sexta-feira, 5 de maio de 2017

ENTREGUISMO VIRA LATA: Exército dos EUA participará de exercício militar inédito na Amazônia a convite do Brasil


Sempre fez parte da postura estratégica, militar e diplomática, de nosso país opor-se ao 
estabelecimento de forças militares estranhas ao nosso subcontinente em solo latino-americano. 
Na Amazônia, sobretudo, porque a característica remota da região faria com que isso 
significasse, na prática, a criação de enclaves territoriais, principalmente porque o perímetro 
de segurança, frente aos armamentos atuais, teria de se estender por quilômetros e quilômetros 
em seu entorno, pela dificuldade de deslocamento de tropas do país hospedeiro. Isso, claro, 
levaria a missões de patrulhamento e mesmo a intervenção bélica sobre áreas muitíssimo além 
dos muros e cercas de uma sede militar.  Por isso, é escandalosa e ofensiva a informação, 
publicada hoje pela BBC – e desde Washington – de que o Brasil convidou tropas nos Estados 
Unidos para “treinamento conjunto” na Amazônia, certamente também em território 
brasileiro, além do peruano e do Colombiano, onde os EUA já têm bases militares.
Não é a presença de consultores, instrutores ou de observadores que, embora inconveniente, 
poderia ser parte de um aprimoramento profissional de militares brasileiros. São tropas, 
mesmo, que vão se habituar ao que temos de fator vantajoso, a experiência de combate na selva 
amazônica, algo inimaginável para quem tem de fazer defesa com escassez de meios materiais, 
valendo-se basicamente da expertise humana.
O Estados Unidos não são um país amazônico, o que poderia justificar exercícios conjuntos na 
região. Imaginem o que seria se a Venezuela ou o Equador, seguindo a mesma lógica, 
convidasse tropas chines ou russas para “treinamento conjunto” na sela amazônica de seus 
territórios? Ao que parece, somos nós que passamos a considerar aceitável – e até desejável, 
porque o convite partiu de comandos brasileiros – a presença de estranhos naquela região.

Exército brasileiro convidam EUA para participarem de um 
exercício militar na tríplice fronteira amazônica, entre Brasil, 
Peru e Colômbia


Tropas americanas foram convidadas pelo Exército brasileiro a participar de um exercício militar na tríplice fronteira amazônica entre Brasil, Peru e Colômbia em novembro deste ano.
Segundo o Exército, a Operação América Unida terá dez dias de simulações militares comandadas a partir de base multinacional formada por tropas dos três países da fronteira e dos Estados Unidos.
Descrita pelas Forças Armadas como uma experiência inédita no Brasil, a base internacional temporária abrigará itens de logística como munição, aparato de disparos e transporte e equipamentos de comunicação, além das tropas. O Exército afirma que também convidou "observadores militares de outras nações amigas e diversas agências e órgãos governamentais".
A operação é parte do AmazonLog, exercício militar criado pelo Exército brasileiro a partir de um atividade feita em 2015 pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Hungria, da qual o Brasil participou como observador.
À BBC Brasil o Exército brasileiro negou que a atividade sirva como embrião para uma possível base multinacional na Amazônia, como aconteceu após o exercício da Otan citado como base para a atividade.
"Não. Ao contrário da Otan, a qual é uma aliança militar, o trabalho brasileiro com as Forças Armadas dos países amigos se dá na base da cooperação", responderam porta-vozes do Exército.
"Com uma atividade como essa, busca-se desenvolver conhecimentos, compartilhar experiências e desenvolver confiança mútua", afirmou a corporação.
Apesar do ineditismo do comando multinacional na região amazônica, esse não é o primeiro exercício mútuo entre as Forças Armadas de Brasil e EUA no país. No ano passado, por exemplo, as Marinhas das duas nações fizeram uma atividade preparatória para a Olimpíada no Rio de Janeiro, envolvendo treinamentos com foco antiterrorismo.
Em 2015, um porta-aviões americano passou pela costa do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro para treinamento da Força Aérea Brasileira (FAB).
Entre as metas da operação prevista para novembro, segundo o Exército brasileiro, estão o aumento da "capacidade de pronta resposta multinacional, sobretudo nos campos da logística humanitária e apoio ao enfrentamento de ilícitos transnacionais".
'Reaproximação'
A operação vem no esteio de uma série de novos acordos militares pelas Forças Armadas de Brasil e Estados Unidos e visitas de autoridades americanas a instalações brasileiras com o objetivo de "reaproximar" e "estreitar" as relações militares entre os dois países.
Em março, o comandante do Exército Sul dos Estados Unidos, major-general Clarence K. K. Chinn, foi condecorado em Brasília com a medalha da Ordem do Mérito Militar. O comandante americano visitou as instalações do Comando Militar da Amazônia, onde a atividade conjunta será realizada em novembro.
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