terça-feira, 13 de junho de 2017

Chacina do Pará: senadores cobram investigação e proteção às testemunhas

Nove homens e uma mulher foram mortos 
pela Polícia Civil em 24 de maio, no Pará
A Comissão de Direitos Humanos e 
Legislação Participativa (CDH) do senado 
aprovou um pedido para que as autoridades 
federais e paraenses concluam rapidamente 
as investigações relativas à ação policial que 
terminou com dez mortes de 
trabalhadores rurais em 24 de maio, na 
Fazenda Santa Lúcia, no sudoeste do Pará.

Audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A comissão se reuniu nesta segunda-feira (12/6) para tratar do assunto. Os senadores pediram proteção às testemunhos e sugeriram a criação de uma ouvidoria agrária nacional de atuação independente do governo.
Presente na audiência, o deputado estadual Carlos Bordalo (PT-PA), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará, denunciou alterações na cena do conflito na Fazenda Santa Lúcia e a maneira desumana como foram removidos os corpos das vítimas.
“Retiraram os corpos de forma inapropriada, desumana, em carroceria de caminhonetes como se fossem gado. Isso já compromete as futuras investigações. O Estado não deu o menor suporte às famílias. Eu fiquei chocado. Houve de tudo lá, menos confronto. Os policiais deixaram de observar regras claras de conduta”, afirmou o parlamentar.
A procuradora Deborah Dupratt também desmente a versão da polícia de que houve confronto com as vítimas.
Estava presente na audiência o ator Osmar Prado, representando o Movimento Humanos Direitos (MHuD). Ele criticou o presidente Michel Temer e disse que a tragédia ocorrida no Pará foi tão grosseira que os envolvidos nem estão mais preocupados em se esconder.

O ator Osmar Prado durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado sobre a chacina (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
“O ser humano de origem pobre não vale mais nada”, afirmou.
Investigações
O secretário-adjunto de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Pará, Rogério Luz Moraes, alega que os policiais foram à fazenda cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão e não para uma ação de reintegração de posse, como parte da imprensa noticiou.
Segundo ele, os mandados foram expedidos pela Justiça a partir de um inquérito iniciado semanas antes após a morte de um segurança particular da propriedade.
O secretário disse que as investigações estão em curso. Ele informou que está sendo investigada também a maneira como os corpos foram devolvidos aos familiares, assim como uma possível alteração na cena do crime.
O secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Astério Pereira dos Santos, informou que Polícia Federal está atuando no caso e que já identificou irregularidades na empresa responsável pela segurança na fazenda.
Após os assassinatos, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirmou que 2016 é um dos anos mais violentos, desde 1985, quando a CPT começou a fazer registro de mortes no campo.
“E a escalada da violência continua sem dar trégua no ano de 2017. Nesses cinco primeiro meses do ano já foram assassinadas 39 pessoas, sendo que em 35 dias foram três massacres concretizados e uma tentativa, com 22 trabalhadores em luta pela terra mortos. O primeiro caso foi em Colniza, no Mato Grosso, em 20 de abril, com 9 torturados e mortos por jagunços encapuzados. Em Vilhena, Rondônia, no dia 29 de abril, foram encontrados 3 corpos carbonizados dentro de um carro. O ataque aos índios Gamela aconteceu no dia 30 de abril, em Viana, no Maranhão, com 22 feridos, sendo com 2 com mãos decepadas”, informou a CPT em comunicado.

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