quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Como seria o Brasil de Bolsonaro (de acordo com suas próprias palavras)


Com a Câmara Federal presidida por um dos filhos do presidente da República e o Senado pelo outro 
filho, o Brasil virou uma dinastia militar-civil-teocrática desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder. 
A expressão “estado policial” é a exata tradução do que vivemos: violência, repressão e banhos de 
sangue se tornaram parte do cotidiano do brasileiro.
antes raros no país, tornaram-se frequentes. A exemplo do que acontecia nos Estados Unidos de 
Donald Trump, que não foi reeleito, pelo menos um massacre por mês é perpetrado. O número de 
pessoas, muitas delas crianças, atingidas por tiros acidentais dentro de casa se multiplicou em 3000%.
A lista de animais em extinção já tem mais de 100 espécies desde que o ex-militar ocupou o poder e 
extinguiu o ministério do Meio Ambiente. Com a caça “esportiva” liberada em todo o território 
nacional, animais da fauna brasileira estão desaparecendo com uma rapidez nunca vista desde a 
colonização do país pelos portugueses. Os órgãos de meio ambiente nada fazem, até porque uma das 
primeiras ações de governo de Bolsonaro foi transformá-los em órgãos sem nenhum poder de 
A polícia e as Forças Armadas têm mantido os moradores das comunidades carentes acuados, com 
medo de sair de casa. O toque de recolher foi instituído em todas as regiões pobres das grandes 
cidades. De acordo com pesquisas clandestinas, já que o governo controla os dados oficiais, o 
número de jovens negros inocentes mortos em “autos de resistência” subiu 500% desde que 
Bolsonaro concedeu excludente de ilicitude para os policiais, uma espécie de salvo-conduto para 
matar. Parte da população, porém, não parece se solidarizar com as mães de família pobres que 
perderam seus filhos. “Se morreu é porque alguma coisa fez”, defendem os bolsonaristas.
O número de jovens negros inocentes mortos em “autos de resistência” subiu 500% desde que Bolsonaro concedeu excludente de ilicitude para os policiais, uma espécie de salvo-conduto para matar
Mesmo com os cidadãos armados e a polícia 
matando “suspeitos”, todos eles negros, a rodo, 
os índices de criminalidade não param de subir, 
impulsionados pelo aumento da desigualdade 
social e da miséria. Expulsos de suas terras, 
índios e quilombolas engrossam a multidão de 
brasileiros desabrigados e sem casa para morar, 
vivendo em barracos na periferia das grandes 
cidades. Tampouco há quem os defenda, já que 
os líderes dos sem-terra e dos sem-teto estão 
presos acusados de “terrorismo” e as ONGs 
foram proibidas de atuar em território nacional.
Até mesmo as lideranças do agronegócio, velhos aliados de Bolsonaro, têm mostrado insatisfação 
com os rumos do governo, já que o país perdeu vários mercados após o ex-deputado assumir a 
presidência. Ao tirar o Brasil do acordo de Paris, Bolsonaro viu as portas da União Europeia se 
fecharem para nossos produtos. E graças à atitude do presidente de apoiar Israel irrestritamente, os 
pecuaristas perderam também as exportações para os países islâmicos, principais importadores da 
carne e do frango brasileiros. A China também reduziu o comércio conosco devido às críticas de 
Bolsonaro às empresas chinesas.
Ao tirar o Brasil do acordo de Paris, Bolsonaro viu as portas da União Europeia se fecharem para os produtos brasileiros. E graças à atitude do presidente de apoiar Israel irrestritamente, os pecuaristas perderam as exportações para os países islâmicos
Mas as entidades 
ruralistas não podem reclamar, porque apoiaram 
a iniciativa do PSL, partido do presidente, de 
enfraquecer os sindicatos, acabando com a 
unicidade sindical. As empregadas domésticas 
voltaram a ser trabalhadoras de segunda classe, 
porque Bolsonaro revogou a lei que as igualava 
aos demais trabalhadores, com direito a carteira 
assinada, férias remuneradas e 13º salário. Aliás, 
conta com os sindicatos para pressionar o 
governo: a lei de greve também foi revogada e os 
protestos nas ruas só podem ocorrer com 
autorização da polícia. Com o fim do 13º salário, 
o comércio natalino foi destruído e muitas lojas 
que apostavam no movimento da época 
fecharam, aumentando o número de desempregados.
Nas escolas, policiais militares chegam a algemar crianças pequenas que “se comportam mal” como 
forma de castigo, parte da “repressão democrática” imaginada pelos assessores educacionais do 
presidente. Nos livros escolares, a ditadura é chamada de “movimento” e aspectos positivos da 
prática da tortura em seres humanos são apresentados aos alunos. À frente do Ministério da 
Educação, um general concretiza o que a direita acusava o PT de fazer: doutrina criancinhas.
Professores que não aceitam os novos parâmetros curriculares são perseguidos e demitidos, como 
aconteceu nos EUA na época do macarthismo, graças à obrigatoriedade da aplicação do “Escola Sem 
Partido” em toda a educação pública. Estudantes são estimulados a gravar e denunciar docentes que 
fogem da cartilha. Os alunos também são obrigados a orar antes das aulas, de acordo com a Bíblia 
protestante. Outras religiões não são aceitas. Nas aulas de ciências, ensina-se o criacionismo.
Nos livros escolares, a ditadura é chamada de “movimento” e aspectos positivos da prática de tortura em seres humanos são apresentados aos alunos. Os alunos são obrigados a orar antes das aulas e ensina-se o criacionismo nas aulas de ciências

O desmatamento atinge níveis recordes. As 
previsões são de que a Amazônia, após a 
permissão da exploração do parque Nacional do 
Xingu por uma mineradora dos Estados Unidos, 
seja reduzida a um quarto do tamanho nos 
próximos dez anos. O presidente também 
estabeleceu, via decreto, áreas para “desmate 
legal” de madeira. Com isso, muitas árvores 
amazônicas também entraram para a lista de 
espécies em extinção.
LGBTs são caçados nas ruas por “esquadrões 
bolsonaristas” e obrigados a se vestir de acordo 
com as “normas de conduta” baixadas pela 
presidência da República: para manter a “moral e 
os bons costumes”, a polícia pode enquadrar em “atentado ao pudor” quem se vestir “em desacordo” 
com o gênero de seu registro civil. Homossexuais não podem manifestar afeto abertamente nas ruas 
e, ao se assumirem, ficam impedidos de ocupar cargos públicos. Se continuarem no armário, tudo 
de acordo com seu nome social, marginalizando-os da sociedade.
O presidente também revogou a lei do feminicídio, que tipificou o crime que atinge mulheres por sua 
condição de gênero. Com isso, este tipo de crime está cada vez mais em ascensão, dando o Brasil o 
triste recorde de campeão mundial em feminicídios. O fato de o presidente ter defendido que apenas 
armar as mulheres seria suficiente para diminuir mostrou-se falso, já que os ex-maridos e 
companheiros também andam armados.
Com a venda da Petrobras para uma estatal norueguesa, os preços do combustível e do gás de 
cozinha triplicaram em relação ao governo Dilma Rousseff, do PT. O litro da gasolina já custa 10 
reais e o botijão sai por até 200 reais em algumas regiões, maior preço de toda a história. O preço do 
diesel também explodiu, mas os caminhoneiros não podem protestar porque Bolsonaro sancionou 
um projeto de sua própria autoria que pune com até 4 anos de cadeia quem obstruir estradas.
A Globo e a Folha, perseguidas por Jair Bolsonaro desde o primeiro dia no cargo, estão à beira da 
falência. Os outros jornais, TVs e revistas que apoiaram abertamente sua campanha mostram apenas 
os aspectos favoráveis do governo, aprovadas por um “supervisor” da própria empresa de 
comunicação. “É preciso transmitir otimismo, isso é bom para o país”, justificam os donos da mídia. 
Os veículos alternativos foram proibidos, acusados de disseminar “fake news”.
O litro da gasolina já custa 10 reais e o botijão sai por até 200 reais. O diesel também explodiu, mas os caminhoneiros não podem protestar porque Bolsonaro sancionou um projeto de sua própria autoria que pune com até 4 anos de cadeia quem obstruir estradas
A perseguição a pessoas de esquerda é cotidiana, 
como prometeu o candidato durante a campanha: 
“ou vão para fora ou vão para a cadeia”. Uma 
reforma política extinguiu o PT e o PCdoB foi 
proibido de usar a palavra “comunista” em sua 
deputado Eduardo Bolsonaro, tornou crime o 
comunismo no país. Utilizar os símbolos da foice 
e do martelo já é motivo suficiente para ir para a 
prisão.
Líderes opositores e cidadãos comuns fazem fila 
diante das embaixadas de países europeus em 
busca de asilo, enquanto a propaganda 
governamental repete o slogan da ditadura, ops, 
do movimento militar: “Brasil, ame-o ou deixe-
o”. Lá fora, o país já é conhecido pela alcunha de 
“as Filipinas da América do Sul”.

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