terça-feira, 29 de janeiro de 2019

BANCADA DA LAMA BLINDA AS MINERADORAS NO CONGRESSO E ARTICULADOR DE BOLSONARO É LOBISTA DE MINERADORAS


Ligado ao lobby de empresas de mineração, o articulador político do governo Bolsonaro no 
Senado, Leonardo Quintão (MDB) operou mudanças na medida provisória (MP) que criou a 
Agência Nacional de Mineração (ANM); ele retirou dois dispositivos que aumentariam a 
fiscalização de barragens de rejeitos, como a que rompeu em Brumadinho, causando 65 mortes 
até o momento; Quintão é deputado federal por Minas Gerais, mas não foi reeleito e passará a 
atuar a partir de fevereiro como secretário especial da Casa Civil para o Senado.
Em sua coluna no jornal O Globo, o jornalista Bernardo Mello Franco afirma que "depois da
tragédia, vêm as promessas. Nos últimos dias, políticos anunciaram medidas para evitar que o
desastre de Brumadinho se repita. Já aconteceu em 2015, quando o rompimento de outra barragem 
matou 19 pessoas em Mariana".
"O Congresso criou duas comissões especiais para discutir a catástrofe da Samarco. O trabalho 
resultou em seis projetos para reforçar a fiscalização sobre as mineradoras. Até hoje, nenhum deles 
foi aprovado. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) tentou endurecer a Política Nacional de 
Segurança de Barragens. Sua proposta recebeu parecer favorável na Comissão de Meio Ambiente, 
mas foi arquivada. 'Forças subterrâneas impediram a votação', diz o tucano".
"O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) propôs regras mais rígidas para as empresas que armazenam 
rejeitos tóxicos. O texto também foi bloqueado antes de chegar ao plenário. 'O lobby das grandes 
mineradoras é pesado', ele reclama"
"Na Câmara, a bancada do setor é suprapartidária, mas tem um líder conhecido: o deputado 
Leonardo Quintão (MDB-MG), ex-escudeiro de Eduardo Cunha. Em 2014, as mineradoras bancaram 
42% de sua campanha. Ele retribuiu com uma atuação incansável a favor das empresas", relata 
Mello. 
Segundo aponta Mello, "no fim de 2015, Quintão assinou o relatório do Código de Mineração. Antes 
da votação, descobriu-se que o texto havia sido redigido no escritório de advocacia que defendia a 
Vale e a BHP. O deputado não se reelegeu, mas foi alojado na Casa Civil do governo Bolsonaro".
"Dos 27 titulares da comissão que debateu o Código, 20 declararam doações de mineradoras. A lista 
incluía o presidente, Gabriel Guimarães (PT-MG), e o vice, Marcos Montes (PSD-MG), atual 
secretário-executivo do Ministério da Agricultura", revela.
"Protagonista das tragédias de Mariana e Brumadinho, a Vale investiu R$ 88 milhões nas eleições de 
2014. Com a proibição das doações empresariais, o lobby do setor deve ficar um pouco menos 
explícito", conclui Mello.

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