segunda-feira, 11 de junho de 2018

A MALDIÇÃO DO IMPEACHMENT PEGOU MAIS UM; AGORA O DESEMBARGUINHO “VESTAL” AUGUSTO NARDES, RELATOR DAS PEDALADAS

A maldição do impeachment pegou mais um

por Bernardo Mello Franco 


Eduardo Cunha foi preso. Aécio Neves caiu em desgraça. Michel Temer continua no palácio, mas 
não pode pisar na rua.
A maldição do impeachment tem sido implacável com os algozes de Dilma Rousseff. Agora chegou 
a vez de Augusto Nardes, o relator das pedaladas fiscais.
No fim de maio, a Polícia Federal vasculhou a casa do ministro do Tribunal de Contas da União. Os 
agentes apreenderam documentos e celulares. A operação foi realizada em sigilo, por ordem do 
Supremo Tribunal Federal. Veio à tona na quarta-feira, no site da revista Época.
Nardes apareceu na delação de Luiz Carlos Velloso, um dos réus confessos da quadrilha de Sérgio 
Cabral. Ele disse à Justiça que pagou despesas pessoais do ministro. No pacote, incluiu até 
mensalidades escolares. Segundo o delator, o ministro do TCU também recebeu propina de Fernando 
Cavendish, o empreiteiro que bancava as farras do ex-governador do Rio.
Não é a primeira vez que o investigador vira investigado. Nardes já havia sido citado na Operação 
Zelotes, que apura fraudes fiscais. Também foi delatado ao menos duas vezes na Lava-Jato. Renato 
Duque, o ex-diretor da Petrobras, disse que ele recebeu propina de R$ 1 milhão.”
Até agora, o ministro esteve a salvo de conduções coercitivas ou prisões temporárias. As buscas em 
sua casa são uma novidade porque indicam que essa blindagem pode ter começado a ruir. Procurado 
na quarta, ele não quis se manifestar sobre a operação.
Antes de se enrolar, Nardes foi peça-chave na derrubada de Dilma. Seu relatório sobre as pedaladas 
deu pretexto formal para o processo de impeachment. Às vésperas do julgamento, ele posava de 
vestal.
Numa entrevista, disse que o país não podia mais “passar a mão na cabeça das autoridades em 
detrimento do povo” brasileiro. “Temos que dar um basta a isso”, bradou. Houve quem sugerisse 
lançá-lo ao Planalto.”
Ex-deputado do PP, Nardes foi indicado ao TCU por Severino Cavalcanti, aquele que exigiu a 
diretoria da Petrobras “que fura poço e acha petróleo”.
Antes de virar ministro, fez acordo para escapar de uma acusação por crime eleitoral e peculato. 
Quando ele pontificava contra a corrupção, sua ficha já era bem conhecida em Brasília.

Nenhum comentário: