sexta-feira, 14 de julho de 2017

NO PARAZINHO ASSASSINO, AUTORIDADES ADMITEM QUE NÂO HOUVE CONFRONTO NA CHACINA DE PAU D'ARCO

Foto: Júnior Oliveira
 
Jornal GGN - No Pará, a secretaria estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e a Polícia Civil admitiram que os laudos e investigações sobre a chacina que deixou dez pessoas mortas apontam que não houve confronto com os posseiros, ao contrário do que diziam os policiais que participaram da ação, há um mês e meio. 
No início desta semana, o Ministério Público paraense já havia falado que haviam indícios de execução das dez vítimas. “Pelo que foi apurado, tudo indica que não houve confronto e, sim, um desfecho inaceitável”, disse o delegado-geral, Rilmar Firmino. 
Em entrevista coletiva junto com Jeannot Jansen, secretário de Segurança Pública, Firmino e outras autoridades estaduais apresentaram o resultado do laudo de balística feita nas armas de fogo entregues pelos policiais e nas 11 que foram apresentadas como apreendidas com os sem-terra, que ocupavam parte da fazenda Santa Lúcia, na cidade de Pau D’Arco (PA). 
Os exames mostraram que ao menos duas pessoas foram mortas devido aos ferimentos causados pelas balas de uma arma da polícia civil, e outra vítima foi atingida por projéteis de um arma da PM.
Outras cinco pessoas foram assassinadas com tiros de uma pistola ponto 40 que não está entre as 53 examinadas pela perícia. 
Também não foi identificado de onde saiu o projétil que tirou a vida de Jane Júlia de Oliveira, presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais de Pau D’Arco. Das dez vítimas, sete faziam parte de sua família. Nenhum policial se feriu durante a ação. 
No início das investigações, as autoridades tratavam o caso como um confronto entre os policiais e os sem-terra, devido a uma versão que dizia que os agentes de segurança foram recebidos a tiros. As autoridades paraenses foram criticadas por entidades sociais e pelos Conselho Nacional de Direitos Humanos. 
O secretário se defendeu das críticas afirmando que procura evitar “precipitações desnecessárias”. “Temos tido isenção total na busca incessante das provas e laudos”, disse Jansen, que acrescentou que alguns dos policiais “traíram o Estado e agiram de foram diferente do padrão e orientação estabelecido”. 
Os laudos produzidos pela secretaria foram encaminhados para o MP estadual e para a Polícia Federal, que também investiga o caso. Na última segunda-feira, 11 PMs e dois policiais civis foram presos preventivamente sob a acusação de participar da chacina. 

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