domingo, 17 de junho de 2018

SERVIDORES DERRUBAM A TENTATIVA DE LOTEAMENTO FISIOLÓGICO E PAULO CARNEIRO É O NOVO PRESIDENTE DO ICMBIo

Os servidores venceram, diz o novo presidente do ICMBio

Nomeado nesta sexta-feira (15/6) para a presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade (ICMBio), o analista ambiental Paulo Carneiro foge do padrão dos apadrinhados 
políticos indicados recentemente pelo governo para ocupar a cadeira que o oceanógrafo Ricardo 
Soavinski deixou vazia em abril. Justamente por isso, cumpre bem os critérios da autarquia para 
assumir a função: é servidor de carreira, integrante do quadro do ICMBio desde a fundação, em 
2007, e tem anos de experiência em parques nacionais e unidades de conservação ambiental.
Carneiro era o indicado inicialmente para o cargo. A nomeação foi atropelada por duas tentativas do 
governo de agradar aliados políticos ligados ao Pros, mas, devido à pressão de servidores e 
ambientalistas indignados com o “loteamento dos cargos”, o novo presidente assumiu a função. Em 
conversa com o Blog, ele contou quais são as prioridades da nova gestão e pontuou os desafios que 
ainda precisam ser enfrentados. Veja os principais trechos da entrevista.

Houve uma grande mobilização no ICMBio desde que o ex-presidente deixou o cargo, em abril, 
para evitar que algum indicado político passasse a ocupar a cadeira. Acha que esses 
movimentos foram necessários?
A posição que temos — não só eu, mas toda a diretoria do ICMBio — é de que a mobilização dos 
servidores foi legítima e positiva. Eu sou servidor de carreira, estou aqui desde que o ICMBio foi 
fundado, e a gente entende que esse tipo de manifestação trabalha em prol do fortalecimento da 
instituição.
O senhor tem relação política com algum partido?

Não. A minha indicação foi encaminhada porque componho a diretoria desde o início. Foi baseada 
na continuidade do que a gente vinha trabalhando e na consolidação dos ganhos que a gente 
construiu.
Mas existe a possibilidade de novas indicações políticas para outros cargos?
São 335 unidades de conservação. Cada uma tem um cargo, e a gente preza para que as indicações 
para todos eles tenham critérios técnicos. Pode acontecer, em alguns momentos, de isso não ser 
possível. Mas é uma base, desde o início do ICMBio, que seja.
Um dos atrativos do ICMBio para os políticos é o recurso do fundo de R$ 1,4 bilhão para c
compensação ambiental. Qual vai ser a destinação desse dinheiro?
Essa foi uma das inovações jurídicas que a gente conseguiu em 2018. Esse dinheiro da compensação 
existe desde 2000, mas, em função da dificuldade da execução, foi acumulando. Em 2013, teve uma 
decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que recomendou o uso do jeito que a gente estava 
trabalhando, através de um banco. Agora, com essa nova legislação, esse dinheiro estaria disponível 
para trabalharmos na regulamentação interna do que precisa ser feito. Esse dinheiro, desde a origem, 
tem funções definidas, amarradas. Prioritariamente para aquisição de terras e uso determinado pela 
câmara de compensação ambiental. Não é um dinheiro solto.
Qual será o primeiro passo, agora que o senhor assumiu a presidência do instituto?
Consolidar os ganhos que a gente trabalhou nos últimos anos para conseguir. Estamos trabalhando na 
seleção do agente financeiro para o emprego desses recursos. São recursos bastantes importantes 
para o ICMBio. A MP que aprovou o fundo (sancionada pelo presidente Michel Temer em 
dezembro) criou um novo marco regulatório para concessão e uso público das áreas de proteção 
ambiental. Na segunda-feira (18/6), teremos o lançamento das consultas para editais de concessão de 
cinco unidades de conservação. O foco, nesse fim de governo, é conseguir reabrir dois que já estão 
com análise finalizada: o Parque Nacional do Pau Brasil (na Bahia) e o Parque Nacional da Chapada 
dos Veadeiros (em Goiás), além da consulta aos editais de outras cinco unidades.
E que desafios o senhor espera enfrentar nessa gestão?
Os desafios para a gestão nas unidades de conservação no Brasil são bastante grandes. O número de 
funcionários do ICMBio é uma questão importante. Nos últimos dois anos, a gente criou mais de 50 
unidades de conservação, a área protegida federal mais que dobrou no Brasil. Mas os servidores 
diminuíram de 1,9 mil para 1,6 mil.
E como vocês têm contornado o problema?
Hoje a gente enfrenta o problema por meio de parcerias, processos de concessão de serviços que não 
são típicos de funcionários públicos. Estamos enfrentando, mas é necessário que haja novos 
concursos.
Há previsão de novos concursos?
A gente vem trabalhando junto com o Ministério do Planejamento, mas ainda não tem sinalização 
nesse sentido.

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