segunda-feira, 10 de abril de 2017

OGRO NEGOCIO: Em MG, dono de fazenda chama MST para reunião e jagunços armam emboscada; 7 Sem Terra são baleados


À esquerda, acampamento Alvimar Ribeiro após a emboscada aos seus integrantes pelos 
jagunços de Leonardo Andrade, o dono da fazenda. Leonardo é sócio de Ruy Muniz, ex-
prefeito de Montes Claro (MG), de quem foi também Desenvolvimento Sustentável, Meio 
Ambiente e Agricultura. Ruy foi preso no dia seguinte à votação do impeachment da 
presidenta Dilma. Naquele trágico domingo, a esposa de Ruy, a deputada Raquel Muniz, 
dedicou o voto à integridade moral do marido afirmando que “o Brasil tem jeito e o prefeito de 
Montes Claros mostra isso para todos nós, com sua gestão. Por isso eu voto sim, sim, sim”. 
Além de hipócrita, pagou o mico histórico

 Momentos de terror viveram cerca de 300 pessoas cruelmente alvejados por pistoleiros.

por Geanini Hackbardt 

Integrantes do acampamento Alvimar Ribeiro foram recebidos a tiros por pistoleiros na sede da 
Fazenda Norte América, em Capitão Eneias-MG, neste domingo (09/04).
Os militantes do MST se dirigiam para uma reunião, por volta de 7h30 da manhã, chamada pelo 
administrador da Fazenda, quando foram surpreendidos por vários jagunços. Os feridos relataram 
que o próprio latifundiário estava dirigindo sua Hilux enquanto os pistoleiros atiravam 
continuamente de cima da carroceria.
Uma das vítimas relatou que se trata de uma emboscada e que os 300 Sem Terra presentes estavam 
desarmados.
“O administrador da fazenda insistiu por uma reunião e nós acabamos aceitando. Ao chegar à 
cancela fomos recebidos a bala por cerca de dez jagunços. Eles atiraram sem dó e nem piedade. 
Tinha crianças, idosos, grávidas. Nós vimos o dono da fazenda no lugar. Pedimos pra não atirar. 
Abaixamos pra não sermos baleados, foi uma covardia”, conta Géssica Thais Gonçalves Freitas, de 
24 anos, que levou um tiro na perna.
Entre os feridos estão Fabrício Alvins Lima, baleado na barriga, de 31 anos, e Vildomar Oliveira 
Gomes, também de 31 anos, baleado no pescoço. Outras pessoas foram feridas com tiros de raspão, 
entre elas uma criança de dez anos, ferida no rosto. A polícia militar está no local colhendo 
depoimentos dos envolvidos.
A ocupação
A fazenda, de 3 mil hectares, era improdutiva, foi ocupada em janeiro deste ano e pertence ao grupo 
Soebras, da família Andrade. Atualmente há 650 famílias acampadas no local, já produzindo.
Leonardo Andrade, sócio do ex-prefeito de Montes Claros, Rui Muniz, se identificou como 
proprietário e se dispôs a vender as terras ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
(Incra). Este deveria destiná-las à criação de um assentamento, no entanto, a morosidade do Instituto 
permitiu o acirramento do conflito instalado.
Para Ênio Bohnenberger, da Direção Nacional do MST, tais conflitos são causados pela falha do 
Estado. “A violência no campo se alastra na medida em que o Estado se omite em relação à Reforma 
Agrária. Mas atualmente, a situação é muito pior, pois é promovida pela aliança entre o Governo 
Golpista de Michel Temer e as bancadas da bala e do boi”, analisa o dirigente.
A sociedade entre Leonardo Andrade e Ruiz Muniz
A Soebrás é uma das várias entidades filantrópicas ligadas a Ruy Muniz, que estão sob investigação 
por desvio de recursos federais e da prefeitura de Montes Claros.
O ex-prefeito e alguns de seus sócios foram já foram detidos em 2016. Um deles é Leonardo 
Andrade, que ocupava o cargo de secretário de Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e 
Agricultura na prefeitura.
Existem indícios de que a fazenda era utilizada pelo ex-prefeito de Montes Claros (MG), Rui Muniz 
e seus sócios, para lavagem de dinheiro. A área possui uma dívida milionária no banco, foi 
arrematada pelo grupo Soebrás (Sociedade Educativa do Brasil), porém, nunca foi paga.
Ruy Muniz foi preso em 2016 no dia seguinte à votação do impeachment da Presidente Dilma 
Roussef. Na ocasião, sua mulher Raquel Muniz, deputada, dedicou o voto à integridade moral do 
marido afirmando que “o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós, 
com sua gestão. Por isso eu voto sim, sim, sim”.
Atualmente ele responde a processo, acusado de estelionato, falsidade ideológica, prevaricação e 
desvio e|ou apropriação de recursos públicos.
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