terça-feira, 29 de agosto de 2017

CARAVANA LULA: O SERTÃO VIROU UM MAR DE GENTE


São notórias as razões do medo a Lula. Entre elas, por exemplo, em referência a assuntos da 
semana: o governo de Lula jamais privatizaria a Eletrobras, a reacender fatais atitudes da 
Presidência de FHC, a bem de amigões endinheirados atentos aos movimentos das bolsas e de 
compradores estrangeiros para desgraça da própria segurança nacional. Tampouco permitiria 
a presença de soldados americanos nas manobras militares marcadas para novembro próximo 
na fronteira amazônica.

A um velho brizolista é, talvez, mais fácil entender o que se passa em relação a Lula que a muitos 
petistas.
Estamos acostumados ao que eu chamava de “cenas de brizolismo explicito”, como temos agora as 
de “lulismo explícito”
Damos de ombros à crítica de que isso é populismo, porque sabemos contra o que este nome é usado.
Como não somos regidos pelo “o que sai no jornal”.
Porque o jornal é “deles”.
Sim, digam que somos simplórios, que temos um “nós” e “eles”.
Não sai na imprensa, claro, ou sai torcido, explorando migalhas: um contratempo aqui, a presença de 
estruturas públicas presentes ali – ter proteção policial em jogo de futebol ou show de música é 
legítimo, não é? – mas os videos e as imagens não mentem.
A caravana de Lula pelo Nordeste ganha ares de procissão.
A luzes dos “flashes” dos celulares ganham cores de velas acesas de esperança.
Outras luzes, as de alarme, acenderam-se nos salões.
Onde não creem na profecia de Gláuber Rocha: “mais fortes são os poderes do povo”
O “vale-tudo” vai atingir proporções inimagináveis. Ou melhor, imagináveis para quem viu coisas 
como aquelas do “O Fim do Brasil” do grupo que patrocina aquele site de extrema direita do qual 
não se pronuncia o nome aqui.
Por isso a um velho brizolista é mais fácil entender.
Porque aprendeu que não são virtudes vagas que estão na balança, mas o próprio reconhecer-se do 
povo.
Por isso as elites – poucos – e os elitistas – muitos – não entendem que não é a um herói que 
abraçam, agarram, beliscam, beijam, amassam em seus braços.
Abraçam, agarram, beliscam, beijam, amassam a si mesmos, tomados pela sensação – muito mais do 
que pela compreensão racional – de que existem, de que não têm mais que viver escondidos na 
floresta ou no sertão, como bichos.
Não são bichos, são gente, como eu ou você.
Que quer ser tão importante como qualquer um, até mesmo um pouco menos, talvez, por enquanto.
Mas que quer existir, como descobriu que existia.

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