terça-feira, 13 de novembro de 2018

Usam Lula como troféu para sustentar mentiras, diz Boff


O teólogo Leonardo Boff acredita que a principal luta do povo brasileiro agora deve ser o 
resgate do pacto social; 'Uma Constituição é um pacto social, que nós fazemos para 'um não 
comer o outro'. Então, esse pacto social foi rompido com o impeachment contra a Dilma. Como 
foi rompido, não vale a Constituição, não valem as leis, eles pintam e bordam, surram, 
prendem", disse; para ele, que visitou Lula em Curitiba, o ex-presidente vem sendo usado 
como "troféu, para sustentar as mentiras que fizeram, especialmente aquele desenho onde ele 
era a cúpula de toda uma estratégia de corrupção"

 Lia Bianchini, Brasil de Fato
O teólogo Leonardo Boff acredita que a principal luta do povo brasileiro no próximo 
período é resgatar o pacto social rompido após o impeachment de Dilma Rousseff. Ele 
esteve em Curitiba nesta segunda-feira (12) para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da 
Silva (PT) na Superintendência da Polícia Federal. Após a visita, o teólogo concedeu 
entrevista coletiva à imprensa.
“Uma Constituição é um pacto social, que nós fazemos para 'um não comer o outro'. Então, 
esse pacto social foi rompido com o impeachment contra a Dilma. Como foi rompido, não 
vale a Constituição, não valem as leis, eles pintam e bordam, surram, prendem”, disse Boff.
Para o teólogo, a prisão do ex-presidente Lula é uma “vergonha para o Brasil e para o 
sentido do Direito”, pois sua condenação foi baseada em um processo sem provas de 
culpabilidade. Lula está preso na Superintendência da PF desde o dia 7 de abril, condenado 
no âmbito da Operação Lava Jato, por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex 
do Guarujá.
“Usam ele [Lula] como troféu, para sustentar as mentiras que fizeram, especialmente 
aquele desenho onde ele era a cúpula de toda uma estratégia de corrupção. Seguram o 
Lula preso para se autojustificar. Mas sabem que é mentira a questão do triplex. Eles 
montaram uma narrativa que fez dele chefe de quadrilha, mas não conseguem trazer 
nenhuma prova”, afirma Boff. 
Além das violações jurídicas que envolvem o processo do ex-presidente Lula, para o 
teólogo, a campanha eleitoral de 2018 mostrou um novo fator para desestabilização da 
democracia brasileira, que foram as notícias falsas disseminadas pelas redes sociais. 
Dez dias antes do segundo turno das eleições, o então candidato à presidência Jair 
Bolsonaro (PSL) foi denunciado por receber financiamento ilegal de campanha, com 
montante de mais de R$ 12 milhões. A denúncia divulgada pelo jornal Folha de São Paulo 
mostrava que empresários estariam bancando a compra de pacotes de distribuição em 
massa de mensagens contra o PT no Whatsapp.
“Ele [Bolsonaro] ganhou as eleições de forma fraudulenta, com aqueles milhões de notícias 
falsas. É uma lição para nós, saber que as eleições futuras não vão ser mais de grandes 
comícios, vão ser o manejo das mídias sociais, que nós temos que aprender a usar, 
aprender a nos defender”, diz. 
Aliado ao trabalho nas redes sociais, Boff entende também que existe a necessidade de 
que os movimentos e organizações de esquerda voltem-se às suas bases e ao contato mais 
próximo com o povo. Para o teólogo, a religião tem parte fundamental nesse processo, pois 
o povo “entende o discurso religioso, porque eles manejam a Bíblia.
“Nós temos que retomar o trabalho na base, criar escolas de formação política. E o tema 
central que nós vamos sempre bater será injustiça social no brasil. Não vamos falar só 
desigualdade, porque é um tema neutro. Injustiça é um tema ético. Injustiça é pecado 
contra Deus e contra os filhos e filhas de Deus”, diz.
Antes de visitar o ex-presidente Lula, Boff falou às pessoas presentes na Vigília Lula Livre, 
que mantém-se em frente ao prédio da PF desde que o ex-presidente foi preso, há 220 dias.

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