POR FERNANDO BRITO
O prefeito João Dória Júnior, em sua estratégia “Collor 2” para ser candidato a presidência da República, segue no caminho da radicalização.
E, a meu ver, erra redondamente.
Hoje, fez divulgar um vídeo, pelo seu Facebook, onde vocifera “contra os populistas, que agora, depois de terem destruído o Brasil, têm a cara de pau de dizer que vão voltar para resgatar o Brasil”. E diz que dedica o cabo de vassoura que está segurando – nem é preciso dizer que em mais uma de suas performances – “a esse mentiroso, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior cara de pau do Brasil”.
Dória engana-se redondamente se acha que, com o PSDB a tiracolo e, por isso, provavelmente com Michel Temer de “chumbo astral” vai poder adotar uma estratégia de apresentar-se como “antipolítico”. Ao contrário, está agindo exatamente como é esteriótipo do político e que, qualquer estagiário de marketing eleitoral sabe fazendo uma campanha “contra”, o que já é ingrato quando é contra um governo e mais ainda será se é contra uma pessoa.
Ainda mais com toda tucanagem metida igualmente do barco da Odebrecht.
Também é complicado que, por essa via, possa retomar o naco que Jair Bolsonaro tomou dos tucanos no campo da agressividade: o ex-capitão tem o discurso da brutalidade, do “macho”, do truculento que “resolve na porrada”, figurino que muito se encaixa no “dândi” Dória, mesmo que ele esteja disposto a apresentar-se como um desbocado.
Dória também cria, com sua candidatura já inegável a presidente, mais dificuldades para que Sérgio Moro, com quem tem notória proximidade, posa agir contra Lula e expor-se – embora a cara de pau o permita – como cabo eleitoral do prefeito paulistano.
Mas o que Dória parece ter mais dificuldade em percebe – e hoje ficou evidente – é que a onda de histeria coxinha dá sinais de refluxo. Os garotos do MBL, que há uma semana se apresentaram como seus grandes promotores, estão hoje lambendo as feridas de um fiasco que, aparentemente, não tem como ser revertido.
Marketing, embora já seja um poluente do debate político, não é, ao contrário do que pode parecer aos ingênuos, uma coisa grosseira e explícita, pois assim dura pouco e não atinge seus objetivos.
Quem quer se fazer de herói só por ele o que consegue é revelar-se como um exibido aproveitador.
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