quinta-feira, 13 de julho de 2017

Cuba celebra 20 anos da recuperação dos restos mortais de Che Guevara

Restos mortais de Ernesto Che Guevara foram encontrados em Vallegrande, na Bolívia, em 
1996. 'Che' Guevara foi morto e enterrado em uma vala comum em Vallegrande, na Bolívia, 
em 1967; equipe cubana recuperou restos mortais de Che em 28 de junho de 1997, que foram 
levados de volta a Cuba no dia 12 de julho 

Cuba comemora nesta quarta-feira (12/07) 20 anos da chegada à ilha dos restos mortais de Ernesto 
'Che' Guevara e seus companheiros de armas, cuja descoberta na Bolívia é considerada uma 
"verdadeira proeza da ciência" do país caribenho, que em outubro festejará os 50 anos da morte do 
guerrilheiro cubano-argentino.
O projeto foi uma "integração exemplar entre a investigação histórica, a sociologia e outras ciências 
sociais", publicou nesta quarta-feira o jornal estatal Granma em uma extensa entrevista com os 
responsáveis pela busca.
Os doutores Jorge González Pérez e María del Carmen Ariet, que trabalharam na descoberta e na 
identificação dos restos mortais, lembraram a "tensão" da última etapa do rastreamento, que 
começou dois anos antes, assim que se soube que Che estava enterrado na localidade boliviana de 
Vallegrande.
"No início, tudo foi muito complicado. (...) Até 31 de março de 1996, tínhamos aberto mais de 200 
valas porque ainda não havia um estudo histórico sério, então era cavar onde quer que as pessoas 
diziam que poderia estar", explicou González Pérez, chefe da equipe cubana.
No fim, era uma "corrida contra o relógio", porque "o ditador boliviano" Hugo Banzer tinha sido 
escolhido presidente, "o que representava um risco para a busca", acrescentou María del Carmen.
"Além disso, havia uma intenção muito grande de nos desinformar. Um exemplo disto foi a visita do 
agente da CIA de origem cubana Félix Rodríguez, que, diante da proximidade da descoberta, 
apareceu em um pequeno avião em Vallegrande para indicar que o enterro aconteceu em um local 
distinto de onde nós buscávamos", indicou a doutora.
Diante das pressões, os cubanos aceleraram a busca e, um dia depois que o governo boliviano deu 48 
horas para terminar, ocorreu a descoberta e com ela "um alívio muito grande" para toda a equipe, 
confessou González Pérez.
No dia 28 de junho, às 9h, "ao cavar a vala, o braço da escavadeira se prendeu no cinto de Che, que 
tinha sido enterrado com seu uniforme, e assim foi encontrada a sua ossada", lembrou o especialista.
Na vala comum havia sete esqueletos. O de Che foi o segundo a ser encontrado.
Um dos primeiros indícios que levaram a crer que os restos encontrados pertenciam ao guerrilheiro 
foi que a segunda ossada não tinha mãos, a saliência dos arcos superciliares correspondia com a testa 
do Che e a arcada dentária coincidia com os registros.
"Além disso, havia uma pequena sacola com fumo para cachimbo no bolso e resíduos do gesso da 
máscara mortuária presos à jaqueta", indicou González Pérez, que especificou que, para esta última 
etapa, retornou uma equipe de antropólogos argentinos que já tinha trabalhado junto com os cubanos.
Foram dias em que "ninguém dormia velando os restos" após serem exumados para sua 
identificação, o "ápice de tanto esforço".
"O sentimento de que estava contribuindo para restituir um pedaço da história de sua pátria e do 
mundo foi algo muito grande, indescritível", confessou o doutor, que participa ativamente nas 
celebrações pelos 50 anos da morte de Guevara, que Cuba festejará em outubro.
Apesar de os restos do guerrilheiro repousarem há 20 anos em um mausoléu na cidade de Santa 
Clara, no centro de Cuba, os especialistas não dão por terminada a missão de busca, que localizou 31 
dos 36 companheiros de luta do Che na guerrilha da Bolívia.
Para González Pérez, a viagem para Cuba ao lado das ossadas e a chegada a Havana em 12 de julho 
de 1997 foi um momento inesquecível.
"Apesar de não ter falado com Fidel (Castro) naquele dia pela solenidade do momento, pude sentir a 
dor pelo reencontro e a lembrança da perda. Era como se ele voltasse a viver os momentos ao lado de 
Che", acrescentou.
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