sábado, 30 de junho de 2018

FAVORITO, LOPEZ OBRADOR ENCERRA CAMPANHA NO MEXICO COM PÚBLICO DE 80 MIL PESSOAS

Para Obrador, a primeira tarefa é garantir que o processo eleitoral do próximo domingo seja 
limpo, transparente e sem fraude; esta é terceira vez que ele concorre às eleições presidenciais

Publicado originalmente em Brasil de Fato


O encerramento da campanha do candidato progressista Andrés Manuel López Obrador, do partido 
Movimento de Regeneração Nacional (Morena), confirmou seu favoritismo na eleição presidencial 
do México, no próximo domingo (01/07). Em um evento massivo, poucas vezes visto na política 
mexicana, realizado na noite dessa quarta-feira (27/06), no estádio Azteca, meca do futebol no país, 
o candidato falou para um público de 80 mil pessoas. "Se o que está acontecendo hoje no México 
não for o movimento político mais importante do mundo, é um dos mais importantes", disse.
Em seu discurso, Obrador anunciou as principais linhas do seu governo, caso seja eleito. Começou 
dialogando com o campo político da esquerda, de quem é mais próximo. "Buscaremos empreender 
uma transformação pacífica e ordenada, sim, mas não menos profunda que a luta pela independência, 
a reforma e a revolução. Não fizemos todo esse esforço por meras mudanças domésticas, 
superficiais, e muito menos para nos conformar com mais do mesmo. A quarta transformação será 
pacífica, mas radical", declarou.
Apesar do tom radicalizado, Obrador não deixou de acenar também aos liberais: "[No meu governo] 
haverá um autêntico Estado de direito, sob a premissa liberal de que nada será feito à margem da lei 
e por cima da lei. Seremos respeitosos com a divisão dos poderes e a soberania dos estados e 
municípios. Haverá pleno respeito pelas manifestações das ideias, pelas liberdades civis e religiosas 
e será garantido o direito a discordar".
Esta é terceira vez que Obrador concorre às eleições presidenciais. Neste ano, ele chega com uma 
vantagem de 20 pontos sobre o segundo colocado nas pesquisas eleitorais, o candidato Ricardo 
Anaya, do Partido de Ação Nacional (PAN), de centro-direita.
O seu encerramento de campanha era para ser um final mais simples, no centro da Cidade do 
México. 
O partido Morena, do candidato López Obrador, planejava um evento na histórica Praça Zócalo, 
cercada de museus e história, como foi sua campanha em 2012. Mas o governador do Distrito 
Capital, José Ramón Amieva, do Partido de Ação Nacional (PAN), não permitiu. A justificativa era 
que o local receberia uma estrutura para abrigar os torcedores da Copa do Mundo, com telões e uma 
praça de alimentação. Para simpatizantes e eleitores de Obrador, o desafio havia sido lançado. 
Decidiram, então, ocupar o maior símbolo do futebol mexicano.
Mexicanos querem mudança
Três horas antes de começar o evento, o estádio Azteca estava lotado. Do lado de fora, a equipe de 
Obrador instalou telões pelos quais o público também podia acompanhar o encerramento da 
campanha. Obrador entrou no estádio por volta das 20h, através um corredor que passava no meio do 
público. Visivelmente emocionado, foi recebido com palavras de ordem que diziam: “¡Es un honor, 
estar con Obrador!” (É uma honra estar com Obrador!).
Logo na entrada do estádio, a percepção era de que a maior parte do público não era de militantes 
tradicionais, como em outras campanhas, mas de gente comum, como a dona de casa Patricia Godoy, 
de 60 anos, que queria ver Obrador falar. "Agora é diferente porque as pessoas estão cansadas das 
mentiras dos governos do PRI [Partido Revolucionário Institucional] e do PAN, que não fizeram 
nada pelo país. O México está cada vez pior, estão vendendo tudo o que é da nação. Temos a 
confiança de que López Obrador é quem vai nos livrar de tudo isso", destacou. 
O camponês Oscar Juarez, de 53 anos, também tem esperança que as coisas mudem. "Obrador é a 
única opção que temos para poder reverter as reformas, como a energética [que privatizou o setor 
elétrico e abriu o mercado petroleiro para empresas estrangeiras]. Essas reformas afetaram muito a 
vida dos camponeses e de todos os mexicanos, pois assaltam o nosso dinheiro. Esperamos que 
Obrador renacionalize o petróleo, pois esse potencial econômico é do México".
Assim como Oscar, o jovem estudante Yair Oliveira, de 23 anos, quer mudanças. "Temos confiança 
de que esse presidente possa transformar o México, fazer com que o país tenha uma melhor 
economia. Tirar esse governo que já leva vários anos. Obrador promete ajudar às pessoas que mais 
necessitam, os pobres, humildes. Ele se foca nisso, em nos apoiar, os que vêm de baixo. Ele quer que 
todos sejamos iguais, com acesso às mesmas oportunidades. Como jovem posso ter maior apoio, 
talvez terminar minha universidade e ter um trabalho onde me pagem bem", acredita.
Principais propostas
E foi para esse público que quer transformação que Obrador direcionou sua campanha e também seu 
discurso na noite dessa quarta-feira. "Sou um candidato com mais idade, mas os jovens, com sua 
imaginação e rebeldia, sabem que representamos o novo, a modernidade forjada desde baixo e para 
todos", disse.
O candidato afirmou ainda que seu governo estará comprometido com a geração de empregos, com a 
melhoria da qualidade de vida da classe mais pobre, com a distribuição de renda, com a produção de 
alimentos, com a economia nacional e com respeito mútuo entre as nações.
Disse que combaterá a violência que assola o país. "Não podemos permanecer indiferentes quando 
estão cometendo 89 homicídios diários. O saldo de violência nos últimos tempos é terrível. Desde o 
início do governo de Felipe Calderón [2006] até hoje foram assassinadas mais de 230 mil pessoas, 
segundo dados oficiais".
Informou também que a sua política de segurança será definida depois de dialogar com os diferente 
setores da sociedade afetados pela violência. "A política de segurança será definida depois de escutar 
os familiares das vítimas, os defensores de direitos humanos, religiosos, representantes da ONU e de 
organizações sociais, assim como especialistas, para analisar as alternativas".
Além disso, prometeu leis mais duras contra crimes eleitorais e a corrupção. No entanto, para 
Obrador, a primeira tarefa é garantir que o processo eleitoral do próximo domingo seja limpo, 
mas também cuidar das urnas eleitorais para impedir a manipulação e a fraude. Nos últimos dois 
processos eleitorais, em 2006 e 2012, houve denúncias graves de fraude eleitoral.

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