sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

“REPUBLICANO”, EIKE DOOU A SERRA, MARINA, DEM, GABEIRA, PT E CRISTOVAM; POR FORA, JUIZ DIZ QUE FORAM U$ 16 MILHÕES A CABRAL



Como eu fazia? Eu fazia, muito no espírito democrático –como meus projetos eram grandes, eu estava em todos os Estados — (…) eu participei praticamente desde 2006 com o mesmo volume de recursos — um milhão de reais — para PT, PSDB… Isso daqui a gente deixa aqui [lista de doações]. Eike Batista ao depor na Operação Lava Jato
Desculpe interromper, mas só para deixar claro: várias dessas pessoas que receberam doações do Eike, ele nunca viu. Ele nunca procurou políticos. Eu posso falar do senador Cristovam Buarque, que o Eike nunca esteve com ele. Ele pode confirmar. Eike fez doações em caráter republicano. Advogado de Eike, na mesma ocasião

Doações eleitorais de Eike beneficiaram 13 partidos  - Dados 
do TSE apontam repasses de R$ 12,6 milhões de Eike a 
campanhas

POR EDUARDO BRESCIANI, em O Globo


BRASÍLIA – As doações eleitorais do empresário Eike Batista, que teve a prisão determinada pela Justiça nesta quinta-feira, mostram o trânsito dele por diversos partidos. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eike destinou, entre 2006 e 2012, R$ 12,6 milhões a políticos e diretórios regionais de 13 partidos em oito estados.
Em depoimento à Força Tarefa da Lava-Jato em maio, Eike admitiu ter feito pagamentos ao casal João Santana e Mônica Moura a pedido do ex-ministro Guido Mantega por despesas de campanha do PT, mas disse que todas as demais doações feitas foram “oficiais”. Sua defesa destacou, na ocasião, o caráter “republicano” da contribuição.
As doações abrangem as campanhas presidenciais de 2006 e 2010. Eike doou R$ 1 milhão para o comitê financeiro do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e R$ 100 mil para Cristovam Buarque (então no PDT, hoje no PPS).
Quatro anos depois, quando já era o homem mais rico do Brasil, Eike fez transferências de R$ 1 milhão para os comitês de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e de R$ 500 mil para o de Marina Silva (então no PV, hoje na Rede).
Os partidos que receberam recursos foram PT, PMDB, PSDB, PP, PSD, PSB, DEM, PR, PDT, PV, PCdoB, PTB e PTC.
Os estados dos políticos são Rio, Minas Gerais, Santa Catarina, Maranhão, Ceará, Mato Grosso do Sul, Amapá e o Distrito Federal.
A maior parte das doações (R$ 12,1 milhões) foram feitas por Eike como pessoa física. Somente em 2012 ele se valeu de uma das empresas, MMX Mineração, para fazer repasses totalizando R$ 500 mil.
Algumas doações foram feitas diretamente para candidatos. O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso desde novembro e acusado de ter recebido propina de Eike, registrou uma contribuição de R$ 750 mil do empresário para sua campanha à reeleição, em 2010.
Há ainda repasses declarados para os ex-governadores André Puccinelli (PMDB-MS), de R$ 400 mil em 2006, e Luiz Henrique (PMDB-SC), este já falecido, de R$ 200 mil.
Cristovam Buarque, que tinha recebido R$ 100 mil em sua campanha presidencial em 2006, obteve o mesmo valor quatro anos depois em sua campanha para o Senado.
Em depoimento de Eike de maio passado, o caso foi usado para justificar o caráter republicano de suas doações porque o empresário disse que nem o conhecia quando da primeira contribuição.
O senador cassado Delcídio Amaral (sem partido), que já foi preso e se tornou delator na Lava-Jato, foi beneficiário de doações de Eike em 2006 e 2010, totalizando R$ 900 mil.
O deputado Vander Loubet (PT-MS) recebeu R$ 400 mil em 2006. Também receberam contribuições de forma direta o deputado estadual Paulo Melo (PMDB-RJ), R$ 100 mil em 2010, e os ex-deputados Zé Fernando (PV-MG), R$ 50 mil em 2006 e Dalva Figueiredo (PT-AP), R$ 30 mil no mesmo ano.
Em 2008, Eike repassou recursos de forma direta às campanhas de Eduardo Paes (PMDB-RJ), R$ 500 mil, Fernando Gabeira (PV-RJ), R$ 100 mil, e Márcio Lacerda (PSB-MG), R$ 400 mil, além de ter destinado R$ 100 mil para dois candidatos da cidade de Conceição do Mato Dentro (MG), onde o empresário atuou na área de mineração.
REPASSE A PARTIDOS
A maior parte dos repasses, porém, foi feita por meio de diretórios e comitês. Eike destinou, em 2010, R$ 100 mil à direção nacional do DEM. Na época, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, era o presidente do partido.
No mesmo ano, foram repassados R$ 300 mil à direção nacional do PCdoB, que já era comandado pelo atual presidente Renato Rabelo.
DEM e PC do B não tiveram candidatos a presidente da República em 2010 e a legislação não obrigava a identificar para qual campanha foram destinados os recursos.
O empresário fez ainda mais uma doação a um comitê nacional. Em 2012, a MMX mineração repassou R$ 100 mil para o PMDB nacional, presidido na época pelo senador Valdir Raupp durante licença do presidente Michel Temer.
Também neste caso não há identificação do destino final da contribuição.
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As demais contribuições foram feitas para diretórios regionais. Em 2006 foram beneficiados o PMDB do Rio, que era comandado por Sérgio Cabral e recebeu R$ 400 mil, o PFL (atual DEM) do Maranhão, que tinha à frente a ex-governadora Roseana Sarney e obteve R$ 1 milhão, o PSB cearense, comandado então pelos irmãos Ciro e Cid Gomes e que ficou com R$ 200 mil, o PSB do Amapá, liderado por João Capiberibe e que captou R$ 200 mil, e o PDT do Amapá, que é comandado até hoje pelo atual governador Waldez Góes e recebeu na época R$ 200 mil.
Em 2010, as doações beneficiaram o PT de Mato Grosso do Sul, comandado por Zeca do PT e que recebeu R$ 500 mil, o PR fluminense, que tinha Anthony Garotinho à frente e recebeu R$ 200 mil, o PMDB maranhense, de Roseana Sarney, que ficou com R$ 500 mil, e o PT catarinense, da ex-ministra Ideli Salvatti, que recebeu R$ 300 mil.
Em 2008, ano de eleições municipais, Eike fez repasses de R$ 100 mil ao comitê do PDT de Macapá (AP), que tinha Roberto Góes como candidato, e de R$ 500 mil ao PMDB do Rio, representado por Eduardo Paes na disputa da prefeitura.
Em 2012, foram repassados R$ 400 mil pela MMX a diretórios mineiros de oito partidos (PMDB, PSDB, PSD, PSB, DEM, PP, PTB e PTC). Neste caso, não houve a identificação de em quais cidades os recursos foram empregados.

PS do Viomundo: Por fora, a Sérgio Cabral, segundo denúncia apresentada hoje, Eike Batista transferiu U$ 16,5 milhões a título de comprar uma mina de ouro. Ou seja, a delação do empresário vai dar o que falar…

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