sábado, 16 de junho de 2018

MINISTRO DO TSE ANUNCIA MAIS UM GOLPE CONTRA LULA


O ministro do TSE Admar Gonzaga afirmou que o registro da candidatura de Lula poderá ser 
rejeitado de ofício alegando que dentre os documentos necessários está uma certidão que 
comprova se o postulante está ou não condenado por um órgão colegiado; "A certidão tem fé 
indiscutível. Eu vou perguntar a ele alguma coisa? Ele confessou para mim, juiz, que é 
inelegível. Me desculpem, a decisão vai ser de ofício", afirmou
Lula concede ao jornal cubano Granma sua primeira 
entrevista depois de preso: "Eles querem me tirar da eleição", 
diz Lula em primeira entrevista após prisão.

Em sua primeira entrevista jornalística depois de preso, concedida ao repórter Elson Concepción Pérez do jornal cubano Granma, Lula afirma: “A injustiça contra mim é uma injustiça contra todo o povo brasileiro.” Lula diz mais: “Este é um processo político, esta é uma prisão política. Para me prender, desrespeitaram a Constituição”.

A injustiça contra mim é uma injustiça contra o povo brasileiro
O líder sindical, homem que no seu mandato como presidente do Brasil impulsionou leis e planos sociais que permitiram que cerca de 30 milhões de brasileiros saíssem pobreza, que todas as pesquisas eleitorais mostram-lhe como o favorito para ganhar a eleição presidencial de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu a uma entrevista ao Granma. As perguntas lhe foram enviadas por uma “mão amiga” brasileira.
A entrevista não poderia ser – por razões óbvias – tão ampla quanto este jornalista desejaria. No entanto, o fato dele ter dedicado parte do seu tempo para responder às nossas perguntas, agrega valor não apenas aos leitores cubanos, mas também àqueles do mundo inteiro.

– Como candidato à Presidência do Brasil com o maior apoio popular onde todas as pesquisas 
indicam como favorito, como você classifica esta perseguição e prisão a que foi submetido?

-É um processo político, uma prisão política. O processo contra mim não aponta um crime, nem há provas. Eles tiveram que desrespeitar a Constituição para me prender. O que está se tornando cada vez mais transparente para a sociedade brasileira e para o mundo é que eles querem me tirar das eleições de 2018. O golpe em 2016, com a retirada de uma presidenta eleita, indica que eles não admitem que as pessoas votem em quem quiserem votar.

A prisão tem sido, para muitos líderes presos pelo simples fato de lutar pelo povo, um lugar de 
reflexão e organização de ideias para continuar a luta. No seu caso, como você enfrenta esses 
primeiros dias, já que não consegue entrar em contato com as pessoas?
-Estou lendo e pensando muito, é um momento de muita reflexão sobre o Brasil e principalmente no que tem acontecido nos últimos tempos. Estou em paz com a minha consciência e duvido que todos os que mentiram contra mim durmam com a tranquilidade que durmo. Claro que eu gostaria de ter liberdade e estar fazendo o que fiz durante toda a minha vida: falar com o povo. Mas estou ciente de que a injustiça que está sendo cometida contra mim também é uma injustiça contra o povo brasileiro .

– Quão importante é saber que em todos os estados brasileiros há milhares de compatriotas a 
favor de sua libertação?
-A relação que tenho construído ao longo de décadas com o povo brasileiro, com as entidades dos movimentos sociais, é uma relação de muita confiança e é algo que eu aprecio muito, porque durante minha carreira política sempre insisti em jamais trair essa confiança, e eu não trairia essa confiança por nenhum dinheiro, por um apartamento, por nada. Foi assim antes de ser presidente, durante a Presidência e depois dela. Então, para mim, essa solidariedade é algo que me empolga e me encoraja a permanecer firme.
– Como definir o conceito de democracia imposto como patrono da oligarquia para descartar 
os líderes de esquerda para que eles não ocupem o poder?

– A América Latina viveu nas últimas décadas seu momento mais forte de democracia e conquistas sociais. Mas recentemente as elites da região estão tentando impor um modelo onde o jogo democrático só é válido quando eles ganham, o que, claro, não é democracia. Então é uma tentativa de fazer uma democracia sem o povo. Quando não sai do jeito que eles querem, eles mudam as regras do jogo para beneficiar a visão de uma pequena minoria. Isso é muito sério. E estamos vendo isso, não só na América Latina, mas em todo o mundo, um aumento da intolerância e perseguição política. Isso aconteceu no Brasil, na Argentina, no Equador e em outros países.

– Que mensagem você envia para todos aqueles que, no Brasil e no mundo, são solidários com 
você e exigem sua libertação imediata?
-Eu agradeço toda a solidariedade. É necessário estar em solidariedade com o povo brasileiro. O desemprego aumenta, mais de um milhão de famílias voltaram a cozinhar com lenha por causa do aumento do preço do gás de cozinha, milhões que deixaram a miséria estão voltando a não ter mais o que comer, até mesmo a classe média perdeu emprego e renda.
O Brasil estava em uma trajetória de décadas de progresso democrático, de participação política e com os avanços sociais, que se aceleraram com os governos do PT, que venceram quatro eleições consecutivas.
O golpe não foi só contra o PT. Eles não me prenderam apenas para prejudicar o Lula. Fizeram contra um modelo de desenvolvimento nacional e inclusão social. O golpe foi feito para eliminar os direitos dos trabalhadores e aposentados, conquistados nos últimos 60 anos. E as pessoas estão percebendo isso. E vamos precisar de muita organização para voltar a ter um governo popular, com soberania, inclusão social e desenvolvimento econômico no Brasil.
Lula aproveitou a entrevista para enviar duas mensagens especiais: “Aproveito esta oportunidade para agradecer as saudações de solidariedade de Raul Castro e Miguel Diaz-Canel, que foram transmitidos a mim por Frei Betto,” o mesmo amigo que enviou as respostas dessa entrevista.

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