quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

ALÉM DE DOIDA...:Revista Época acusa ministra Damares de sequestro e tráfico de crianças indígenas


Segundo os índios, a criança deixou a aldeia levada pela amiga e braço direito de Damares, 
Márcia Suzuki, sob o pretexto de fazer um tratamento dentário na cidade, mas nunca mais 
voltou.
A Revista Época que vai às bancas nesta sexta-feira (1°) trará um reportagem bomba denunciando a 
ministra Damares Alves, da família de Bolsonaro (PSL), por sequestro e tráfico de crianças 
indígenas.
A ONG Atini que foi fundada por Damares é alvo de ações que tramitam em segredo de Justiça.
Uma das ações tem como objeto central uma indígena de 16 anos que, em 2010, foi levada grávida 
pelo tio materno para uma chácara da Atini e registrada como sua filha.
A foto da capa da Época traz uma mulher indígena e a frase: “A branca que levou a Lulu”.
A senhora é Tanumakaru, uma octogenária e cega de um olho, avó da menina Lulu e quem a criou 
até os seis anos.
A índia contou que Lulu nasceu frágil e com inúmeros problemas de saúde. Era menininha ainda 
quando Márcia Suzuki, braço direito da hoje ministra, se ofereceu para leva-la a um tratamento 
dentário.
“Chorei e Lulu estava chorando”, conta a avó. “Disse que ia mandar de volta. Cadê?”
Damares conta que salvou a menina de ser sacrificada. Segundo os índios, ela foi levada na marra.
Segundo a revista, para estar de acordo com a lei, a adoção de uma criança indígena precisa passar 
pelo crivo da Justiça Federal e da Justiça comum. A adoção, ou mesmo a guarda ou a tutela, também 
dependem do aval da Funai. No processo, uma equipe de estudos psicossociais deve analisar se há 
vínculos entre a criança e o adotante e se a família mais extensa corrobora a adoção. No caso dos 
indígenas, deve ser ouvida a aldeia. 
Os relatos dos índios contam que a mãe biológica da criança não tinha condições de cuidar dela e 
que Piracumã, o tio da menina, teve a ideia de deixá-la aos cuidados da vó paterna, Tanumakaru. A 
aldeia, no entanto, sofria com escassez de comida e remédios, e Lulu chegou a ficar desnutrida. À 
época, chegou a ser levada de avião por servidores que cuidam da saúde dos indígenas na região. 
Depois se recuperou, mas ficou com a dentição torta pelo uso de mamadeira. 
"Chorei, e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia 
mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?", disse, em tupi, a avó, hoje 
quase octogenária. Questionada sobre se sabia, no momento da partida de Lulu, que ela não mais 
retornaria, respondeu: "Nunca".
Em diversas ocasiões, a ministra fez críticas aos costumes indígenas. Em 2013, em um culto, 
Damares disse que além de Lulu ter sido salva do infanticídio e ter sido maltratada pela miséria dos 
kamayurás, a menina seria escrava do próprio povo.
As acusações de infanticídio e maus-tratos feitas pela ministra são rebatidas pelos kamayurás. 
"Quem sofreu mesmo, quem ficava acordada fazendo mingau, era a vovó Tanumakaru, não a 
Damares. Ajudei a buscar leite nessa época", disse a pajé Mapulu.
Os índios, porém, não negam que sacrificavam crianças no passado. No caso de Lulu, foi Piracumã, 
o tio da criança, quem insistiu para a mãe não enterrar o bebê. "Antigamente, tinha o costume de 
enterrar. Hoje, a lei mudou", completou Mapulu.

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