sexta-feira, 12 de maio de 2017

JÁ QUE MORO FOI PÍFIO EM CURITIBA, RESTOU À MÍDIA TRANSFORMAR LULA NO VIÚVO DO MAL

Na falta de provas, usa-se Marisa.

As mentiras de Miriam Leitão 
sobre Marisa e o triplex 
marcam a nova ofensiva da 
Globo contra Lula.

A nova estratégia de demonização de Lula passou a 
ser acusá-lo de culpar Marisa Letícia por seus 
crimes.
Na audiência com Moro, Lula afirmou que, 
enquanto ele havia descartado a compra do triplex 
no Guarujá, Marisa relutava.
“Eu não ia ficar com o apartamento, mas a dona 
Marisa ainda tinha dúvida se ia ficar para fazer 
negócio, ou não”, falou. Moro perguntou se ela 
decidiu não ficar. “Não discutiu comigo mais”, foi 
a resposta.
E daí?
E daí nada, mas já que estamos na lama, haverá 
sempre porcos e uma farta distribuição de lavagem.
Nordestino, nove dedos, bêbado, analfabeto, 
ladrão, infiel, criador de filhos bandidos, assassino 
de Celso Daniel…
Faltava o viúvo safado que se aproveita da falecida. Não falta mais.
Essa exploração dá bem a medida do quanto o depoimento de Lula a Moro foi frustrante para quem 
esperava que o juiz esmagasse o ex-presidente.
Ao longo de cinco extenuantes horas, Moro e sua patota do MPF não apresentaram nem uma mísera 
prova. Moro ainda fez, à margem da lei, questionamento a respeito de outros inquéritos, mentiu 
sobre a relação umbilical com a imprensa, abusou porque pode tudo.
Levou um sabão histórico nas considerações finais. Na GloboNews, o time de Camarotti e 
Catanhêde não tinha como esconder a tristeza. No Jornal Nacional, o clima era de fim de feira.
Restou a uma mídia que não se cansa de apelar para os baixos instintos a miséria de usar Marisa para 
atingir Lula.
A capa da Veja traz Marisa Letícia num retrato em fundo rosa, a face dela com photoshop na
sobrancelha no estilo rainha diaba.
Giancarlo Civita, o herdeiro de Roberto, vai se provando à altura do pai no que este tinha de mais 
desprezível, uma espécie de Michel Temer dos empresários da imprensa — sem carisma, sem 
talento, cumpridor de serviço sujo que age na sombra.
O cordão da baixaria foi engrossado por Geraldo Alckmin, o Santo da Odebrecht. “Ter jogado a 
culpa na esposa falecida é algo inaceitável, inaceitável”, disse o tucano, balançando a calva.
É um golpe baixo, mesmo para os padrões dele, e ajuda a explicar por que o PSDB vive na draga nas 
sondagens presidenciais. É a mesma lógica oportunista que levou o partido que perdeu nas urnas em 
2014 a se aliar à escória do PMDB.



O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, uma das estrelas do elenco da força tarefa que 
estava presente ao interrogatório de Lula, também resolveu se aproveitar da onda.
“No geral, eu não vi nenhuma consistência nas alegações. Infelizmente, as afirmações em relação à 
Dona Marisa a responsabilizando por tudo é um tanto triste de se ver feitas nesse momento até 
porque, como o ex-presidente disse, ela não está aí para se defender”, disse.
Ora, o sujeito investiga Lula há três anos, não apresenta uma evidência de que o apartamento 
pertença ao réu — e, instigado pelo Estadão, se defende de sua inépcia atacando Lula com um 
julgamento moral e uma fofoca.
Marisa não foi absolvida por Sergio Moro depois de morta, como explicou Joaquim de Carvalho no 
DCM. Os mesmos que a achincalharam quando de seu AVC agora simulam solidariedade e 
compadecimento.
Vera Magalhães, pitbull da Jovem Pan que foi casada com um assessor de Aécio Neves e que 
divulgou, entre piadas, vídeos da corja que invadiu a garagem de José Dirceu para linchá-lo, chegou 
a tirar da manga o termo “sororidade”.
Noves fora o processo kafkiano e o pântano em que estamos metidos, o que a aliança da mídia com a 
Lava Jato conseguiu produzir, até agora, foi a alavancagem do nome de Lula nas pesquisas para as 
eleições de 2018.
Ninguém normal gosta de ver uma perseguição abjeta.
Eis a única certeza que existe até agora — além da que essa canalha sempre pode piorar.


A Urubologa e o Pau mandado da Globo: na mídia brasileira, esta cena é normal

Depois do depoimento de Lula a Sérgio Moro, a Rede Globo subiu um patamar na escalada do 
massacre midiático.
Agregou à estratégia da meia verdade a divulgação de mentiras completas.
A meia verdade pode ser também uma meia mentira, mas, em geral, ela tem um formato que faz
parecer coisa séria.
E dá uma porta de saída ao jornalista mentiroso: ele pode dizer que o que disse ou escreve é fato.
Só não disse tudo, mas o que relatou é um fato.
Por exemplo: o caso do tríplex, o centro da acusação que levou o ex-presidente da República a depor 
em Curitiba.
É fato que a OAS tentou entregar o imóvel para Marisa Letícia Lula da Silva e Lula.
Este é o fato que se vê todos os dias na televisão.
Faz sentido à tese de que o tríplex era propina.
Mas há outros fatos, e estes não são divulgados, porque enfraquecem a tese da propina.
Marisa tinha iniciado o processo de aquisição do imóvel em abril de 2005, com o pagamento de 
entrada e parcelas, referentes à cota-parte.
Ela pagou à Bancoop um valor que, corrigido, ultrapassa os 300 mil reais.
Isso está declarado no imposto de renda do casal Lula e Marisa.
O imóvel só passou a pertencer à OAS quando a Bancoop quebrou, em 2009.
Também é fato que a OAS, quando entrou em dificuldade e abriu um processo de recuperação 
judicial, relacionou o tríplex do Guarujá como propriedade dela, para a garantia dos credores.
Como a empresa relacionaria o tríplex se ele não lhe pertencesse?

Marisa Letícia

Isso não se divulga, porque enfraquece a tese do tríplex como propina.
A notícia que é martelada todos os dias é: Lula recebeu como propina um imóvel da OAS.
É uma mentira, mas há um fato que a esconde: o empenho da OAS para vender o imóvel a Lula e 
Marisa.
Por isso, no conjunto, o que se divulga é meia verdade.
Hoje, o Bom Dia Brasil passou para a mentira integral.
Ao chamar Miriam Leitão para comentar o depoimento de Lula – ela não fala mais apenas sobre 
economia, mas também sobre assuntos jurídicos –, a apresentadora Ana Paula deu o tom, ao dizer 
que o ex-presidente, “com um discurso político, tentou ESCAPAR das acusações”.
Escapar é verbo que já condena Lula. Mas o que disse Miriam é pior:
— A negativa de Lula no caso central, a compra do tríplex, não responde a vários pontos que ficaram 
nebulosos e permanecem nebulosos. O mais importante é: por que ele não desistiu ou a família não 
desistiu quando a OAS abriu essa possibilidade, para todos os compradores em 2011? E se desistiu, 
por que é que não pediu de volta os 209 mil reais que a família pagou?
Se Miriam Leitão, que fez fama como comentarista de economia tivesse se prendido à sua área, ela 
mesma daria a resposta: Marisa comprou uma cota-parte – não o imóvel – e, portanto, era um 
investimento, que, como tal, se valoriza.
Qualquer pessoa pode deixar sua cota parte lá e, quando lhe for conveniente, resgatar.
Miriam errou ao dizer que a OAS ofereceu a possibilidade de desistência em 2011.
Não foi em 2011, foi em 2009, erros assim acontecem.
Mas mentiu ao dizer que a família não pediu o dinheiro de volta.
Existe uma ação em São Paulo na qual Marisa cobra da Bancoop e da OAS o valor investido.
Era 209 mil reais em 2009. Hoje é R$ 300,8 mil. O processo está na 34ª Vara Cível.
Para revelar a farsa da acusação do tríplex como propina, Miriam Leitão também poderia se valer de 
seus conhecimentos sobre economia.
O tríplex, além de ser oferecido como garantia no processo de recuperação judicial da OAS, também 
foi relacionado pela empresa para garantir uma operação de emissão de debêntures – através dessa 
operação, a construtora captou recursos no mercado.O triplex no Guarujá
A OAS ofereceria o tríplex como garantia da dívida se ele pertencesse a Lula e Marisa?
Que tipo de propina é essa?
Se Miriam dissesse isso na Globo, explicando o que é debênture e o processo de recuperação 
judicial, ela desmontaria o teatro do Lula ladrão, mas, nesse caso, já não seria chamada nem para 
comentar sobre culinária no programa de Ana Maria Braga.
Na GloboNews, o Festival de Besteiras que Assola o País nunca desliga.
Gerson Camarotti, para sustentar o comentário de que Lula orientou o ex-diretor da Petrobras a 
destruir provas, diz que, depois da conversa de Lula com Duque, este transferiu o dinheiro da Suíça 
para Mônaco.
Ora, Duque disse no depoimento a Moro que transferiu o dinheiro porque foi obrigado, não por Lula, 
mas pelo banco na Suíça — possivelmente em razão do fato de que seu nome já estava relacionado 
ao escândalo de corrupção.
Camarotti pode ter errado porque não viu na íntegra o depoimento de Renato Duque a Moro, mas 
não corre risco de perder o emprego por essa mentira.
Afinal, o erro foi contra o Lula. Se fosse a favor, pobre Camarotti.
O que a Globo faz hoje é jornalismo de guerra e isso pode ser tudo, menos jornalismo.
Mas ele segue adiante e, para que atinja seus fins, precisa de assassinos de reputação.
É nítido que o prestígio de Camarotti na GloboNews tem aumentado, mas, nesse papel, ninguém 
supera a mãe de um dos biógrafos de Sérgio Moro.
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