quarta-feira, 22 de março de 2017

Eduardo Guimarães diz que ação contra ele foi 'recado' a todos que divergem de Moro

Ato em desagravo ao blogueiro 
Eduardo Guimarães mobilizou 
grande parte da comunidade 
jornalística. Dudú afirmou ter 
sido vítima vingança do juiz da 
Operação Lava Jato, denunciou 
abusos cometidos e prometeu não 
se calar.

São Paulo – O blogueiro Eduardo
Guimarães, do Blog da Cidadania,
voltou a afirmar que a sua condução
coercitiva, na manhã de ontem (22),
a pedido do juiz Sérgio Moro, foi um
ato de vingança, por suas posições políticas e por ter feito representação contra o juiz, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
em 2015. Ele também afirmou que essa ação não é uma tentativa de calar apenas ele, mas a todos
que divergem das posições tomadas pelo juiz.
"Tenho medo de ter medo. Porque o medo obriga a gente a não falar, a ocultar as coisas que a gente
tem para dizer e, ao fazer isso a gente deixa de defender os valores democráticos e deixa de defender
o direito de expressão", afirmou o blogueiro Eduardo Guimarães na noite de ontem em ato de
desagravo a ele e pela a liberdade de expressão, realizado no Sindicato dos Engenheiros, em São
Paulo, que contou com a participação de jornalistas, representantes de movimentos sociais e partidos
políticos.
"Eu movi uma ação contra ele junto ao CNJ, em 2015, porque abusou do poder dele e encarcerou
uma pessoa por uma semana. Essa pessoa foi exposta em toda a mídia, e ele havia se enganado. Não
era a pessoa certa, mas a imagem dessa pessoa vai ficar por aí para sempre. O CNJ arquivou minha
queixa. Hoje, nesse dia 21 de março, ele me deu razão, ele abusa do poder que tem", explicou
Eduardo, que afirmou que o juiz Sérgio Moro parece acreditar que é um super-herói, assim como o
retratam em veículos e comunidades de direita.
"Isso é muito perigoso para todos nós. O regime está endurecendo", ressaltou Guimarães, que
comparou o atual momento vivido pelo país com os anos entre 1964 e 1968, quando o golpe já havia
sido dado pelos militares, mas o regime ainda não tinha endurecido, como ocorreria a partir do AI-5,
que desencambou para a tortura e repressão aberta.
Eduardo Guimarães, assim como o jornalista Renato Rovai, ressaltaram que os protestos contra a
ação arbitrária promovida contra ele e as manifestações de solidariedade vieram até mesmo de 
jornalistas da grande imprensa. Ele também relatou telefone que recebeu do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que comparou a ação arbitrária sofrida pelo blogueiro àquela vivenciada por
ele, em março do ano passado, também levado para depor de maneira coercitiva, em outra ação
pirotécnica da PF.
O ator Sérgio Mamberti também comparou o ocorrido com os anos de chumbo da ditadura, em
especial o caso envolvendo o jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, morto nas dependências do DOI-
Codi, em outubro de 1975, após ter sido intimado para depor.
"Quem sofreu com a ditadura sabe que esse processo que está instalado no Brasil é um processo
ilegítimo, golpista e ditatorial. Eu era muito próximo do Vladimir Herzog. Ele foi levado da mesma
maneira, para testemunhar – a única diferença era que era um general – foi levado coercitivamente.
Também chegaram de madrugada, quando levaram o Vladimir. No final da tarde, entregaram o
cadáver dele."
Já o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues
comparou as ações contra Eduardo Guimarães aos abusos cometidos pela polícia, que adentraram a
Escola Florestan Fernandes sem qualquer amparo legal. "Tenho certeza, como se diz lá na roça, que
a gente só joga pedra em árvore que dá fruto. Conte com as foices do MST."
O jornalista Rodrigo Vianna também fez duras críticas às ações de Sérgio Moro. "Esse juiz que veste
camisas negras, que é um privilegiado, que ganha acima do teto constitucional. Um sujeito que
divulga telefone de presidente da república, que divulga conversas pessoais da ex-primeira-dama, um
sujeito que vai a encontro com políticos do PSDB e fica dando risada e falando no ouvido do Aécio,
isso não é um juiz faz tempo. Isso é um justiceiro. Um cara que vai no Facebook e pede apoio
popular, é um justiceiro de filme de bangue-bangue, e é assim que temos que trata-lo."
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