sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O PULHA E A MISÉRIA HUMANA


"pulha" é como o Nelson Rodrigues tratava seus personagens mais torpes -

POR FERNANDO BRITO

Comento, com mais calma, o episódio do depoimento de Antonio Palocci a Sérgio Moro, pois 
trabalhei precariamente entre a tarde de ontem e agora, em função de uma participação num debate 
sobre jornalismo econômico no Congresso do Conselho de Economistas do Brasil, em Belo 
Horizonte,ao lado de Luís Nassif ( GGN), Ricardo Conceição (editor da revista Conjuntura 
Econômica, da FGV) e João Borges ( da Globonews) que, brevemente, publicarei aqui.
Tenho um “defeito” antigo de observar, além do “o que se diz” o “como se diz”, é é justamente aí 
que a “bomba” de Palocci perde a força.
Embora lhe tenha dado as manchetes, até a imprensa conservadora manteve um “pé atrás” com as 
supostas revelações do ex-ministro.
As frases de efeito – como a do “pacto de sangue” – e os ronronados para Sérgio Moro, a quem 
oferecia mais do que lhe era pedido nas perguntas deixavam claro que ali estava um gato, disposto a 
arquear o dorso ao novo dono e a cravar as garras no velho amigo.
Em nada lembrou o comportamento constrangido que teve na história do caseiro Francenildo ou na 
sua demissão do governo Dilma, quando não foi capaz de justificar suas rendas pessoais, alegando 
“cláusulas de confidencialidade” nos negócios que teve com empresas.
Ali, era um Palocci contido, constrangido, escorregando em evasivas, nem um pouco com o este, 
assertivo, afirmativo e… sem provas.
Como disse antes, o Palocci sabujo foi inconvincente até para a direita e pode ter fracassado no seu 
evidente objetivo de, somado às iniciativas do igualmente desmoralizado Janot, levar um Lula 
alquebrado para seu segundo confronto com Sérgio Moro, daqui a três dias, em seu depoimento.
É aposta errônea, pois não o levaram ao desespero e , ainda que o consigam, a história mostra que o 
sacrifício pode acabar sendo vitória.
Creio que seguem o mesmo padrão de erro e nele se aprofundam.
Andam à procura de um Judas, sem saber que também com um Judas se faz um Cristo.

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