sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

CLIMA DE 1964



Não falta mais nada para lembrar o clima de 1964.
O governo do Espírito Santo acabou de anunciar ultimatum à PM: ou o motim acaba às seis da
manhã de hoje ou dará início aos trâmites para “restabelecer a ordem”.
Na minha interpretação isso quer dizer que se o ultimatum não for obedecido as tropas do Exército 
que se encontram no estado receberão ordem de invadir os quartéis.
As consequências desse confronto, se houver, são imprevisíveis.
E podem repercutir em todo o país, já que em alguns estados a PM ameaça imitar o motim do 
Espírito Santo.
Essa madrugada ninguém vai dormir em Brasília.
No dia 25 de março de 1964 marinheiros liderados por Cabo Anselmo, anos depois identificado 
como agente provocador e dedo-duro responsável por dezenas de mortes de opositores da ditadura,
se reuniram na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro para exigir melhoria da 
alimentação a bordo dos navios e dos quartéis. Tal como os PMs exigem melhoria dos salários.
O ministro da Marinha, Silvio Mota, mandou uma tropa de fuzileiros prendê-los, mas eles 
desobedeceram à ordem com apoio do seu comandante, o contra-almirante Cândido Aragão e 
aderiram ao motim.
O presidente João Goulart teve de interceder, tão grave a crise ficou, proibiu as tropas de invadir o 
Sindicato dos Metalúrgicos e o ministro da Marinha pediu demissão.
No dia 26 de março, os marinheiros foram presos e conduzidos a um quartel, mas Jango resolveu 
anistiá-los, dando pretexto para os militares o derrubarem seis dias depois.
O enredo é parecido ao de hoje. Se as tropas receberem ordem de invadir os quartéis vão obedecer 
ou também vão se amotinar?
A diferença é que o motim de 1964 não provocou as mais de 100 mortes como ocorreu em 
decorrência do motim da PM do Espírito Santo.
Marx vaticinou que a história não se repete, senão como farsa.
Daqui a pouco veremos se ele estava certo.
___________________________________________________

Nenhum comentário: