
beneficiadas e sabemos disso.
Portanto, senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro, considerando a política de
diálogo do seu governo na democracia, nós lideranças indígenas, representantes legítimas,
estamos prontos para o diálogo, mas também estamos preparados para nos defender.
– Marcos Apurinã – Povo Apurinã
Liderança Indígena Apurinã da Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do
Rio Purus; contato –
– Bonifácio Jose´- Povo Baniwa
Liderança Indígena Baniwa do Alto Rio Negro, membro da Organização Baniwa e Koripako
NADZOERI;
– André Baniwa – Povo Baniwa
Liderança Indígena Baniwa do Alto Rio Negro, Terra Indígena Alto Rio Negro, Presidente da
Organização Indígena da Bacia do Içana, OIBI.
Nacional Brasileiro, por isso, vimos em público afirmar que não aceitamos mais política de
integração, política de tutela e não queremos ser dizimados por meios de novas ações de
governo e do Estado Nacional Brasileiro. Esse país chamado Brasil nos deve valor
impagável senhor presidente, por tudo aquilo que já foi feito contra e com os nossos povos.
As terras indígenas têm um papel muito importante para manutenção da riqueza da
biodiversidade, purificação do ar, do equilíbrio ambiental e da própria sobrevivência da
população brasileira e do mundo.
Não é verdade que os povos indígenas possuem 15% de terras do território nacional. Na
verdade são 13%, sendo que a maior parte (90%) fica na Amazônia Legal. Esse percentual
é o que restou como direito sobre a terra que antes era 100% indígena antes do ano de
1500 e que nos foi retirado. Não somos nós que temos grande parte do território Brasileiro,
mas os grandes latifundiários, ruralistas, agronegócios, etc que possuem mais de 60% do
território nacional Brasileiro.
O argumento de “vazio demográfico” nas terras indígenas é velho e falso. Serve apenas
para justificar medidas administrativas e legislativas que são prejudiciais aos povos
indígenas. As nossas terras nunca são vazios demográficos. Foram os indígenas que
ajudaram a proteger as fronteiras brasileiras na Amazônia.
Diferente do que o senhor diz de forma preconceituosa, também não somos manipulados
pelas ONGs. As políticas públicas, a ação de governos e do Estado Brasileiro é que são
ineficientes, insuficientes e fora da realidade dos povos indígenas e nossas comunidades.
Quem não é indígena não pode sugerir ou ditar regras de como devemos nos comportar ou
agir em nosso território e em nosso país. Temos capacidade e autonomia para falar por nós
mesmos. Nós temos plena capacidade civil para pensar, discutir os rumos dos povos
indígenas segundo nossos direitos, que são garantidos nos artigos 231 e 232 da
Constituição Federal, na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
na declaração da ONU sobre os povos indígenas. Nós temos condições de elaborar projetos
e iniciativas. Muitos já estão elaborados. É o caso dos planos de gestão de terras indígenas
aplicados no estado do Amazonas.
Senhor presidente, cumpra com suas falas e discursos de campanha de fazer valer a
democracia, pois somos brasileiros que merecemos respeito sobre nossos direitos. Não
aceitamos a ação ditatorial, pois contradiz com o discurso do senhor Ministro da Casa Civil
Onyx Lorenzoni que defende o diálogo. Afirmamos que estamos organizados com
lideranças e povos capazes de diálogo com o presidente, Estado brasileiro e governo, pois
já aprendemos falar na Língua Portuguesa, além de nossas línguas nativas de cada povo e
línguas de outras nacionalidades.
As mudanças feitas na reestruturação e na reorganização administrativa do governo federal
através de MP n° 870 do dia 1 de janeiro de 2019 são uma completa desordem e um
ataque contra a política indigenista Brasileiro. Além de prejudicial, pretende inviabilizar os
direitos indígenas que são constitucionais. O mesmo sobre novo decreto, que tira a
competência da Funai de licenciamento que impactam nossos territórios. Essa prática já
aconteceu no passado na história Brasileira como uma tentativa agressiva de nos dizimar.
Foi um período muito difícil e ineficiente do Estado. Não aceitamos e não concordamos com
suas medidas de reforma administrativa para gestão da política indigenista.
Não somos culpados de ter muitas mudanças em nossas vidas e em nossas culturas. Isso é
fruto de um processo de colonização violento, que matou muitos povos e extinguiu línguas
nativas. Queremos continuar sendo indígenas, com direito a nossa identidade étnica, assim
como somos brasileiros. O brasileiro quando sai para outros países e outros continentes
continuam sendo brasileiros. Nós, da mesma forma, e ainda mais quando estamos dentro
do Brasil que aprendemos a defender como nossa nacionalidade.
Nosso modo de vida é diferente. Não somos contra quem opta por um modelo econômico
ocidental, capitalista. Mas temos nossa forma própria de viver e se organizar nas nossas
terras e temos nossa forma de sustentabilidade. Por isso, não aceitamos desenvolvimento e
nem um modelo econômico feito de qualquer jeito e excludente, que apenas impacta
nossos territórios. Nossa forma de sustentabilidade é para nos manter e garantir o futuro
da nossa geração.
Não estamos nos zoológicos, senhor Presidente, estamos nas nossas terras, nossas casas,
como senhor e como quaisquer sociedades humanas que estão nas suas casas, cidades,
bairros. Somos pessoas, seres humanos, temos sangue como você, nascemos, crescemos,
procriamos e depois morremos na nossa terra sagrada, como qualquer ser humano vivente
sobre esta terra.
Nossas terras, já comprovado técnica e cientificamente, são garantias de proteção
ambiental, sendo preservadas e manejadas pelos povos indígenas, promovendo constantes
chuvas com as quais as plantações e agronegócios da região do sul e sudeste são
beneficiadas e sabemos disso.
Portanto, senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro, considerando a política de
diálogo do seu governo na democracia, nós lideranças indígenas, representantes legítimas,
estamos prontos para o diálogo, mas também estamos preparados para nos defender.
– Marcos Apurinã – Povo Apurinã
Liderança Indígena Apurinã da Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do
Rio Purus; contato –
– Bonifácio Jose´- Povo Baniwa
Liderança Indígena Baniwa do Alto Rio Negro, membro da Organização Baniwa e Koripako
NADZOERI;
– André Baniwa – Povo Baniwa
Liderança Indígena Baniwa do Alto Rio Negro, Terra Indígena Alto Rio Negro, Presidente da
Organização Indígena da Bacia do Içana, OIBI.
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