sábado, 1 de setembro de 2018

ENTREVISTA: OBJETIVO DA LAVA JATO ERA ELIMINAR LULA E O PT DIZ JOSÉ DIRCEU AO 247


Em entrevista histórica concedida exclusivamente ao Brasil 247, o ex-ministro José Dirceu 
expõe suas memórias dos anos de chumbo, a resistência para manter a saúde mental sob o 
cárcere, além de apontar saídas para superar o golpe de Estado de 2016; "O objetivo da Lava 
Jato era eliminar Lula e o PT da vida pública, mas o partido e Lula crescem e contam com 
apoio do povo", avalia;

TV 247 - Guerrilheiro, líder estudantil, parlamentar, preso político, ministro, advogado, escritor, 
considerado por muitos o nome natural na transição de Lula na presidência da República. Estas são 
algumas marcas da trajetória de José Dirceu, que concedeu entrevista à TV 247, nesta semana, 
expondo memórias dos anos de chumbo da ditadura, sua resistência para manter a saúde mental sob 
o cárcere, além de apontar saídas para superar o golpe de Estado de 2016. "O objetivo da Lava Jato 
era eliminar Lula e o PT da vida pública", avalia. 
Dirceu foi preso político três vezes: em 1968, por ter participado do Congresso da UNE (União 
Nacional dos Estudantes) em Ibiúna (SP); pela condenação na Ação Penal 470, em 2013, e no que 
ele classifica como "espetáculo midiático da Lava Jato", em 2017. Parte dessas relatos está no livro 
"Memórias - Volume 1" (Editora Geração), uma obra autobiográfica que escreveu na última vez em 
que esteve preso, contando apenas com uma cama de apoio, papel e caneta.
"O que é um fim de semana na prisão? Após a visita dos familiares que ocorriam às sextas, brinco 
que tínhamos a depressão pós-visita, a DPV. Para combater isso alguns dormem, outros cozinham, eu 
resolvi começar a escrever todos os sábados e domingos", relata.
Lava Jato - A operação midiática
O ex-ministro destaca que o objetivo da Lava Jato era retomar o fio da Ação Penal 470, também 
conhecida como "mensalão", tendo como foco a eliminação do PT. "Porém, ocorreu o oposto disso, 
Lula tem condições de ganhar as eleições no primeiro turno, o PT será o partido mais votado na 
Câmara dos Deputados, existe um grande apoio popular em torno da sigla", descreve.
Mesmo não atuando oficialmente em nenhuma instância de direção do PT, e não falando em nome 
do partido, como faz questão de enfatizar na entrevista, Zé Dirceu passa seus dias em conversas com 
os colegas da legenda, orientando e também ouvindo conselhos, participando ativamente da vida 
política do País.
Ao analisar o complexo cenário das eleições de 2018, ele considera "que o PT poderá sair vitorioso 
no pleito eleitoral", alertando que "para manter a governabilidade, a mobilização social é 
fundamental". "Precisamos do poder popular como um punho de aço para garantirmos um governo 
sem golpes de Estado", enfatiza.
Ele observa os rumos da candidatura de Lula, que poderá ser arbitrariamente barrada pela lei da 
Ficha Limpa, e enfatiza que o PT irá até o último limite para registrar o nome do ex-presidente como 
candidato. No caso de um eventual impedimento jurídico, Fernando Haddad, hoje candidato a vice, 
será o candidato natural da sigla, acrescenta. "Não existe nenhuma contradição nisso".
Questionado sobre o espectro fascista que ronda o País, com a ascensão da extrema-direita, Dirceu 
acredita que "a elite brasileira nem se dará ao trabalho de tapar o nariz para votar no Bolsonaro", e 
que o candidato do PSL "representa a continuação da política do golpe". "Não devemos subestimá-
lo", alerta.
Influência dos EUA no golpe de 2016
Dirceu considera que, nas últimas duas décadas, os EUA ocupam países e constituem governos 
aliados às suas políticas. "Só não aconteceu na Síria porque a Rússia e o Irã impediram", analisa.
Dentro do contexto internacional altamente bélico e de luta hegemônica, Dirceu lamenta o papel que 
os militares desempenham no Brasil. "Aos poucos, eles se entregam aos EUA e abandonam a 
política de soberania inaugurada por Lula", condena.
"Não estou aqui criando nenhuma teoria da conspiração, mas há a mão do interesse norte-americano 
no impeachment da ex-presidente Dilma, apoiado pelos interesses da mídia e do empresariado", 
conclui.

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