segunda-feira, 17 de julho de 2017

AS 11 TÉCNICAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA CONTRA LULA



Por Willy Delvalle

Não há problemas em um veículo declarar uma tendência de direita ou de esquerda, favorável a esse
ou àquele partido. A princípio, declarar-se como tal seria transparência com o público.
Afinal, se um veículo defende alguém é melhor que ele diga isso do que fingir ser isento, imparcial e 
objetivo. O problema é quando esse veículo usa uma concessão pública para fazê-lo.
Por mais que sejam empresas, que naturalmente têm interesses econômicos, elas têm 
responsabilidades definidas pela Constituição. Seu dever é servir a sociedade e não se servir dela. 
Assim, a busca pela objetividade torna-se uma lei.
Mas não é o que acontece. A condenação do ex-presidente Lula e a cobertura dos processos 
envolvendo o petista escancaram uma série de mecanismos de manipulação, sutis porém não menos 
perigosos, que mostram uma tentativa de destruir a imagem do ex-presidente, do PT e até da 
esquerda, preservando a de quem for conveniente.
Confira 11 técnicas de manipulação que vêm sendo utilizadas na cobertura desse momento político:

1 – DESQUALIFICAÇÃO DE UM LADO

No dia da condenação de Lula, uma reportagem dos noticiários da Globo repercutia a sentença com 
parlamentares petistas. Antes da presidente do partido falar, a repórter se referia a Gleisi Hoffman 
como “ré na Lava-Jato”. O mesmo foi feito com o senador Humberto Costa, “investigado na Lava 
Jato”. A mensagem que fica é que são corruptos defendendo um corrupto.
O problema não é citar o histórico judicial de um político. Problemático é fazer isso só quando se 
trata do PT. No caso da direita, não se faz o mesmo a todo tempo. Na mesma reportagem em que 
Gleisi é chamada de “ré na Lava Jato”, por exemplo, Paulo Bauer, que já foi condenado por 
improbidade administrativa em Santa Catarina e gravado falando de um esquema de contratação de 
funcionários fantasmas, é citado apenas como “senador pelo PSDB”.
O mesmo tratamento é dado à senadora Ana Amélia (PP), indicada pelo marido na década de 1980 
para ocupar um cargo comissionado em Brasília e acusada anos mais tarde de ocultar uma 
propriedade rural. No vídeo, ela defende que “a lei é para todos”.

2 – FALSA UNANIMIDADE
Uma grande comunidade de juristas criticou a sentença contra Lula, alegando inexistência de provas, 
assim como a denúncia apresentada no ano passado pelo procurador Deltan Dallagnol. As críticas 
quase não apareceram no rádio ou TV. É como se ninguém sério fosse contra a conduta adotada 
pelos magistrados de Curitiba, só o PT.

3 – ASSOCIAÇÃO DESPROPORCIONAL
No dia da condenação, William Waack, apresentador e editor do Jornal da Globo, abriu o noticiário 
comemorando a sentença, dizendo que representava um feito contra os “poderosos”. Não mencionou 
que os processos contra os típicos representantes das elites andam bem mais devagar e com menos 
rigor, como no caso de Aécio Neves, Michel Temer, os presidentes das duas casas no Congresso, 
Geddel Vieira Lima e por aí vai…
A Revista Veja, em capa recente, coloca Aécio, Lula e Temer na imagem de um mesmo barco. 
Ignora que a robustez das acusações contra Aécio e Temer é flagrantemente muito maior do que em 
relação a Lula.

4 – DISTANCIAMENTO SELETIVO
Na hora de ler o posicionamento do PT à sentença de Moro, o repórter no Jornal Nacional diz: 
“segundo o partido, trata-se de uma medida equivocada, arbitrária e absolutamente ilegal. Afirma 
ainda que o processo foi conduzido por um juiz parcial, que segundo o PT, presta contas aos meios 
de comunicação e àqueles que não aceitam a trajetória de sucesso de Lula na presidência”.
Na segunda frase, utiliza-se novamente “segundo o PT”, sendo que o início da frase já introduzido 
pelo verbo “afirma”, cujo sujeito é o Partido dos Trabalhadores. Isto é, já foi dito que quem fala é o 
partido. Então, qual a necessidade de reafirmar essa informação num intervalo de tempo tão curto?

5 – ASSUMIR O DISCURSO DA PROCURADORIA COMO VERDADEReportagem do G1 ilustra uma postura recorrente em parte da grande imprensa brasileira: “A 
acusação é pela ocultação da propriedade de uma cobertura triplex em Guarujá, no litoral paulista, 
recebida como propina da empreiteira OAS, em troca de favores na Petrobras”. O trecho dá como 
verdade que houve ocultação da propriedade.
A imprensa internacional sempre menciona “de acordo com a procuradoria, …”.

6 – ASSUMIR O DISCURSO DO JUIZ COMO VERDADE
Ainda na abertura do Jornal Nacional do dia 12 de julho de 2017, William Bonner diz: “Moro analisa 
provas documentais, periciais e testemunhais”. E mais à frente: “Sérgio Moro analisa 
minuciosamente as provas documentais, periciais e testemunhais para concluir: ‘o ex-presidente Lula 
é culpado dos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro’”.
O apresentador chama de “provas” aquilo que parte da comunidade jurídica entende como 
“indícios”. Ao dizer que Moro “analisa minuciosamente” as chamadas provas, Bonner defende a 
atuação do magistrado, o que, numa concessão pública e em tempos de tanta desconfiança e 
polarização, não é uma postura “prudente”.

7 – ASSUMIR O DISCURSO DOS DELATORES COMO VERDADE
“Na sentença, o juiz Sergio Moro também cita o depoimento do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, 
que confirmou que o triplex foi reservado à família de Lula em 2009, que a OAS não poderia vender 
o imóvel e que a diferença de preço do imóvel e o custo das reformas seriam abatidos das dívidas de 
propinas do Grupo OAS com o PT, ligado ao esquema da Petrobras.”
O trecho de reportagem do G1 traz um problema também recorrente na conduta de parte da mídia 
brasileira. Usar verbos como “confessar” e “confirmar” denotam verdade, o que não sabemos estar 
havendo ou não na palavra dos delatores.
No ano passado, por exemplo, o delator Otávio Azevedo, da empresa Andrade Gutierrez, afirmou 
que havia depositado um cheque no valor de R$ 1 milhão como propina à campanha de Dilma 
Rousseff, discurso que foi desmontado quando a defesa dela apresentou um comprovante de que o 
cheque foi, na verdade, depositado para Michel Temer.
Sendo assim, quando se trata da palavra de um delator, é mais prudente usar os verbos “dizer” e 
“afirmar”.

8 – APONTAR CONTRADIÇÕES

Quando Lula prestou depoimento a Moro, William Bonner frisou que, em um determinado momento, 
o juiz Sérgio Moro percebeu uma contradição de Lula.
No entanto, não menciona contradições de outro tipo, como a de que o delator Léo Pinheiro, da 
OAS, primeiro inocentou Lula e obteve vasta condenação. E que só depois de mudar de discurso, 
obteve acordo de delação premiada e redução da pena.

9 – ESCONDER QUE OUTROS PARTIDOS DE ESQUERDA CONDENARAM A DECISÃOQuando só petistas são ouvidos para criticar a condenação de Lula, esconde-se que outros partidos, 
inclusive críticos ao PT, também são contrários. Exemplo foi o comunicado do PSOL, que pouco ou 
nada repercutiu na grande imprensa. A posição do partido foi publicada no mesmo dia.

10 – ASSOCIAÇÃO VISUAL

A imagem de um esgoto por onde escorre dinheiro como plano de fundo para a imagem de quem é 
acusado já é uma condenação implícita, a exemplo do que sempre fazem os noticiários da TV Globo. 
Não sabemos e não importa se uma pessoa é inocente ou culpada, mas a prática dos jornais da 
emissora é colocar a imagem do acusado sobre a do dinheiro sujo. Assim, desrespeita-se o princípio 
constitucional de presunção de inocência. O que há é a presunção de culpa. Assim, basta ser 
investigado para ser automática e imediatamente condenado.

11 – POUCA VISIBILIDADE ÀS PESQUISAS DE ELEITORADO

Diversas pesquisas eleitorais vêm sendo realizadas, apontando Lula como o líder das intenções de 
voto para as eleições do ano que vem. A baixa visibilidade que as pesquisas encontram em parte da 
imprensa, principalmente na TV Globo, contribui para a tese de que é esse o verdadeiro motivo pelo 
qual Lula está sendo condenado.
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