quinta-feira, 1 de junho de 2017

JORNALISTAS OCUPAM PRÉDIO DO JORNAL HOJE EM DIA, COMPRADO PELA JBS A PEDIDO DE AÉCIO


Ex-funcionários do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, ocuparam o prédio onde 
funcionava a sede do periódico, no bairro de Santa Efigênia. O prédio, segundo o empresário e 
sócio da JBS Joesley Batista, teria sido comprado pelo grupo de forma superfaturada à 
Ediminas, que era proprietária do jornal, por R$ 17 milhões. A compra do imóvel teria sido 
feita, segundo Batista, a pedido do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). Em sua delação 
premiada, Joesley Batista disse não ter conhecimento de como o dinheiro da transação teria 
chegado até o parlamentar tucano. A aquisição do imóvel foi feita em nome da J&F, 
controladora da JBS, em 2015. Segundo os ex-funcionários do jornal Hoje em Dia, havia a 
expectativa que o prédio fosse penhorado para o pagamento de dívidas trabalhistas.

Por Joaquim de Carvalho 


Jornalistas ocupam o prédio da JBS em BH, que era do jornal Hoje Em Dia

Jornalistas ocuparam na manhã desta quinta, dia 1º, o prédio onde funcionava o jornal Hoje em Dia,
em Belo Horizonte.
O imóvel, que está desocupado, pertencia à Ediminas, empresa que editava o jornal e quebrou.
Era um bem que poderia garantir o pagamento do salário dos profissionais de imprensa e as verbas 
de demissão.
Mas Aécio Neves, ao pressionar Joesley Batista para comprar o prédio a preço superfaturado em 
2015, impediu a execução do bem e ficou com o dinheiro que poderia servir para pagar os ex-
empregados.
Com a ocupação do prédio, os jornalistas pretendem mostrar que não houve apenas crime de 
corrupção com o negócio.
Houve fraude ao credor.
Os donos do imóvel tentam defender Aécio da acusação de que o dinheiro da venda teria ido para ele.
Mas o advogado dos ex-empregados procurou o dinheiro nas contas da empresa e de seus 
proprietários, mas não encontrou nada.
Na delação premiada, Joesley Batista não deixa dúvida sobre quem ficou com o dinheiro:
Eu acabei, através da compra de um prédio, não sei como lá em Belo Horizonte, por 17 milhões, esse 
dinheiro chegou nas mãos dele. 
O prédio valia bem menos. O diretor da JBS Ricardo Saud, que também prestou depoimento em 
colaboração com a Justiça, disse o seguinte a respeito da venda do prédio.
Esse prédio é o seguinte… O Aécio, desculpa a palavra, virou uma sarna em cima do Joesley. Ficava 
ligando: ele, a irmã, o primo, pra mim, pro Joesley… 24 horas… que ele saiu da campanha devendo 
demais, que precisava acertar a vida dele… que tava com dificuldade muito grande, que não tinha 
como não fazer e tal.
O procurador da república que tomou o depoimento perguntou:
— Pedindo dinheiro?
Ricardo respondeu:
— Pedindo dinheiro… dinheiro… dinheiro… propina… dinheiro não, propina. Propina… Propina…
Uma evidência de que era mesmo propina é que a J&F não está usando o prédio para nada. Ele está 
fechado.
Aécio Neves e a irmã, Andrea, impuseram um clima de terror na imprensa de Minas Gerais, que 
impediu a publicação de qualquer reportagem, artigo ou nota que contrariassem seus interesses.
Com o negócio do prédio do jornal Hoje em Dia, agora se vê que a relação entre eles e os 
empresários da imprensa ia muito além das questões editoriais.
O negócio sujo envolvendo a venda do prédio do jornal Hoje em Dia é exemplar porque revela um 
tipo de relação entre esquemas de governo como o de Aécio e a imprensa brasileira.
Com certeza, vai muito além das questões editoriais e não fica restrito a Minas Gerais.
Por trás de cada editorial favorável, pode-se apostar que, de forma direta ou indireta, tem dinheiro.
Já passou da hora de investigar a fundo todos os crimes dos irmãos Neves.
E os empresários da imprensa também têm contas a pagar.

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