segunda-feira, 15 de maio de 2017

FAKE !!! Porque não há registros na conta de e-mail “2606iolanda@gmail.com”?



POR FERNANDO BRITO 

Há uma polêmica nas redes sobre se é falsa ou verdadeira a história dos e-mails da conta 2606iolanda@gmail.com, que a mulher de João Santana, o ex-marqueteiro, diz ter sido usada num mirabolante sistema de comunicação secreta, pelo qual, em teoria, deixar as mensagens como rascunho permitiria que o texto fosse lido em outro computador, em outro lugar, sem que “circulasse pela rede”.
Para começar, isso é uma tolice, porque,óbvio, para ficar acessível é preciso que o texto vá para os servidores do Gmail, que registram o IP (Internet Protocol, uma espécie de “RG eletrônico”) de onde foi criado e de onde foi acessado e lido o tal rascunho. Depois, porque não leva dois minutos e uma googlada para saber como criar e-mails piratas ou antirrastreio, se você que fazer algo clandestinamente.
Há até uma curiosa forma do tipo “Missão Impossível” em que você obtém um endereço de e-mail que dura apenas 10 minutos e se “autodestrói” em 10 minutos. Coloco aí ao lado um exemplo, feito por mim, um leigo completo em “hackerias”, do “desaparecimento” do endereço de email.
Mas, além de haver meios de fazer que não a bobagem do rascunho, há outras coisas que chamam a atenção.
Na ata notarial que Monica Moura apresentou como prova, faltam informações que deveriam estar lá.
Acompanhe o passo a passo.
Dia 22 de fevereiro de 2016 – É criado o “rascunho” que se pretende prova. É o mesmo dia em que foi noticiada a ordem de prisão de Monica Moura, por volta de seis da manhã. Neste momento, com fuso de uma hora a menos, ela está na República Dominicana. Volta no dia seguinte e, em princípio, não tem acesso a computador desde então, a menos que transfira conta e senha para seus advogados.
Dia 13 de março de 2016– Anuncia-se a troca de advogado de Monica Moura: sai Fabio Tofic Simantob, contrário aos acordos de delação premiada, tal como são feitos hoje e entre Juliano Campelo Prestes, “especialista” em delações e, como quase todos os “especialistas” em delações, de Curitiba.
Dias 29 de abril e 1° de maio de 2016 – a conta de e-mail é acessada, conforme registro na caixa de entrada. Não é possível afirmar se algo foi deletado, sem ter sido aberta, na ocasião, a “lixeira”, que está oculta sob a aba “Mais⇓”, E nada apareceria, ainda assim, se tivesse sido usada a opção “excluir definitivamente”, que zeraria o armazenamento temporário. Neste caso, nós uma pesquisa no servidor (ou servidores) do Google e, assim mesmo, praticamente impossível hoje, um ano depois.
Dias 4 e 5 de maio de 2016– a senha foi trocada e o Gmail registrou a mudança, que voltaria a acontecer no dia 12 de julho, véspera do registro em cartório do conteúdo da conta de e-mail, que teve uma atividade – partida de outro local que não se pode precisar, oito minutos antes do acesso que foi registrado notarialmente.
Perguntas óbvias:
1- Se, como diz Monica, Dilma tinha acesso à conta com a senha – que só mudaria em maio, dois meses e meio depois da prisão do casal – ela não teria apagado todo o conteúdo?
2 – Quem apagou os textos anteriores que Monica alega ter havido?
3- Se Dilma ou Giles Azevedo, seu assessor, como diz a empresária, tinham acesso à conta, porque não apagaram um texto do dia 22/2/16, data da divulgação da ordem de prisão do casal, cumprida apenas no dia seguinte?
4- Quem – e por qual razão – teve acesso ao site, trocou senhas e não teve interesse em deletar um rascunho escrito do dia em que a prisão se tornou conhecida?

Parece que tais perguntas, embora óbvias, não ocorreram aos doutos procuradores da República que interrogaram Monica e igualmente passam dispensadas por nossos jornalões.
Se este blog usasse os critérios de checagem das informações que usam eles, o MP e o Ministro Edson Fachin – que homologa e libera para divulgação algo assim grave à honra de uma pessoa, sem exigir maiores verificações – eu teria arruinado até o meu tataraneto, tamanhas seriam as indenizações por dano moral.
Mas, como eu não sou criminoso nem delator, não posso acusar a quem eu quiser, nem como eu quiser.
Em compensação, posso pensar. E deixo para meus coleguinhas a tarefa de descobrir para qual escritório e com quais ligações autua o rapaz, que nem estagiário da OAB é, mandado ao cartório para produzir o polêmico documento.


Monica diz que Dilma desconfiava dela. E mandou ela abrir e-mail “fake”?



No Estadão, a senhora Monica Moura, mulher do ex-marqueteiro João Santana, na sua vasta análise psicológica de Dilma Roussef, diz que ela “era uma presidente da República que não confiava em ninguém”, por conta de seu autoritarismo.
Ela abre uma exceção para seu marido, João Santana, que, destacou Mônica, “era diferente, já que a petista tinha confiança na capacidade do marqueteiro de “pensar””.
Perfeito, acreditemos na sinceridade da D. Monica.
Mas alguém pode me explicar por que Dilma teria, já que não confiava em ninguém, resalva feita a João Santana, porque diabos a então presidenta iria mandar, de corpo presente e em seu computador pessoal, que Mônica Moura criasse um e-mail “fake”, com uma senha “engraçadinha” com o nome da mulher do general Costa e Silva e com a estrambótica ideia de que “rascunhos” poderiam ser lidos de outro computador sem passarem pela internet?
Moura diz que ““A Dilma não confia em ninguém e tem um problema grave: ela não confia na capacidade de ninguém. Ela acha que todo mundo é burro, é incapaz”.
A única possibilidade de esta história do e-mail fake ser como ela narra é Dilma estar certa e ter cometido o erro de ter feito isso com alguém que “é burro, é incapaz”.
Como a D. Monica, vê-se pelo espetáculo a que está se propondo, não é burra nem incapaz, sua história não fecha.
A história do e-mail é mirabolante e não tem como ser verdadeira, a menos que Dilma tivesse toda a razão em classifica-la como “burra e incapaz”.
E a D. Monica é, ai contrário, esperta que ela só.
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