sexta-feira, 31 de agosto de 2018

VENEZUELA COBRA DÍVIDA E AMEAÇA SUSPENDER REPASSE DE ENERGIA A RORAIMA


Em meio às pressões feitas pelo governo Michel Temer contra o governo de Nicolás Maduro, a 
estatal energética venezuelana Corpolec, que fornece energia elétrica para Roraima, ameaça 
suspender o fornecimento para o estado por causa de uma dívida de US$ 30 milhões da 
Eletronorte; Eletronorte alega "dificuldades operacionais" para transferir os US$ 4 milhões 
mensais pagos pelo fornecimento de energia – serviço que vem sendo prestado regularmente 
desde 2001.

Alex Rodrigues, repórter da Agência Brasil - A estatal energética venezuelana Corpolec, que 
fornece energia elétrica para Roraima, ameaça suspender o fornecimento para o estado por causa de 
uma dívida da Eletronorte. Roraima é a única unidade da federação que não está interligada ao 
sistema elétrico nacional, e depende do país vizinho para garantir o abastecimento energético.
A Eletronorte reconhece que tem uma dívida de US$ 30 milhões com a estatal venezuelana, mas diz 
que o débito não resulta de falta de dinheiro em caixa para pagar a Corpoelec, e sim de "dificuldades 
operacionais" para transferir os US$ 4 milhões mensais atualmente pagos pelo fornecimento de 
energia – serviço que vem sendo prestado regularmente desde 2001.
Ainda de acordo com a Eletronorte, as dificuldades de transferência de dólares para o país vizinho 
por meio do banco em que a Corpoelec tem conta começou após o governo dos Estados Unidos 
impor uma série de medidas restritivas contra a Venezuela, seu presidente, Nicolás Maduro, e altos 
funcionários do governo.
Fornecimento por termelétricas

O Ministério de Minas e Energia confirmou que a Eletronorte tem enfrentado dificuldades para 
remeter os pagamentos à Corpoelec e garantiu que o governo federal está empenhado em buscar uma 
solução institucional para o problema. Na última terça-feira (28), o tema foi tratado em uma reunião 
ministerial no Palácio do Planalto.
O ministério minimizou o potencial de prejuízo para a população de Roraima caso o fornecimento 
seja temporariamente suspenso, pois a demanda seria suprida por usinas termelétrica acionadas em 
casos emergenciais.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reitera que as usinas termelétricas de Roraima estão 
preparadas para suprir eventual falha no fornecimento de energia elétrica pela Venezuela, mas isso 
irá encarecer os custos e pode ocasionar uma alta no preço da conta de luz de todos os brasileiros.
"As termelétricas têm um custo de operação mais elevado e, portanto, trazem custo adicional para a 
operação do sistema. Esse custo eventual é recuperado no âmbito da Conta de Desenvolvimento 
Energético, portanto, é custeado por todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional", 
informou a Aneel à Agência Brasil.
Para o chefe da Casa Civil do governo de Roraima, Frederico Linhares, além de encarecer a conta de 
luz, contar com o aporte das termelétricas não é a solução adequada. "O parque térmico não é 
suficiente para suprir a demanda do estado, que já sofre com a falta de energia elétrica quase que 
diariamente e paga uma das tarifas mais caras do país. Precisamos de uma solução rápida para este 
problema com a Venezuela e acredito que o governo federal tem os instrumentos necessários para, 
em conjunto com as autoridades venezuelanas, buscar uma alternativa a qualquer problema 
operacional", argumentou Linhares.
Pedido de informações
Segundo Linhares, o governo estadual ainda não recebeu informações oficiais a respeito da situação. 
"No ofício que enviamos na segunda-feira [27], pedimos respostas em um prazo de 48 horas. Mesmo 
assim, até o momento, não recebemos nenhuma informação", disse Linhares, sobre os 
questionamentos feitos a órgãos federais como o Ministério de Minas e Energia, Casa Civil, 
Itamaraty e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), além do Banco Central e das empresas 
Eletrobras e a sua subsidiária, a Eletronorte.
De acordo com o chefe da Casa Civil, representantes do governo estadual têm conversado com 
autoridades venezuelanas e com diretores da Corpoelec. "É um contato extraoficial, facilitado pelo 
fato de sermos um estado fronteiriço que tem relações comerciais diretas com o país vizinho, mas 
eles nos dizem muito pouco. Nem sequer confirmam se de fato há uma ameaça de suspender o 
fornecimento para Roraima", acrescentou Linhares, criticando a falta de informações que permitam 
ao governo estadual tranquilizar a população.

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