terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

JUIZECO PROÍBE GRAVAÇÃO DA AUDIÊNCIA E ENQUANTO TESTEMUNHAS DESMONTAM A ARMAÇÂO DO TRIPLEX ELE INSISTE EM INDUZIR A ACUSAÇÂO


Jornal GGN - A seccional do Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR)
considera que a gravação de uma audiência sem autorização prévia é um direito das
partes envolvidos no processo, e que nenhum juiz pode proibir a prática, já que o
servidores públicos só podem agir baseado em determinação expressa em lei. 
Alexandre Quadros, presidente da Câmara de Prerrogativas da Ordem, diz que a
proibição de gravação não existe no ordenamento jurídico brasileiro. Na semana
passada, o juiz federal Sergio Moro afirmou que “nenhuma parte tem direito de gravar
áudio ou vídeo da audiência sem autorização expressa deste juízo”. 


Em fase de audiências de testemunhas, o juiz Sérgio Moro, da Vara Federal de Curitiba,
ouviu nesta segunda-feira (13) outros depoentes do caso do triplex do Guarujá. A
exemplo do que ocorreu até agora, todas as testemunhas desmontaram a denúncia da
Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Moro, a defesa de Lula afirmou que o questionário ao ex-presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, eram "perguntas de um inquisidor, e não as perguntas de um juiz". Os
advogados interromperam o magistrando quando ele estava induzindo a testemunha a
afirmar que a escolha da diretoria internacional da estatal, em 2008, foi uma indicação
política. Mas Gabrielli apenas afirmou que foi uma decisão do Conselho Administrativo e
que lá não se discutia questões partidárias.
A atuação de Moro teve início quando Gabrielli negava as teses dos investigadores da
Lava Jato de Lula teria influência no esquema de corrupção. Contou que a uma
reestruturação já estava sendo pensada na Petrobras e que ficou sabendo que a
indicação de Jorge Zelada por Nestor Cerveró era do PMDB apenas por meio da
imprensa. Mas Moro insistiu:
Advogado: Há um limite excelência.
Moro: Eu estou fazendo as perguntas.
Advogado: Vossa excelência está insistindo.
Moro: Eu estou fazendo as perguntas, doutor. Não estou induzindo a testemunha.
Advogado: É a quinta pergunta. Ele já respondeu.
Moro: Eu ouvi pacientemente as perguntas da defesa e do Ministério Público, eu estou fazendo as minhas perguntas. Certo?
Advogado: Mas as suas perguntas são as perguntas de um inquisidor, e não as perguntas de um juiz.
Moro: Doutor, respeite o Juízo.
Advogado: Vossa excelência respeite então a ordem processual.
Moro: respeite o juízo.
Em seu relato, o ex-presidente da estatal falou sobre a construção da Refinaria Abreu e
Lima, em Pernambuco, e disse que as conversas que teve com Lula foram "sempre no
plano da importância da Petrobras para o Brasil", com o objetivo de "ter a melhor gestão
possível para alcançar os objetivos definidos".
Ressaltou o governo do ex-presidente para o avanço econômico da companhia: "afirmou
que a Petrobras teve um crescimento exponencial durante o governo Lula e que a Laja
Jato comprometeu a operação e a saúde financeira da empresa. Afirmou que a
companhia, após a venda das ações em 2000, apurou seus mecanismos de controle,
dispondo de um Conselho de Administração, auditoria interna e externa, ouvidoria e
segurança interna", relatou em nota a defesa de Lula.
Gabrielli também negou que o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, tenha acordado com o ex-presidente Lula em desvios de valores. "[Paulo Roberto
Costa] não demonstrava nenhum comportamento que ele veio a confessar. Era uma
pessoa pacata, cumpridora de seus deveres e não demonstrava nenhum comportamento
ilícito, como veio a confessar", disse.
A mesma manifestação foi em relação a Nestor Cerveró: "Acho que ele dificilmente teria
acesso ao Lula. Nunca mencionou nenhum contato com Lula", disse Gabrielli, que repetiu
as mesmas palavras sobre uma relação de Pedro Barusco e o ex-presidente. Por fim, ao
mencionar sobre influências políticas na escolha de diretores da Petrobras, o ex-
presidente da companhia citou que isso ocorre desde a fundação da empresa, em 1953. 
Além de Gabrielli, também prestaram depoimento o ex-ministro de relações
institucionais do governo Lula, Jaques Wagner. Ele detalhou sua atuação na equipe
ministerial da gestão petista e disse desconhecer origens ilícitas para a suposta
manutenção de Lula de sua base parlamentar, como sustentam os investigadores no
processo.
"À exemplo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso (9/2), Gabrielli e Wagner, em
seus depoimentos, mostraram que a ampliação da base aliada parlamentar no governo
Lula seguiu exatamente os mesmos parâmetros de outros governos", narraram os
advogados de Lula.
Do lado da OAS, foram ouvidas testemunhas do ex-presidente da área de Investimentos,
Fabio Yonamine, que também é réu na mesma ação penal. O administrador de empresas
da construtora, Daniel Cardoso Gonzalez, disse que "nunca presenciou nada do tipo"
sobre o triplex ou a reforma que supostamente era destinada a Lula em troca de favores.
O advogado Adriano Cláudio Pires Ribeiro, da área jurídica da construtora de 2007 a
2013, ainda negou saber que um triplex no Guarujá seria entregue a Lula por troca de
favores ou vantagens indevidas. Tendo atuado no setor, detalhou toda a operação
financeira feita pela OAS para assumir os empreendimentos da falida Bancoop, com
análises de viabilidade jurídica, as possibilidades de rentabilidade da construtora. 
Também desmontou toda a denúncia contra Lula, ao afirmar que a falecida esposa de
Lula, Dona Marisa, não optou pelo empreendimento, e que à OAS essa escolha não
interferia, uma vez que já havia preenchido 90% de consentimento dos demais
compradores, garantindo assim a sustentabilidade da construção do edifício. Confirmou
que a relação dos cooperados era com a Bancoop e não com a OAS, podendo receber o
dinheiro investido de volta.
"Esse depoimento se soma a outros já prestados para mostrar que é fantasiosa a
acusação do Ministério Público Federal de que D. Marisa teria comprado uma cota da
Bancoop, em 2005, já sabendo que a OAS iria assumir o empreendimento Mar
Cantabrico (atual Solaris), em 2009, e iria lhe entregar uma unidade diversa daquela
relacionada à sua cota e às contribuições por ela realizadas", informou a defesa de Lula
em nota.
Outra testemunha, o engenheiro da OAS empreendimentos desde 2010, Genésio da Silva
Paraíso, e que cuidou dos pagamentos à Talento - empresa que fez a reforma no
apartamento 164-A, apontado pela Lava Jato como do ex-presidente e da ex-primeira-
dama -, disse que o contrato foi de procedimento padrão, sem irregularidades. 
Genésio confirmou que as reformas foram feitas quando o ex-presidente surgiu como
possível cliente do empreendimento, mas negou que ocorreram com ilegalidades.
Também afirmou nunca ter ouvido falar de um caixa geral de propinas na OAS, destinada
a isso. 
Assista ao posicionamento do advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins:

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