domingo, 20 de janeiro de 2019

MILITARES COLOCARAM A QUADRILHA NO PODER; SÓ LULA RESOLVE A CRISE


Diante de um governo agonizante, "os fardados tentam se insinuar como solução", escreve o 
jornalista Mauro Lopes; "Mas os militares criaram o problema e são parte dele"; foram os 
generais que levaram Bolsonaro ao poder, cientes de que o capitão liderava uma quadrilha com 
interesses entrelaçados à sanguinárias milícias do Rio; os militares ocupam nada menos que 45 
cargos estratégicos no governo; mandam e desmandam; só há um nome capaz de superar a 
crise e conduzir o país para "um pacto nacional orientado pelos interesses da maioria"; é Lula; 
a ele cumpre o mesmo papel que teve Mandela na África do Sul; "é necessário que ele deixe a 
cadeia e assuma o comando das negociações para um novo pacto".
Por Mauro Lopes, editor do 247 e dos Jornalistas pela 
Durou 20 dias o governo Bolsonaro. A revelação de que em apenas três anos o esquema do clã girou, 
só nas mãos do caixa-PM Fabrício Queiroz, R$ 7 milhões para sustentar o clã Bolsonaro liquidou 
com tudo. A questão é: foram os militares que colocaram a quadrilha no poder e eles -os militares- 
sabiam muito bem o que estavam fazendo. Eles são parte do problema e não solução. O país precisa 
de iniciar um caminho de reconciliação nacional, de um novo pacto orientado pelos interesses da 
maioria. Só uma pessoa no Brasil pode fazer isso, e ele está na cadeia. Lula, como Mandela, precisa 
ser libertado para impedir que o país entre em convulsão.
A quadrilha Bolsonaro atua em duas dimensões, como começa a ficar claro agora -e, repita-se, os 
militares já sabiam.
A primeira é a da gatunagem mais rasteira, o que não quer dizer que os valores sejam irrisórios. R$ 7 
milhões é ainda pouco, como os R$ 1,2 milhão o eram. Trata-se de dinheiro de apenas três anos de 
um esquema que funciona há pelo menos 20 anos, desde meados-fim da década de 1990. E o que se 
apurou até o momento é apenas o caixa automático de Queiroz. Tem mais, muito mais, e os militares 
sabiam.
A segunda é o envolvimento visceral dos Bolsonaro com as milícias -os bandos paramilitares que 
atuam no Rio de Janeiro debaixo dos olhos das autoridades. O jornalista Luís Nassif avançou um 
pouco neste domingo nas revelações sobre a articulação do clã com os milicianos no Rio (aqui). 
Hoje já está patente que o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, há 10 meses foi obra 
de milicianos. 
Não é por outro motivo que funcionários federais que postaram nas redes sociais mensagens a favor 
da apuração do crime estão na lista de demissões do bolsonarismo. Os militares sabiam e sabem da 
articulação política do clã com os milicianos e, depois da intervenção fardada no Rio, nada fizeram 
para desarticular o esquema. 
A responsabilidade dos militares não se limita ao conhecimento que tinham e têm sobre a quadrilha. 
Seus maiores líderes foram protagonistas diretos da chegada de Bolsonaro ao poder. Foi uma 
intervenção direta e pública do comandante do Exército, general Villas-Bôas na noite de 3 de abril de 
2018, que selou a sorte de Lula, levando o STF a negar-lhe um habeas corpus que mudaria o destino 
político do país (aqui). Não é por outro motivo que, de maneira escancarada, escandalosa, no dia 
seguinte à sua posse, Bolsonaro, responsabilizou Villas-Bôas diretamente por sua condução à 
Presidência: "General Villas Bôas, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos 
responsáveis por eu estar aqui", disse Bolsonaro em discurso na na posse do novo ministro da 
Defesa, Fernando Azevedo e Silva (aqui).
Outro general que foi decisivo para a que Bolsonaro empalmasse o poder foi o general Sergio 
Etchegoyen, antecessor do general Augusto Heleno como ministro-chefe do Gabinete de Segurança 
Institucional (GSI). Etchegoyen, da chamada "linha dura" militar, insubordinou-se, na condição de 
general da ativa, contra a Comissão Nacional da Verdade que apontou seu pai, Leo, e seu tio Cyro, 
como envolvidos diretamente com torturas durante o regime militar (aqui), Ele tornou-se um inimigo 
declarado do PT e, nesta condição, foi alçado por Temer a ministro-chefe do GSI, de onde atuou 
decididamente a favor de Bolsonaro -não é irrelevante dizer que foi ele, em nome do governo Temer, 
quem visitou Bolsonaro depois da facada, ainda no hospital de Juiz de Fora, numa operação de 
segurança que não se via desde o fim da ditadura e, na sequência, tornou-se corriqueira com o novo 
regime. Pois Etchegoyen já está arrumando sua boquinha no governo Bolsonaro (aqui), que tem sido 
publicamente grato a quem o conduziu ao poder.
No novo regime, os militares detêm postos estratégicos. São fiadores e e árbitros. Mandam e 
desmandam. Já são 45 militares nomeados para postos-chave no governo Bolsonaro (aqui) e o 
número aumenta a cada dia. Seis deles são ministros. Nem no regime militar havia tantos militares 
nos governos.
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, que tem procurado se apresentar como alternativa a 
Bolsonaro, integra o clube dos generais que empalmaram o poder. Sua contribuição mais destacada 
no início do governo foi a vitória numa batalha decisiva: garantiu a seu filho Antônio Hamilton uma 
promoção a assessor da presidência do Banco do Brasil, com um salário de R$ 36,3 mil, o triplo do 
atual (aqui).
O país está imerso numa onda de ódio, às voltas com uma quadrilha desqualificada na Presidência. 
Aos poucos, os fardados tentam se insinuar como solução. Mas os militares criaram o problema e são 
parte dele.
O país precisa reconciliar-se consigo próprio, necessita de um pacto nacional orientado pelos 
interesses da maioria. Um homem é a personificação desta possibilidade, e está na cadeia, feito 
prisioneiro político. É Lula. Seus mandatos como presidente foram orientados por essa direção. Por 
isso, colocou-se como presidente "paz e amor", ao contrário do atual, um nome de guerra e ódio.
Em seu tweet ao país na manhã deste domingo (20), Lula sinalizou que há solução para o fim do 
governo Bolsonaro. "O Brasil ainda vai voltar a ser feliz!" -escreveu Lula. Para isso é necessário que 
ele deixe a cadeia e assuma o comando das negociações para um novo pacto. 
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