sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Relação do Papa e Lula incomoda Igreja Conservadora do Brasil e Mídia Golpista


"Depois do terço, o livro. O Papa repete seu gesto de preocupação e afeto por Lula, maior líder 
político católico da história brasileira; mas a CNBB e a mídia conservadora ignoram. Uma 
porque é a porta-voz dos ricos que odeiam Lula; a outra, por covardia"

Por Mauro Lopes

Nem o serviço brasileiro do Vaticano (Vatican News) nem o site da CNBB registraram a visita de 
Celso Amorim ao Papa nesta quinta (2), o fato de ele ter recebido o livro de Lula e as declarações de 
Francisco, preocupado Lula e com o que chamou de "golpes de luvas brancas" na América Latina -o 
livro é "Lula - a verdade vencerá", que tive o privilégio de editar pela Boitempo Editorial.
Por sinal, até agora, o Papa fez dois gestos concretos na direção de Lula: mandou-lhe um terço e uma 
mensagem pessoal através de Juan Grabois e agora recebeu Celso Amorim e manifestou sua 
preocupação com a situação de Lula e do país. Fez mais, mandou uma mensagem de seu próprio 
punho, que diz (o texto original está em espanhol): "A Luiz Inácio Lula da Silva com a minha 
bênção, pedindo-lhe para orar por mim, Francisco".
O Vatican News, controlado pelos conservadores, mentiu escandalosamente no primeiro episódio e 
agora ficou quieto no segundo.
E a Igreja brasileira? Nenhuma delegação da CNBB ou bispo visitaram Lula, que é declaradamente 
católico -o maior líder político católico da história brasileira.
Foram a Curitiba líderes de diversas religiões e credos. Dos católicos, lá estiveram Leonardo Boff, 
Frei Betto, padre Júlio Lancellotti, o monge Marcelo Barros e frei Sérgio Görjen. Da hierarquia, 
ninguém. Uma vergonha.
Quanto à imprensa conservadora, que fez uma campanha mentirosa e agressiva contra a mídia 
independente do país, acusando-nos de "fake news" no episódio do envio do terço e da mensagem 
papal a Lula, até agora não se retratou, depois de ter sido desmoralizada. Hoje, o UOL/Folha e o 
Valor deram notas discretas sobre a visita de Celso Amorim e, desta vez, não distorceram -gato 
escaldado tem medo de água fria, não é?
O Papa Francisco, talvez o mais popular da história, manda mensagens e presente para o maior líder 
católico da história do Brasil, feito prisioneiro político, recebe seu ex-chanceler, ganha de presente 
um livro de entrevistas de Lula, diz que está preocupado com o que está acontecendo, manda uma 
benção de próprio punho ao ex-presidente e a Igreja no Brasil e a mídia conservadora fazem de conta 
que nada aconteceu.
As ações do Papa mereceriam manchete em qualquer canto do mundo e seriam seguidas 
imediatamente de iniciativas da Igreja local.
Quanto às mídias, é uma questão de escolha de lado -o da perseguição a Lula. Quanto à CNBB e aos 
bispos, é covardia mesmo.

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