segunda-feira, 10 de julho de 2017

"BOTAFOGO" .... PERFIL


Apelidado de Botafogo na planilha da Odebrecht, denunciado pela construtora OAS e com 
nome na lista de Furnas e no mensalão do DEM em Brasília, o presidente da Câmara acumula 
diversas denúncias no currículo.

Por Renato Rovai e Fredi Vasconcelos

Rodrigo Maia (DEM-RJ), filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, já é considerado na 
bolsa de apostas de Brasília como futuro presidente da República. Apesar de dar sinais de que 
continua na base de apoio de Michel Temer, sua agenda já não é a mesma. E seus amigos mais 
próximos já começam a plantar notas na imprensa alimentando especulações de como seria seu 
governo.
Entre outras dessas “plantações” surgem sinais trocados do tipo. Como presidente, Maia manteria a 
dupla Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) pra sinalizar que a política 
econômica continuaria a mesma. Ou exatamente o contrário, que Maia não gosta de Meirelles e que 
o seu sonho de consumo para liderar a área econômica seria Armínio Fraga, que chegou a ser 
anunciado por Aécio como seu ministro da Fazenda caso ganhasse a eleição de 2014.
Muito se tem falado sobre o futuro governo do filho de César Maia. Quase nada está sendo dito 
sobre sua biografia.
A despeito de estar no seu quinto mandato como deputado federal, Maia nunca foi um parlamentar 
de destaque e muito menos um político com muitos votos.
Em 2012, por exemplo, tentou ser prefeito do Rio de Janeiro e teve 3% dos votos.
Isso não significa, porém, que ele não tenha uma história. E ela não é exatamente feita de grandes 
feitos. Ao contrário, é repleta de envolvimentos em denúncias semelhantes as que estão levando 
Michel Temer ao impeachment.
Maia, por exemplo, foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por recebimento de dinheiro 
ilegal por ser apontado como Botafogo (time que torce) na planilha do departamento de propinas da 
construtora Odebrecht. Lá há uma anotação de que ele recebeu recursos da ordem de R$ 1 milhão 
por caixa dois nas eleições de 2008, 2010 e 2012.
Na delação de diretores de outra construtora, a OAS, Maia também é acusado de ter recebido 
propina. Em inquérito da Polícia Federal, ele é apontado como tendo defendido interesses da 
empreiteira no Congresso, entre 2013 e 2014, em troca de dinheiro para campanha.
O próprio Jornal Nacional, da TV Globo, que hoje faz campanha aberta para que ele assuma no lugar 
de Temer, revelou que a PF não tem dúvida da “atuação clara, constante e direta” de Maia na defesa 
de interesses da OAS no Congresso Nacional. Um trecho do relatório é contundente: “com base em 
toda a prova colhida no decorrer da presente investigação, logrou-se êxito em confirmar 
integralmente a hipótese inicial aventada, qual seja, a de que o deputado federal Rodrigo Maia 
efetivamente praticou diversos atos na defesa de interesses da Construtora OAS, durante os anos de 
2013 e 2014, tendo, em contrapartida, solicitado doações eleitorais ao presidente da pessoa jurídica, 
José Aldemário Pinheiro Filho [Léo Pinheiro]”. No telefone do presidente da OAS foram 
identificadas mensagens de Maia que apontavam o caminho das propinas de R$ 1 milhão ao 
deputado.
Outro episódio, mais antigo, é a inclusão de Maia na Lista de Furnas, estatal de geração de energia e 
que teria uma “caixinha” mantida por fornecedores para caixa dois de campanhas eleitorais. No 
esquema, em que a estrela é o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Maia aparece junto dos nomes do 
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do candidato à época à presidência da República, José 
Serra.
Neste episódio, Maia que disputava reeleição para deputado federal em 2002 teria recebido R$ 100 
mil, a valores de 2002 (veja reprodução da lista abaixo).


Outra acusação ao deputado é em relação ao “mensalão do DEM”, em que acabou cassado e preso o 
então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. O delator do caso, o ex-funcionário do 
governo Durval Barbosa, afirmou que Rodrigo Maia era um dos beneficiários do esquema. “O acerto 
do Rodrigo era direto com o Arruda”, disse o autor de vídeos que levaram queda do governador.
Ou seja, o filho de César que hoje é tratado como a bola da vez para comandar o país está longe de 
ser alguém com reputação ilibada ou currículo invejável. Pelo contrário, é um político tradicional 
com inúmeras acusações. E que não fosse o nível do Congresso atual não teria qualquer chance de 
comandar a Casa. E mais do que isso, se não estivesse no cargo que está provavelmente nem se 
reelegeria para um novo mandato por conta das muitas acusações em que se envolveu nos últimos 
anos.
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