sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

APÓS TER SIDO BLOQUEADO POR 3 DIAS PELO FACEBOOK POR TER COMPARTILHADO MATERIA DE SEBASTIÃO SALGADO COM FOTOS LINDAS DE INDIOS ... LÁ VAI O MEU REPUDIO !!!


FACEBOOK ODEIA INDIOS !!! ACHA ELES PORNOGRÁFICOS PRINCIPALMENTE 
QUANDO SE VESTEM DE INDIOS !!

Lamentável que uma empresa de 1/2 trilhão de dólares não saiba distinguir cultura de 
pornografia. Ao coibir posts de saberes e modos de vida que estão se acabando, corrobora pra 
que acabem de vez.
FACEBOOK NÃO QUER INDIO VESTIDO DE INDIO
Por Caetano Scannavino-coordenador do Projeto Saude e Alegria

TOMEI BLOCK do Facebook porque compartilhei a bela reportagem da Folha com o trabalho 
genial do premiado fotógrafo Sebastião Salgado em defesa dos Korubos. Foi inclusive objeto de 
capa desse jornal, aliás, um dos que mais circulam no país, alcançando diariamente milhares de lares 
da família brasileira.


Essa não foi a 1a vez. Chacina pode, tortura pode, sangue pode… mas índio vestido de índio não
pode. Aí, a gente é jogado na quarentena sem poder postar, curtir, interagir… E a ficha corrida como
pornógrafo reincidente só vai aumentando, junto com os dias de gancho.



Antes já havia sido punido por homenagear as mulheres indígenas, e até por compartilhar apenas
links de matérias como da Pública, retratando a difícil realidade que poucos conhecem dos povos
tradicionais da Amazonia. E precisam conhecer.
Mas vai ficando complicado pra caras como o escriba aqui, que vem do fotojornalismo, trabalha na
Amazônia, se dedica a apoiar seus povos e culturas, se não pode mais publicar imagens de índios
como índios.
Pior ainda para os próprios indígenas, bloqueados da rede por compartilharem fotos de onde vivem,
dos parentes, dos rituais, do dia-a-dia nas aldeias... E não são poucos.
Aqui, Ysani Kalapalo fala sobre sua página recentemente banida por divulgar sua cultura: “Desde
quando nossa maneira de ser é incitação à pornografia?” – questiona ela neste video.


Post na nova página que teve que abrir e começar tudo de novo
Numa rede que tem de tudo, há os que de fato promovem a exploração sexual e pra isso existe a
ferramenta de denúncia. Só que há também os bloqueios motivados por denuncias vazias, vindas de
pessoas que se aproveitam talvez porque não gostam do autor, odeiam índios, ou são mal resolvidas
ao enxergar pornografia em qualquer coisa, até em mães amamentando. Se a causa indígena
incomoda, ao invés de desamigarem, deixarem de seguir ou dar logo um block, preferem denunciar e
nos entregar pra patrulha de robozinhos tarados que passam o dia em busca de nudes.
Mas o foco aqui nem são estes que fazem uso indevido da ferramenta (e seguem impunes). A
responsabilidade por checar e dar o veredito final é toda do Facebook, o provedor do serviço com o
qual o usuário tem um contrato formal, embora muitos nem saibam disso.

É lamentável que uma empresa que vale meio trilhão de dólares tenha escolhido não investir o
suficiente pra saber a diferença entre cultura e pornografia, quem está cumprindo ou não suas regras 
— o regulamento admite inclusive a exibição da nudez “quando a publicação do conteúdo se der por
motivos educativos"… E até "humorísticos ou satíricos”. Assim está escrito.



Portanto, não cabe ao usuário ser punido pela incompetência que não é dele, e sim de quem gerencia
uma rede que cresceu além da conta, que não consegue averiguar a pertinência das denuncias, que
tem um sistema falho de robôs que deletam qualquer peito que encontram, independente do contexto.
Sei que pra muitos que tem seus perfis bloqueados injustamente, a solução mais fácil e rápida é abrir
outro.
Só que se conformar com isso é continuar educando errado a nem sempre inteligente "inteligência
artificial”, é deixar de cobrar quem deveria e premiar quem não deveria.
Pior do que mostrar para os denunciantes fakes que vale a pena, é ver a maior rede social do planeta
com todo seu poder formador de opinião sendo parceira deles. Ao coibir cada vez mais posts de
culturas, saberes e modos de vida tradicionais que estão se acabando, corrobora pra que acabem de
vez.
Por isso jamais deixei de insistir nos recursos de defesa do usuário, mesmo sabendo que de nada
adiantam as reclamações, ouvidas pelos mesmos robôs responsáveis pelos erros de leitura.



Se antes era coisa de filme de ficção, na real já estamos caminhando pra era em que as máquinas
começam a dominar.
Pra que nos tornemos robôs como elas.
Caso contrário, seremos enquadrados como vírus, colocados primeiro em quarentena, e depois
excluídos se necessário.
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