Poucos dias após ser eleito, Jair Bolsonaro mais uma vez resolveu debochar e fazer ameaças aos
movimentos sociais, em especial ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “A
hora de vocês vai chegar. A atividade de vocês é terrorista!”, esbravejou. A declaração, mais do que
irresponsável, escancara a falta de informação do futuro presidente sobre o premiadíssimo
movimento rural e hoje maior produtor de orgânicos do País.
Atacar o MST, portanto, é como atirar pedras na principal vitrine brasileira quando o assunto é
alimentos livres de agrotóxicos. Mas para chegar ao topo não foi da noite para o dia. Embora desde a
sua origem o movimento tenha se engajado na excelência agroecológica, foi a partir de 2014 que a
prática ganhou o reforço de conceitos teóricos que passaram a direcionar toda a atuação dos
agricultores.
Decisão que, na visão do professor do departamento de Ciência Florestais da Escola Superior de
Decisão que, na visão do professor do departamento de Ciência Florestais da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Sorrentino, “tem
um poder simbólico muito grande, capaz de conseguir a adesão de muitos agricultores”, conforme
relatou em entrevista ao Nexo em agosto.
Hoje, com estrutura organizada em cem cooperativas, 96 agroindústrias e 1,9 mil associações, o
Hoje, com estrutura organizada em cem cooperativas, 96 agroindústrias e 1,9 mil associações, o
MST tem chamado a atenção do mundo. Ao lado dos agricultores familiares, os assentados
respondem por ao menos oito em cada dez alimentos orgânicos produzidos em terras brasileiras, o
que os torna os grandes protagonistas do crescimento vertiginoso do setor nos últimos anos. Segundo
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no ano passado foram registradas
15,7 mil unidades com plantio orgânico no País, mais do que o dobro das 6,7 mil computadas em
2013.
Além disso, o grupo ainda tem conseguido levar sua matéria-prima para diversos países da América
Latina, América do Norte, Europa e Oceania – ao menos 30% da safra atende ao mercado
internacional. Ao todo, o movimento abrange mais de 350 mil famílias assentadas, distribuídas em
aproximadamente 700 municípios brasileiros.
A aposta em produtos mais saudáveis, saborosos e sustentáveis também transformou o MST no
A aposta em produtos mais saudáveis, saborosos e sustentáveis também transformou o MST no
maior produtor de arroz orgânico da América Latina, com quase trinta mil toneladas na safra de
2017. O produto é o resultado do trabalho de 501 famílias do MST que vivem em 21 assentamentos
de 16 municípios gaúchos.
De acordo com o próprio movimento, a produção, industrialização e comercialização do arroz são
planejadas e executadas pelos próprios camponeses. O grão, que é certificado como orgânico, chega
às feiras e ao mercado por meio da marca ‘Terra Livre’. Mas a maior parte é comercializada via
iniciativas institucionais, como o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE).
Criado em 1997, O PNAE renasceu durante o governo Lula a partir da Lei da Merenda Escolar de
Criado em 1997, O PNAE renasceu durante o governo Lula a partir da Lei da Merenda Escolar de
2009 que obriga que as escolas municipais ofereçam ao menos 30% de suas refeições da agricultura
familiar.
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