sábado, 9 de junho de 2018

SÓCIOS ! A SOCIEDADE DOS VIRA LATAS: PEDRO PARENTE E FHC


Reportagem do Jornal do Brasil aponta vínculos econômicos entre o ex-presidente FHC e 
Vira lata Parente, que presidiu a Petrobras e deixou um rastro de destruição econômica, 
após a greve dos caminhoneiros, que foi consequência de sua política irresponsável de preços.

Do Jornal do Brasil Pedro Pullen Parente, quando era secretário-adjunto do Tesouro, no governo 
Sarney, fez uma das mais complexas operações na estrutura fiscal do país. Por determinação da 
Constituição, cortou, em 1988, o cordão umbilical entre o Tesouro Nacional, Banco Central e Banco 
do Brasil, tarefa em aberto desde a criação do BC, em 1964. Outra foi a gestão da crise de energia, 
em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso. Era, então, chefe da Casa Civil. Essas operações 
lhe deram a fama de administrador eficiente. Motivo que o guindou ao comando da Petrobras, em 1º 
de junho de 2016.
A última aparição de Parente no cenário político nacional durou exatos dois anos. Findou por conta 
de atritos com o Planalto sobre a política de preços dos combustíveis da estatal. Durante o comando 
da Petrobras, manteve relações perigosas com pessoas influentes na conjuntura financeira do país. 
Como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem ainda é sócio na incorporadora Sarlat 
Empreendimentos e Participações. Também fazem parte do quadro societário o ex-ministro das 
Relações Exteriores de FHC, Celso Lafer, e Lucia Hauptmann, ex-mulher de Parente.
Outra sociedade de Parente, todavia, foi desfeita há menos de um mês. Segundo consta em Certidão 
da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), no dia 10 de maio de 2018, Parente, 
Hauptmann, Lafer e Paulo Henrique Ferro – outro sócio de FHC na Sarlat – venderam cotas da 
Montignac Empreendimentos Imobiliários ao engenheiro Fernando Ribeiro Bau. O novo proprietário 
trocou o nome da construtora para Life LS e transferiu sua matriz para Curitiba, sede da Lava Jato. 
Bau é ex-presidente da Estre Ambiental, maior coletora de lixo do Brasil, implicada na operação. O 
antigo endereço da Montignac, Rua Tenente Negrão, 140, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, era 
o mesmo da Sarlat e da Prada Assessoria Empresarial, ambas de Parente.
A Prada, responsável por gerir finanças de famílias milionárias, prosperou durante o período em que 
Parente esteve à frente da Petrobras. A empresa incorporou clientes ainda mais abastados, famílias 
bilionárias e até mesmo companhias. Uma das sócias da Prada é Maria Leticia Freitas, conselheira da 
seguradora BB Mapfre, controlada pelo Banco do Brasil. Pode ter pesado o fato de que o atual 
presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, tenha sido vice-presidente Financeiro do banco de 2009 a 
2015.
A seguradora tem algumas dezenas de milhões em contratos ativos com a Petrobras. Destes, três 
(somam R$ 3 milhões) foram fechados na gestão de Parente na modalidade convite. O que significa 
que a contratação foi feita com a apresentação de apenas três orçamentos.
"Empresas de gaveta"
Segundo advogados especializados em direito societário ouvidos pelo JORNAL DO BRASIL, o uso 
do mesmo endereço é comum em casos de "empresas de gaveta". No episódio dos Panama Papers, 
por exemplo, várias empresas brasileiras envolvidas na Lava Jato tinham como sede os mesmos 
escritórios de advocacia no centro financeiro panamenho.
Além da Prada, Pedro Parente e Lucia Hauptmann encabeçam a Viedma Participações, criada para 
investir em negócios diversos. Pela Viedma, Parente e Lucia são também sócios minoritários da 
Sarlat Empreendimentos. A Viedma Participações tem R$ 166.600 em cotas da Sarlat 
Empreendimentos, e se faz presente na Kenaz Participações, de José Berenguer, que é presidente do 
JPMorgan no Brasil.
Com canais de crédito reabertos, a Petrobras conseguiu captar bônus de longo prazo a juros de 2% 
acima das taxas de mercado e resgatou, no dia 10 de maio (mesmo dia em que Parente vendeu 
sociedade para Fernando Bau), empréstimo de US$ 600 milhões com juros de 2,5% acima do 
mercado junto ao JPMorgan. A estatal explicou a operação, em fato relevante, no dia seguinte. Mas a 
Federação Única dos Petroleiros (FUP) foi à Justiça para questionar o negócio. Uma vez que o 
presidente do JPMorgan Brasil, José Berenguer, é sócio indireto do então presidente da Petrobras.
Segundo a revista "Exame", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria participado de comitê 
consultivo criado em 2017 pela filial brasileira do JPMorgan para discutir decisões estratégicas do 
grupo no país. Em conversas com o JB nas últimas duas semanas, Fernando Henrique Cardoso 
negou que tenha feito parte de conselho do banco. Com relação à sociedade com Pedro Parente 
afirmou, em 28 de maio, desconhecer a existência da Viedma. No dia 1º de junho, ao ser confrontado 
com documento da Jucesp e ter lamentado a saída de Parente da Petrobras, disse:
"Não sou nem nunca fui sócio do Pedro Parente. Se eventualmente ambos temos dinheiro em algum 
fundo – e não estou certo disso – isso não me leva a tê-lo como sócio". Sobre sua relação com José 
Berenguer, comentou que conhece o presidente do JPMorgan, "cordialmente, sem maiores 
proximidades".
De acordo com o JPMorgan, demandas referentes ao comitê estratégico são, hoje, atendidas pela 
Gávea Investimentos. A gestora de recursos de terceiros tem como um dos sócios Arminio Fraga, ex-
presidente do Banco Central no governo FHC. Contatada, a Gávea não respondeu até o fechamento 
desta reportagem quem controla e como funciona o conselho.

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