sexta-feira, 2 de novembro de 2018

MORO VAI ASSUMIR A REPRESSÃO


FILHO DE BOLSONARO COMPARA MORO A USTRA, TORTURADOR DA 
DITADURA"Agora a esquerda mais do que nunca vai tentar demonizar Moro, exatamente 
como fizeram com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra", escreveu o parlamentar em sua 
conta no Twitter.
POR FERNANDO BRITO
Escrevi aqui que ontem poderia ser considerado o dia da fundação do Estado Policial Brasileiro mas, 
desde já, tal como se trocou em 1964 o “Primeiro de Abril” pela “redentora Revolução de 31 de 
Março”, sugere-se que fique a data como sendo a de hoje: o Dia de Finados, pelo simbolismo em 
relação à morte dos direitos à privacidade, à presunção de inocência e à segurança no exercício de 
nossas liberdades.
A nomeação de Sérgio Moro não é apenas uma ‘jogada de marketing” do presidente eleito. Não acho 
sequer que esta decisão tenha sido ‘de agora’ ou que possa ter sido tomada sem a participação do 
“núcleo militar” do bolsonarismo.
Afinal, Moro será posto a comandar uma máquina sinistra, encarregada de promover a onda de 
perseguição política destinada a fazer aquilo que Bolsonaro prometeu no seu tristemente famoso 
discurso aos seus apoiadores da Avenida Paulista: “fazer uma limpeza nunca vista na história deste 
país” e dirigir uma polícia com “retaguarda para jurídica para fazer valer a lei no lombo de vocês”.
Para isso, não vai contar com pouco.
Terá o controle da Polícia Federal e, com ela, a capacidade de bisbilhotar, informalmente, todas as 
comunicações telefônicas e telemáticas.
Terá o controle do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, e com ele a capacidade 
de xeretar todas as movimentações financeiras de pessoas físicas e jurídicas do país.
Terá o controle do que já foi a Controladoria Geral da União, a CGU, e com ele a capacidade de 
conhecer cada detalhe dos atos dos gestores públicos, exceto nas áreas onde alguma “voz amiga” 
diga que ali “não vem ao caso”.
Moro será o general da repressão da neoditadura.
Muitos ainda estão pensando dentro da lógica do estado democrático e das funções institucionais de 
um Ministério da Justiça, mesmo numa versão avantajada.
Lamento dizer que não é este o caso.
É por isso que não houve, nem de Moro e nem de Bolsonaro, preocupação com o desgaste em 
questão de legitimidade e da imagem de isenção do Governo em relação à Justiça ou do que que ela 
fez para instituir este governo.
Legitimidade e isenção são bobagens que devem ser desconsideradas diante da “Cruzada 
Anticorrupção”, em nome da qual se promoverão os “pogrons” antiliberdades.
Infelizmente, nossos “republicanos” continuam querendo medir perdas e ganhos políticos de um 
jogo democrático.
Vamos entrar num regime de força e muitos ainda não o percebem.

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