Três pessoas morreram e cinco ficaram feridos durante uma passeata que levaria Elias Pinto
de volta à prefeitura de Santarém, a segunda maior cidade do Pará e a terceira da Amazônia.
Está indo para as bancas e livrarias meu novo livro. É dedicado à reconstituição do massacre
praticado em Santarém pela Polícia Militar, a mando do então governador Alacid Nunes.
O MASSACRE DE SANTARÉM
Por Lúcio Flávio Pinto
O episódio sangrento, que resultou em três mortos e cinco feridos, completará meio século neste dia
O episódio sangrento, que resultou em três mortos e cinco feridos, completará meio século neste dia
20. Tem importância nacional porque antecedeu o procedimento que o regime militar adotaria a
partir do AI-5, editado pelo segundo presidente militar, o general Costa e Silva, três meses depois. A
partir daí, a ditadura se assumiria como tal, liberando a barbárie estatal contra os inimigos,
adversários ou desafetos do regime.
Reproduzo o texto de apresentação do livro, A tragédia de Santarém, (Prelúdio do AI-5 na
Amazônia). A obra tem 172 páginas e custa 30 reais.
Três pessoas morreram e cinco ficaram feridos durante uma passeata que levaria Elias Pinto de volta
à prefeitura de Santarém, a segunda maior cidade do Pará e a terceira da Amazônia. O prefeito era do
MDB, o partido da oposição, que só conseguira eleger outro prefeito, em 1966, em um município de
pouca importância, Santa Izabel.
A vitória da Arena, o partido no governo e no poder, avalizado pelos chefes do golpe militar de
1964, foi arrasadora. A derrota em Santarém, no entanto, ficara como uma espinha atravessada na
garganta do governador Alacid Nunes.
Ele não sossegou enquanto não expeliu o fato incômodo. E o fez através do envio de Belém 150
homens da Polícia Militar com a ordem de não permitir que o prefeito oposicionista retomasse o
cargo, do qual fora afastado quase um ano antes, pela maioria de dois terços da câmara municipal, de
vereadores da Arena.
O choque entre a massa e a tropa foi sangrento. Mais sangrento do que todos os demais conflitos
daquele 1968, o ano que não terminou, o fluir dos dias finais interrompido tragicamente pelo AI-5,
de 13 de dezembro, uma sexta-feira fatídica. O massacre de Santarém tinha todos os componentes do
tipo de violência institucional que iria se espalhar pelo país a partir do Ato Institucional número 5.
Elias Pinto e Santarém, abalados por essas mortes, foram punidos pelo governo militar, o prefeito
com a perda do mandato e dos direitos políticos, o município com a supressão do direito democrático
de continuar a eleger o seu mandatário (o mesmo ato atingiria também a temida Santos, do “porto
vermelho” paulista).
O que poderia ser um drama local acabou sendo uma antecipação dos “anos de chumbo” que
cobririam o Brasil de trevas. Apesar da sua gravidade e importância, porém, esse acontecimento tem
sido relegado ao esquecimento, mesmo agora, quando completa 50 anos. Para que esse castigo não
permaneça, escrevi este livro, que é também uma homenagem ao personagem principal da história,
meu pai, Elias Ribeiro Pinto.
O livro poderia ser mais rico e completo, se eu tivesse disposto de tempo suficiente para processar
O livro poderia ser mais rico e completo, se eu tivesse disposto de tempo suficiente para processar
tanta informação acumulada em anos de pesquisa. Decidi combinar textos inéditos e já publicados
para não deixar passar em branco a data. Se me for possibilitada uma segunda edição, realizarei o
projeto original, com uma abordagem compatível com a dimensão do tema abordado.
Este livro é também de Iraci, Eliaci, Raimundo, Luiz, Elias Jr., Pedro e Paulo, o mundo mais
próximo de Elias, sua continuidade depois de dezembro de 1985, quando ele ficou pelo caminho
(seguido por Raimundo e Iraci, para tristeza de todos nós). Luiz Antônio ilustra e edita o livro.
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