segunda-feira, 24 de julho de 2017

O TRÁFICO E O FILHO DA DESEMBARGADORA

Breno Fernando Solon Borges é um cidadão de 1ª classe

No início do ano, o Superior Tribunal de Justiça confirmou a condenação a quatro anos e 11 meses 
de prisão de um homem preso em flagrante por entregar a outro um cigarro com 0,02 grama de 
maconha.
Já a Justiça Federal do Espírito Santo ainda não julgou os quatro homens apanhados tentando 
desembarcar 445 quilos de cocaína de alta pureza, há quase quatro anos.
O que havia de diferente nos dois casos, além da brutal diferença de quantidade de droga apreendida?
O homem condenado a quatro anos e onze meses de prisão já se encontrava preso na Cadeia Pública 
de Cataguases, Minas Gerais, quando um policial civil o viu entregar a outro detento um pacotinho 
com a maconha, tão pequeno que era difícil enxergar de longe. Seria um pouco mais grosso que um 
palito de fósforo.
Já os 445 quilos de pasta base de cocaína foram apreendidos por uma força tarefa que uniu policiais 
federais e policiais militares do Espírito Santo e estavam sendo descarregados do helicóptero da 
família do senador Zezé Perrella, também de Minas Gerais.
A quantidade de drogas era tanta que encheu o porta-malas do Volkswagen Polo que aguardava no 
interior de uma fazenda pela chegada da droga, embarcada no Paraguai.
O helicóptero foi devolvido à família do senador, apesar da legislação prever o confisco de bens 
usados no tráfico. Os pilotos foram soltos seis meses depois do flagrante, assim como dois ajudantes. 
Já o presidiário de Cataguases vai passar mais alguns anos trancado na cadeia.
Agora, do Mato Grosso do Sul, vem a notícia de que o filho da presidente do Tribunal Regional 
Eleitoral de Mato Grosso do Sul, a desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, foi solto, apesar 
das provas que existem do envolvimento dele com o tráfico de drogas.
Tânia, desembargadora e agora tutora de um acusado de narcotráfico e ligações com o crime 
organizado.

Breno Fernando Solon Borges, de 37 anos foi preso pela Polícia Rodoviária Federal em abril deste 
ano, com 130 quilos de maconha, 199 projéteis calibre 7.62 e 71 projéteis de pistola 9 milímetros, 
munição para armas de uso restrito das Forças Armadas.
O empresário é dono de metalúrgicas e serralherias em Campo Grande e outros estados, como 
Paraná e Santa Catarina, e foi preso pela Polícia Rodoviária Federal quando viajava com a namorada 
e um funcionário dele, em dois carros.
Interrogado, o filho da desembargadora não revelou a origem do armamento e das drogas e nem dos 
supostos compradores. Já tinha passagem pela polícia, por porte ilegal de arma, e era investigado sob 
a suspeita de participar de um esquema de tráfico de drogas e armas para traficantes do interior de 
São Paulo, utilizando como fachada a participação em corridas de motos.
O nome de Breno também apareceu numa investigação que apurava um plano para resgatar presos.
Nas redes sociais, ostentava uma vida de luxo.
Para ser liberado, seus advogados apresentaram um laudo médico que atribui a ele Síndrome de 
Borderline”, doença “consiste basicamente no desvio dos padrões de comportamento do indivíduo, 
manifestado através de alterações de cognição, de afetividade, de funcionamento interpessoal e 
controle de impulsos.”
O site Campo Grande News cobriu o caso e informou que, em uma das tentativas de libertar Breno, 
com o laudo em mãos, a mãe, presidente do TRE, se ofereceu como tutora para o filho ser internado 
em uma clínica médica. O juiz de primeira instância negou, dada a gravidade da acusação.
Na sexta-feira passada, o desembargador Ruy Celso Barbosa Florence tomou uma decisão diferente: 
liberou Breno da prisão. O compromisso assumido pela defesa é que ele se submeterá a tratamento 
psiquiátrico adequado, sob a tutela e responsabilidade da mãe, que se comprometeu a levá-lo a todas 
as audiências do processo.
Enquanto isso, as cadeias em todo o Brasil enfrentam o problema da superlotação por conta da 
chegada de novas levas de acusados de tráfico. Casos como o do presidiário condenado por conta de 
0,02 gramas de maconha. Muitos dos presos são mulheres e negros, quase todos são pobres.

Munição apreendida com o filho da desembargadora: suspeita de que ele ajudaria no resgate 
de presos.

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