quinta-feira, 18 de maio de 2017

EXCLUSIVO: As cenas que provam a entrega de propina aos indicados de Temer e Aécio Deputado Rocha Loures (PMDB-PR) e Frederico Pacheco de Medeiros foram flagrados em "ações controladas" da PF

O deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), destacado 
pelo presidente Michel Temer para tratar com Joesley Batista 
dos interesses de seu grupo empresarial, é flagrado pegando 
R$ 500 mil em propina — a primeira parcela de um montante 
prometido de R$ 480 milhões. As cenas abaixo mostram esta 
entrega, ocorrida em 28 de abril deste ano.

A entrega de dinheiro para o indicado por Temer

Na Sequencia: 
2) Do Il Barista, os dois seguem para o restaurante Pecorino. É uma estratégia de despiste de 
Loures
3) Meia hora depois, os dois se encontram no estacionamento do mesmo shopping
5) Loures não pega o dinheiro no estacionamento e pede para que eles sigam para a pizzaria 
Camelo, nos Jardins. Ele entra na pizzaria sem nenhuma mala


As cenas também são devastadoras para o presidente do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves. A 
Polícia Federal filmou o primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, pegando, a mando de 
Aécio, R$ 1,5 milhão em propina — três quartos dos R$ 2 milhões que Aécio pediu, sem saber que 
era gravado, para Joesley. As cenas abaixo mostram a primeira entrega, ocorrida em 12 de abril deste 
ano.
A primeira entrega de dinheiro ao primo de Aécio Neves

No Mapa: Rio Tietê - LAPA -  OSASCO  - VILA MADALENA -  SÃO PAULO
Já o presidente do PSDB indicou o primo Frederico Pacheco de Medeiros para receber o dinheiro. 
Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua 
campanha a presidente em 2014. Tocava a área de logística. Quem levou o dinheiro a Fred foi o 
diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro 
entregas de R$ 500 mil cada uma. A PF filmou três delas. As cenas abaixo mostram a primeira 
entrega, ocorrida em 19 de abril deste ano.

A segunda entrega de dinheiro ao primo de Aécio Neves
No Mapa: Rio Tietê - LAPA - OSASCO - VILA MADALENA - SÃO PAULO

As filmagens da PF mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em São Paulo, as 
malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG). 
Mendherson levou de carro a propina para Belo Horizonte. Fez três viagens — sempre seguido pela 
PF. As investigações revelaram que o dinheiro não era para advogado algum. O assessor negociou 
para que os recursos fossem parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de 
Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella. As cenas abaixo mostram a primeira entrega, ocorrida em 
12 de abril deste ano.
Um dos grandes diferenciais da delação dos donos da JBS foi exatamente as "ações controladas" 
feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela Polícia Federal. Neste mecanismo de 
investigação, o flagrante do crime é calculado de maneira que seja produzida uma determinada 
prova. Nessa investigação, a PF acompanhou, com câmeras e escutas, a entrega de dinheiro para 
intermediários de Temer e de Aécio.
ESQUEMA NO CADE
O primeiro contato entre Rocha Loures e Joesley foi em Brasília. O dono da JBS lhe contou o que 
precisava do Cade.
Desde o ano passado, o órgão está para decidir uma disputa entre a Petrobras e o grupo sobre o preço 
do gás fornecido pela estatal à termelétrica EPE. Localizada em Cuiabá, a usina foi comprada pelo 
grupo em 2015. Explicou o problema da EPE: a Petrobras compra o gás natural da Bolívia e o 
revende para a empresa por preços extorsivos. Disse que sua empresa perde "1 milhão por dia" com 
essa política de preços. E pediu: que a Petrobras revenda o gás pelo preço de compra ou que deixe a 
EPE negociar diretamente com os bolivianos.
Com uma sem-cerimônia impressionante, o indicado de Temer ligou para o presidente em exercício 
do Cade, Gilvandro Araújo. E pediu que se resolvesse a questão da termelétrica no órgão. Não há 
evidências de que Araújo tenha atendido ao pedido. Pelo serviço, Joesley ofereceu uma propina de 
5%. Rocha Loures deu o seu ok.: "Tudo bem, tudo bem". Para continuar as negociações, foi marcado 
um novo encontro.
Desta vez, entre Rocha Loures e Ricardo Saud, diretor da JBS e também delator. No Café Santo 
Grão, em São Paulo, trataram de negócios. Foi combinado o pagamento de R$ 500 mil semanais por 
20 anos, tempo em que vai vigorar o contrato da EPE.
Ou seja, está se falando de R$ 480 milhões ao longo de duas décadas, se fosse cumprido o acordo. 
Loures disse que levaria a proposta de pagamento a alguém acima dele. Saud faz duas menções ao 
"presidente".
Pelo contexto, os dois se referem a Michel Temer. A entrega do dinheiro foi filmada pela PF. Mas 
desta vez quem esteve com o homem de confiança de Temer foi Ricardo Saud, diretor da JBS e um 
dos sete delatores. Esse segundo encontro teve uma logística inusitada.
Certamente, revela o traquejo (e a vontade de despistar) de Rocha Loures neste tipo de serviço. 
Assim, inicialmente Saud foi ao Shopping Vila Olímpia, em São Paulo.
Em seguida, Rocha Loures o levou para um café, depois para um restaurante e, finalmente, para a 
pizzaria Camelo, na Rua Pamplona, no Jardim Paulista. Foi neste endereço, próximo à casa dos pais 
de Rocha Loures, onde ele estava hospedado, que o deputado recebeu a primeira remessa de R$ 500 
mil.
Apesar do acerto de repasses semanais de R$ 500 mil, até o momento só foi feita a primeira entrega 
de dinheiro. E, claro, a partir da homologação da delação, nada mais será pago.
Rocha Loures, o indicado por Temer, é um conhecido homem de confiança do presidente. Foi chefe 
de Relações Institucionais da Vice-Presidência sob Temer. Após o impeachment, virou assessor 
especial da Presidência e, em março, voltou à Câmara, ocupando a vaga do ministro da Justiça, 
Osmar Serraglio.
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