sábado, 17 de novembro de 2018

PROTESTOS CONTRA MACRON REÚNEM MAIS DE 100 MIL PESSOAS E DEIXAM UM MORTO


Mobilização popular na França dos chamados "coletes amarelos", motoristas revoltados com o 
aumento de 20% nos preços dos combustíveis neste ano e a queda de poder aquisitivo, começou 
cedo neste sábado (17) e já fez uma vítima. Uma manifestante foi atropelada e morreu durante 
um protesto no leste do país; em Paris, manifestantes gritaram "Macron, demissão".

RFI - A mobilização popular na França dos chamados "coletes amarelos", motoristas revoltados com 
o aumento de 20% nos preços dos combustíveis neste ano e a queda de poder aquisitivo, começou 
cedo neste sábado (17) e já fez uma vítima. Uma manifestante foi atropelada e morreu durante um 
protesto no leste do país.
No final da manhã, o Ministério do Interior já registrava 47 feridos, três em estado grave, em 
acidentes de trânsito nos locais de bloqueio dos manifestantes.
A classe média francesa e trabalhadores que sofrem com os baixos salários estão nas ruas e estradas 
de todo o país para demonstrar a insatisfação com a alta do custo de vida, as políticas do presidente 
Emmanual Macron favoráveis aos mais ricos e a falta de atenção do governo às categorias de menor 
renda.
Durante a manhã, segundo o Ministério do Interior, 50.000 pessoas participavam de ao menos 1.000 
protestos espalhados pelo território. No início da tarde, já eram 124.000 participantes e 2.300 
protestos.
Assim como algumas ações ocorrem de forma pacífica, em algumas localidades os manifestantes, 
vestidos com coletes refletivos fluorescentes amarelos, ergueram barricadas e incendeiam pneus, 
impedindo a passagem de motoristas que não aderiram ao movimento.
Quatro mil policiais estão mobilizados em todo o país. O governo lembra que as sanções em caso de 
bloqueio de vias públicas variam de 2 anos de prisão à multa de € 4,6 mil (R$ 19 mil) e seis pontos 
retirados na carteira de motorista.
Classe média sufocada pelo alto custo de vida
A gota d'água para a mobilização popular, organizada pelas redes sociais, foi o aumento do imposto 
cobrado no litro do diesel, com o objetivo de diminuir o consumo, obrigar os franceses a trocar 
carros antigos por mais novos menos poluentes, e também financiar a transição energética para uma 
economia sustentável. Apenas no ano que vem, o Estado vai faturar € 34 bilhões (R$ 145 bilhões) 
com impostos na venda de combustíveis.
Com a alta do preço do petróleo no mercado internacional, mais o reajuste das taxas, milhares de 
franceses que usam o carro diariamente para trabalhar, principalmente em zonas rurais e nas 
periferias das grandes cidades, viram o orçamento mensal encolher.
O litro do combustível custa em média, atualmente, de R$ 6,40 (diesel) a R$ 6,54 (gasolina). Mas 
um novo reajuste previsto para o início de janeiro de 2019 irá causar mais perdas para as famílias de 
renda média e baixa.
O presidente Macron passou a semana dando entrevistas na TV para explicar suas políticas, mas 
reconheceu que não conseguiu reconciliar os franceses do alto e da base da pirâmide social.
Quando se deu conta da extensão do movimento dos "coletes amarelos", o governo propôs um novo 
subsídio de € 4 mil (R$ 21 mil) para cerca de 6 milhões de franceses que rodam muitos quilômetros 
por mês para trabalhar e têm baixa renda. Também ofereceu um cheque adicional para o pagamento 
das despesas com eletricidade e gás. Mas a reação veio tarde e não satisfaz.
Partidos de oposição aproveitam a força do movimento popular para condenar as políticas de 
Macron, num momento em que o chefe de Estado está fragilizado pela queda de popularidade.
Paris: "fora Macron"
Na capital, cerca de 50 "coletes amarelos" protestaram durante a manhã na avenida Champs Elysées, 
em torno do Arco do Triunfo e nos arredores do Palácio do Eliseu. Os manifestantes gritavam 
"Macron, demissão". Motoristas de Uber, taxistas e manifestantes devem fazer uma carreata no final 
da tarde até o palácio presidencial.
Os maiores protestos, no final da manhã, aconteciam em Caen (noroeste), Chamberry (sudeste) e 
Arras (norte), onde um pedestre foi atropelado e está em estado grave.
A mulher de 60 anos que morreu, na localidade de Pont-de-Beauvoisin (Savoie), foi atropelada por 
uma motorista que levava sua filha ao médico e teria entrado em pânico quando "coletes amarelos" 
começaram a bater no capô de seu carro para impedir que ela furasse o bloqueio. Ela foi detida para 
interrogatório. De acordo com o ministro do Interior, Christophe Castaner, o protesto de Pont-de-
Beauvoisin não tinha sido informado às autoridades, o que é obrigatório para o envio de policiais 
encarregados de manter a segurança.
Além da França, a alta nos preços dos combustíveis também provoca protestos neste sábado na 
Bélgica e na fronteira da França com a Espanha.

Nenhum comentário: