segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Policial antifascista executado em Natal previu há 9 meses: ”Ontem foi Marielle, já foi Doroty e amanhã pode ser eu”; veja vídeo. Munição usada na execução de segurança de Fátima Bezerra é de uso exclusivo da polícia


No vídeo acima, a fala do PM Figueiredo, em 15 de março de 2018, no debate sobre Violações 

dos Direitos Humanos no interior das Corporações Policiais, durante o Fórum Social Mundial, 
realizado em Salvador (BA)
Delegados que investigam a morte do soldado da PM João Maria Figueiredo, um dos líderes do 

movimento Policiais Antifascismo no Rio Grande do Norte e voluntário na equipe de 
segurança da governadora eleita Fátima Bezerra, não têm dúvidas de que foi uma execução; 
segundo a agência Saiba Mais, as munições dos projéteis encontrados são de calibre .40, de uso 
exclusivo das polícias, o que não significa que o assassino seja um policia.
Segurança da campanha de Fátima é 
executado com cinco tiros na cabeça em Natal
por Rafael Duarte, Agência Saiba Mais
O soldado da Polícia Militar João Maria Figueiredo foi executado com cinco tiros na cabeça por 
volta das 17h desta sexta-feira (21), próximo ao motel Ele&Ela, no bairro da Redinha, Zona Norte de 
Natal.
O assassino levou a arma funcional e o celular do PM.
O corpo dele foi encontrado ainda com capacete numa estrada de terra carroçável na Redinha, Zona 
Norte de Natal.
Cabo Figueiredo, como era conhecido, participou voluntariamente da equipe de segurança da 
campanha da governadora eleita Fátima Bezerra e era cotado para integrar a equipe dela a partir de 
1º de janeiro.
Até entrar na PM, em 2009, Figueiredo era filiado ao PT. Como a corporação não permite agentes 
filiados a partidos políticos, ele teve então que se desfilar.
Figueiredo era membro ativo do grupo Policiais Antifascismo, movimento criado por operadores de 
Segurança Pública que luta pela democracia e pelos Direitos Humanos dentro da estruturas das 
polícias.
A violência, para Figueiredo, era um problema social ligado à criminalização do povo pobre e preto 
das periferias brasileiras. Foi convidado várias vezes para dar palestras sobre Segurança, Direitos 
Humanos e descriminalização das drogas como alternativa para redução da violência urbana.


“ONTEM FOI MARIELLE, JÁ FOI DOROTY E AMANHà
PODE SER EU”por Rafael Duarte, da Agência Saiba Mais
Em 15 de março de 2018, um dia depois da execução da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), 
Figueiredo participou de um debate sobre Violações dos Direitos Humanos no interior das 
Corporações Policiais, durante o Fórum Social Mundial, realizado em Salvador (BA).
A participação de Figueiredo durou 14 minutos e foi gravada em vídeo (na íntegra, no topo).
Na ocasião, ele desabafa sobre as dificuldades e os desafios assumidos pelas pessoas que lutam em 
defesa dos Direitos Humanos no país:
– Vi meus colegas cariocas lamentando, chorando pelo que ocorreu ontem (a execução de Marielle). 
Infelizmente, tentaram dar uma prova de força. Marielle foi a vítima recente, já foi a Doroty 
[missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005 no Pará], tantas outras. E amanhã pode ser eu. Mas 
quando eles eliminam uma pessoa, eles fazem nascer várias outras. Agora vão nascer várias outras 
Marielles porque aquilo ecoa e o poder do exemplo é muito forte.
Figueiredo também comentou as dificuldades de policiais defenderem posições progressistas dentro 
das instituições:
– Quando você fala em Direitos Humanos no interior das corporações é taxado de “esquerdalha”, 
“esquerdopata”, dizem que é pra proteger bandido. Hoje é bem difícil você ter posições progressistas 
dentro das instituições, infelizmente, seja ela civil, militar, federal. Essa história de dizer que só a 
PM é ruim, não é. O numero de suicídio da PF é maior entre agentes e escrivães muito por conta do 
assédio moral e outras questões. Na PM aparece mais porque é a polícia que lida mais com o povo.
Figueiredo entrou para a Polícia Militar em 2009, mas começou a ampliar sua visão política bem 
cedo, através do movimento estudantil e do convívio com lideranças de movimentos sociais e 
sindicais do Estado.
Se filiou ao Partido dos Trabalhadores na juventude e permaneceu como membro do PT até entrar 
para a PM, sendo obrigado a se desfiliar em razão do regimento da instituição.
Só uma coisa. no segundo tá correto e não corrigi no primeiro. Ele foi filiado ao PT até entrar pra 
PM porque a PM não permite agentes filiados. Então ele teve que desfilar. Como está no texto que 
publicamos hj do discurso dele em março
Ele também cursou Direito, na Uni Nassau, o que ajudou a questionar o próprio trabalho:
– Quando você faz o curso de Direito a semente da discórdia começa a nascer na sua cabeça”, disse 
no debate em Salvador
Como liderança do movimento dos Policiais Antifascismo no Estado, Figueiredo acreditava que a 
mudança na mentalidade dos operadores da Segurança Pública dentro das corporações viria da 
sociedade:
– Comecei no Rio Grande do Norte tentando reunir os policiais que tinham pensamentos 
progressistas. Começamos com cinco, passamos para 13 e hoje somos 80. Temos um núcleo disposto 
a discutir segurança pública com cidadania, participação popular e direitos humanos. E agora 
estamos nos inserindo nos movimentos populares, com outros setores, juventude, LGBT, negros.
Sou persona non grata devido aos meus posicionamentos. Mas vejo a necessidade de que a sociedade 
se reaproxime. A mudança vem de fora para dentro, através de espaços como esse. Defender direitos 
humanos nesse contexto é difícil e no Brasil está ficando mais difícil ainda”, afirmou.
Fátima cobrou apuração do crime, que será investigado por uma comissão formada por quatro 
delegados da Divisão de Homicídios, além do núcleo de inteligência da Polícia Civil. Ainda não se 
sabe se o assassinato tem relação com a atividade profissional do PM nem com a militância dele 
ligada à defesa dos Direitos Humanos.
GOVERNADORA ELEITA FÁTIMA BEZERRA COBRA 
APURAÇÃO DO CRIME
A governadora eleita Fátima Bezerra (PT) cobrou a “devida apuração” para que os responsáveis pela 
execução de João Maria Figueiredo sejam identificados e punidos nos rigores da lei.
Consternada, ela divulgou uma nota de pesar sobre o assassinato do soldado da PM e um dos líderes 
do movimento dos Policiais Antifascismo no Estado:
”O assassinato brutal do querido Figueiredo nos deixa consternados, com profundo sentimento de 
perda, abalados em alma.
Ao mesmo tempo, os exemplos de coragem e de solidariedade que nosso amigo nos deixou nos 
inspirarão para continuarmos a luta por dias melhores, por uma sociedade mais justa e para todos e 
todas.
Queria bem a ele como um filho, um irmão.
Que tragédias como a de Figueiredo – infelizmente cada dia mais presentes na vida de nossos 
trabalhadores e abnegados profissionais da Segurança – tenham a devida apuração e elucidação.
Sua memória não será esquecida, meu amigo. Meus sentimentos aos familiares e amigos e meu 
abraço fraterno.
Figueiredo, presente!
#SaudadesSempreFigueiredo
Fátima Bezerra
Senadora e governadora eleita do RN

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