quinta-feira, 8 de março de 2018

MULHERES OCUPAM JORNAL O GLOBO EM DEFESA DA DEMOCRACIA


Neste 8 de março, 800 mulheres de diversos movimentos populares ocuparam o parque gráfico 
do jornal da família Marinho no Rio de Janeiro; objetivo da ação, iniciada às 5h30 da manhã, 
é denunciar a atuação decisiva da empresa sobre a instabilidade política brasileira; 
manifestantes destacam a articulação da Globo contra a democracia; jornal O Globo, que 
apoiou os golpes de 1964 e 2016, foi peça central na destruição da democracia brasileira desde 
impedimento da presidenta Dilma em 2016 até perseguição ao ex-presidente Lula, para 
inviabilizá-lo como candidato em uma eleição democrática.

247, com informações do Levante Popular da Juventude – protesto no Dias Internacional da Mulher, 
800 mulheres de diversos movimentos populares ocuparam o parque gráfico do jornal impresso no 
Rio de Janeiro, que pertence ao grupo Globo Comunicação. O objetivo da ação, iniciada às 5h30 da 
manhã, é denunciar a atuação decisiva da empresa sobre a instabilidade política brasileira. Elas 
destacam a articulação da Globo no processo do golpe, desde o impedimento da presidenta Dilma em 
2016 até perseguição ao presidente Lula, para inviabiliza-lo como candidato em uma eleição 
democrática.
Participaram mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, do Levante Popular da 
Juventude, do Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento dos Pequenos Agricultores, 
além de moradoras de comunidades da cidade. “A Globo promove os golpes em pró de seus 
interesses empresariais, não interessa as consequências para o país. Por isso ela é criminosa. Ela não 
é inimiga só dos trabalhadores, ela é inimiga de toda a nação”, afirmou Ana Carolina Silva, do 
Levante Popular da Juventude.
Intervenção contra os direitos
As mulheres também deram visibilidade ao caráter político e contrário aos direitos do povo da 
intervenção militar no Rio de Janeiro. Com o mote “A Globo promove intervenção para dar golpe na 
eleição” elas lembram que o próprio golpista Michel Temer declarou que vai suspender o decreto 
caso tenha maioria na Câmara e no Senado para votar a reforma da Previdência.
Para Maria Gomes de Oliveira, da Direção do MST, se trata de uma questão eleitoral e de um 
processo de coação social. “A Globo e os articuladores desse processo abordam a intervenção militar 
no Rio de Janeiro como medida de segurança. Ao mesmo tempo em que ela promove o medo para 
manter a classe trabalhadora calada, Temer e aliados se aproveitam de um anseio da sociedade para 
esconder sua estratégia eleitoral”, explica.
A dirigente ressalta ainda que a empresa tem interesses econômicos na Reforma da Previdência. “A 
globo opera ativamente na política para manter seus lucros e o monopólio sobre a mente das pessoas. 
No caso da previdência, ela está diretamente ligada à Mapfre Seguros, uma empresa que presta 
serviços de previdência privada”. Para ela, o momento caracteriza um desvio de função das Forças 
Armadas. “Tanques e soldados armados com fuzil não resolvem a violência. Os militares deviam 
cuidar de proteger nossa soberania, inclusive as riquezas como o petróleo, a água, as terras, que o 
golpista está entregando numa bandeja para o capital internacional”, afirma.
Ana Paula Silva destaca que a taxa de desemprego beira a 12% e, assim com o desmonte de serviços 
básicos de educação e saúde, são fatores que contribuem para o aumento da violência. “O crime se 
combate com o desenvolvimento de uma política de segurança e não com intervenção militar. 
Sabemos que o caminho é crescimento econômico e políticas públicas para o povo, mas para garantir 
isso precisamos retomar a democracia que perdemos com o golpe. Garantir eleições sem fraude é 
central para barrar os ataques aos direitos dos brasileiros”, garante a militante.
Decadência
O parque gráfico ocupado é o maior da América Latina. Sua construção foi, em parte, financiada 
pelo BNDES, com o montante de R$ 217 milhões, em valores atuais. Ele foi projetado para a 
impressão de 800 mil jornais diários, mas a média de produção do O Globo em 2017 não passa de 
130 mil exemplares/dia, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Ou seja, não 
utiliza nem 50% da capacidade produtiva.
“Este lugar é um elefante branco a serviço da desinformação. Com tanto recurso público investido, 
deveriam ao menos se dignar a fazer um jornalismo de qualidade. Não é à toa que o jornal está em 
decadência. As trabalhadoras não engolem mais as mentiras e manipulações da Globo”, afirmou.
A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que tem por lema a célebre 
frase de Rosa Luxemburgo “Quem não se movimenta, não sente as cadeias que a prendem”.

Nenhum comentário: