quinta-feira, 10 de maio de 2018

DOCUMENTO REVELA QUE PRESIDENTES MILITARES NÃO PASSAVAM DE ASSASSINOS DISFARÇADOS QUE AUTORIZARAM ASSASSINATOS


Durante o governo do general Emílio Médici (1969-1974), pelo menos 104 brasileiros foram 
assassinados sumariamente por militares do Centro de Informações do Exército (CIE); 
revelação foi feita nesta tarde pelo doutor em Relações Internacionais e professor da FGV, 
Matias Spektor, que divulgou documento do Departamento de Relações Exteriores dos EUA a 
partir de relato da CIA; segundo Spektor, logos após sua posse, em 1974, o general Ernesto 
Geisel foi informado das execuções pelos dirigentes do CIE e pelo seu indicado para o Serviço 
Nacional de Informações (SNI), o general João Figueiredo; Geisel autorizou a continuação dos 
assassinatos, mas fez duas ressalvas: 'apenas subversivos perigosos' e cada novo homicídio 
seria analisado e autorizado por Figueiredo.

247 - Documentos do Departamento de Relações Exteriores dos Estados Unidos apontam o 
envolvimento direto dos presidentes Emíliio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista 
Figueiredo no assassinato de mais de uma centenas de brasileiros durante a ditadura militar no Brasil.
A revelação foi feita pelo escritor, doutor em Relações Internacionais e professor da FGV, Matias 
Spektor. Em sua página no Facebook, Spektor apresenta um relato da CIA sobre reunião ocorrida em 
março de 1974 entre o General Ernesto Geisel, então empossado na Presidência, com o general João 
Figueiredo, indicado por Geisel para o Serviço Nacional de Informações (SNI), e outros dois 
assessores: o general que estava deixando o comando do Centro de Informações do Exército (CIE), o 
general que viria a sucedê-lo no comando. 
"O grupo informa a Geisel da execução sumária de 104 pessoas no CIE durante o governo Médici, e 
pede autorização para continuar a política de assassinatos no novo governo. Geisel explicita sua 
relutância e pede tempo para pensar. No dia seguinte, Geisel dá luz verde a Figueiredo para seguir 
com a política, mas impõe duas condições. Primeiro, 'apenas subversivos perigosos' deveriam ser 
executados. Segundo, o CIE não mataria a esmo: o Palácio do Planalto, na figura de Figueiredo, teria 
de aprovar cada decisão, caso a caso", relata Matias Spektor.
"De tudo o que já vi, é a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime (Médici, Geisel 
e Figueiredo) com a política de assassinatos. Colegas que sabem mais do que eu sobre o tema, é 
isso? 
E a pergunta que fica: quem era o informante da CIA?", questiona.
Leia na íntegra o relato de Mathias Spektor:
Este é o documento secreto mais perturbador que já li em vinte anos de pesquisa.
É um relato da CIA sobre reunião de março de 1974 entre o General Ernesto Geisel, presidente da 
República recém-empossado, e três assessores: o general que estava deixando o comando do Centro 
de Informações do Exército (CIE), o general que viria a sucedê-lo no comando e o General João 
Figueiredo, indicado por Geisel para o Serviço Nacional de Inteligência (SNI).
O grupo informa a Geisel da execução sumária de 104 pessoas no CIE durante o governo Médici, e 
pede autorização para continuar a política de assassinatos no novo governo. Geisel explicita sua 
relutância e pede tempo para pensar. No dia seguinte, Geisel dá luz verde a Figueiredo para seguir 
com a política, mas impõe duas condições. Primeiro, “apenas subversivos perigosos” deveriam ser 
executados. Segundo, o CIE não mataria a esmo: o Palácio do Planalto, na figura de Figueiredo, teria 
de aprovar cada decisão, caso a caso.
De tudo o que já vi, é a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime (Médici, Geisel 
e Figueiredo) com a política de assassinatos. Colegas que sabem mais do que eu sobre o tema, é 
isso? E a pergunta que fica: quem era o informante da CIA?
O relato da CIA foi endereçado a Henry Kissinger, então secretário de Estado. Kissinger montou 
uma política intensa de aproximação diplomática com Geisel.
A transcrição online do documento está no link abaixo, mas o original está depositado em Central 
Intelligence Agency, Office of the Director of Central Intelligence, Job 80M01048A: Subject Files, 
Box 1, Folder 29: B–10: Brazil. Secret; [handling restriction not declassified].

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