quarta-feira, 29 de março de 2017

OS DELEGADOS MIDIOTICOS E A POS-VERDADE DA PF




Conheci o delegado Igor Romário de Paula em uma audiência de conciliação a que fui obrigado a ir em Curitiba, respondendo a um processo aberto por ele. Amanhã, retorno a Curitiba para outra audiência, agora em uma ação do delegado Moscardi Grillo.
Não por coincidência, são os dois delegados mais midiáticos, disputando protagonismo na mídia, sem nenhum respeito pela sua própria corporação – como se viu no episódio da Carne Fraca – desmerecendo, com seu protagonismo, o trabalho coletivo de colegas.
Na audiência com Igor, apresentei uma proposta de conciliação irrecusável: uma entrevista com ele, a ser publicada na íntegra no GGN. Igor recusou a oferta com tanta rapidez que parecia ter um revólver apontado contra seu peito. Fiquei com a impressão de que ele não é adepto da transparência, escudando-se apenas na mídia que não o questione. 
A resposta dada por ele à denúncia dos advogados de Lula – que acusaram a Lava Jato de vazar imagens do apartamento de Lula, filmados por ocasião da condução coercitiva – dá uma boa ideia da imprudência da PF, de colocar uma operação da envergadura da Lava Jato em mãos tão imaturas. 
Na resposta ao juiz Sérgio Moro, Igor admite que toda operação é filmada através de câmaras colocadas no uniforme dos policiais. Depois, garantiu que nenhum filme vazou para a equipe do filme “PF, a Lei é para Todos”, nem para a imprensa. 
Como vídeos não nascem de geração espontânea, qual a explicação para o fato da equipe de filmagem afirmar ter recebido os vídeos? E que vídeo a revista Veja recebeu, se as únicas filmagens foram da PF? 
Ainda não caiu a ficha da Lava Jato, nem de Sérgio Moro nem de policiais imaturos, como Igor e Grillo. Enquanto a imprensa vociferava a figura do inimigo externo, todos os pecados eram permitidos. Com o inimigo fora de cena, todos os abusos serão reprimidos. E fica claro, para a própria corporação da PF, que o maior inimigo da autonomia da categoria é o deslumbramento de delegados imaturos, que não souberam preservar a sobriedade exigida pelo cargo.

Nenhum comentário: