terça-feira, 29 de agosto de 2017

PRE ESTREIA: PALMAS PRA MIM ! CAMISA PRETA, GRAVATA VERMELHA, BARBA ESCANHOADA, PARA AQUELE "LOOK" DE BUNDINHA DE BEBÊ



POR FERNANDO BRITO


Camisa preta, gravata vermelha, barba bem escanhoada, para aquele “look” de bundinha de bebê.
Tapete vermelho também para ele e uma platéia de convidados “gente fina”
Sérgio Moro, com a discrição que o caracteriza e que em tudo combina com o recolhimento de um 
juiz, sorria como uma lâmpada acesa no escurinho do cinema onde se fez a pré-estreia do filme “A 
Lei é para Todos”, o – querem apostar? – futuro fracasso de bilheteria que ninguém pode saber quem pagou.
Dinheiro sobrando para a promoção da produção. Nos filmes de férias a que levei meu filho em 
julho, só dava trailler dela, com cenas de ação, perseguições e suspense que, na realidade, nunca 
existiram, exceto nas mobilizações de guerra feitas para deter a ninguém que oferecesse resistência.
A cena do cinema era um retrato muito melhor da Lava Jato do que o filme.
Um espetáculo, onde havia fatos, mas sobram encenações e que tem no centro da platéia o ator 
principal, reluzente.
Na mesma Folha, o historiador italiano Giovano Orsina, falando da Operação Mãos Limpas, o céu de 
Moro, faz uma descrição que se encaixa como luva no que se via:
Juízes e promotores viraram atores políticos, mas é muito difícil apontar se eles faziam isso por 
alguma agenda.(…)
Até certo ponto, eu acho, alguns dos magistrados tinham sim uma agenda [política], (…) como no 
caso de Antonio di Pietro [o juiz principal da Mãos Limpas, que virou ministro do governo de centro-
esquerda de Romano Prodi em 1996 e de 2006 a 2008]. Houve artigos incríveis escritos por ele e 
também por outros, nos quais era adotada uma retórica moralista. O indiciamento ético da classe 
política era moral, não judicial.
Tanto que ele apareceu em um programa de TV fazendo café da manhã, um verdadeiro herói do 
povo. Depois ele viria a fundar um partido, o Itália de Valores [em 1998], cujo nome diz tudo. 
Paradoxalmente, esse clima de moralismo abriu caminho para Silvio Berlusconi, mas isso é nosso 
olhar hoje. Em 1994, quando Berlusconi foi eleito, sua figura era a solução para a demanda por 
moralidade. Ele não era um político, e para a sociedade os políticos não eram mais necessários.
Pois é. O filme original foi uma tragédia.
“A lei é para todos”, menos que para eles e seus amigos 

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