terça-feira, 22 de janeiro de 2019

MILICIANOS PRESOS FORAM HOMENAGEADOS POR FLAVIO BOLSONARO


A Operação Os Intocáveis prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato de 
Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Do Globo:Os dois principais alvos da Operação Intocáveis, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, foram homenageados, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa do Rio por indicação do deputado estadual Flávio Bolsonaro. O parlamentar sempre teve ligação estreita com policiais militares.
Adriano, que ainda não foi encontrado pela polícia, chegou a receber a medalha Tiradentes, a mais alta honraria do Legislativo fluminense. Ronald, um dos presos na manhã desta terça-feira, ganhou a moção honrosa quando já era investigado como um dos autores de uma chacina de cinco jovens na antiga boate Via Show, em 2003, na Baixada Fluminense. Os dois são suspeitos de integrar o Escritório do Crime, um grupo de extermínio que estaria envolvido no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).
O ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega foi alvo de duas honrarias, de louvor e congratulações por serviços prestados à corporação. A primeira, uma moção, ocorreu em outubro de 2003, por comandar um patrulhamento tático-móvel, quando estava no 16º BPM (Olaria). Na época, o militar era primeiro-tenente. O texto da moção de número 2.650/2003 dizia que ele era homenageado “pelos inúmeros serviços prestados à sociedade”.
Flávio Bolsonaro justificou o ato: “no decorrer de sua carreira, atuou direta e indiretamente em ações promotoras de segurança e tranquilidade para a sociedade, recebendo vários elogios curriculares consignados em seus assentamentos funcionais. Imbuído de espírito comunitário, o que sempre pautou sua vida profissional, atua no cumprimento do seu dever de policial militar no atendimento ao cidadão. É com sentimento de orgulho e satisfação que presto esta homenagem”. (…)
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A Operação Os Intocáveis prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O foco foi o Rio das Pedras, na Zona Oeste. Os presos são integrantes da milícia mais antiga e perigosa do estado. A ação mobilizou 140 policias para executar 13 mandados de preventiva expedidos pela Justiça.
Os milicianos, conta o Globo, exploram o ramo imobiliário ilegal na favela e dois dos detidos comandam o Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em execuções por encomenda.
Os principais clientes do grupo de matadores profissionais são contraventores e políticos. O major PM Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos, foi em cana. É denunciado por comandar a grilagem de terra e a agiotagem.
Rio das Pedras é reduto eleitoral do vereador Marcello Siciliano, ligado por uma testemunha à morte de Marielle.
É também o local que serviu de refúgio para Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, antes de ele se internar no Einstein para tratar um câncer no intestino.
A defesa das milícias é uma agenda antiga dos Bolsonaros.
Os dois principais alvos, Pereira e o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, foram homenageados, em 2003 e 2004, por indicação do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Em 2008, na Alerj, o então deputado Flávio discursou sobre a CPI das Milícias, levada adiante por Marcelo Freixo, e mencionou a favela como uma espécie de modelo.
“Sempre que ouço relatos de pessoas que residem nessas comunidades, supostamente dominadas por milicianos, não raro é constatada a felicidade dessas pessoas que antes tinham que se submeter à escravidão, a uma imposição hedionda por parte dos traficantes e que agora pelo menos dispõem dessa garantia, desse direito constitucional, que é a segurança pública”, afirmou.
“Façam consultas populares na Favela de Rio das Pedras, na própria Favela do Batan, para que haja esse contrapeso também, porque sabemos que vários são os interesses por trás da discussão das milícias, como falei.”
Os interesses são vários, sem dúvida.

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